segunda-feira, 26 de março de 2007

UMA LUZ DE ESPERANÇA? OU DE RECEIO?

Quem costuma ler os meus textos com assiduidade já se deve ter apercebido de que procuro ser sereno, racional, sem me deixar dominar por entusiasmos fáceis, evitando conflitos, radicalismos e extremismos, procurando sempre o império do bom senso, através da compreensão e do diálogo calmo. Mas também tenho dito que, dado o desgoverno da sociedade que, por motivos vários, tem sido anestesiada, permanecendo numa modorra, em que predomina a indiferença, a apatia e o desleixo, torna-se necessário um abanão que a faça acordar e passar a utilizar os neurónios individuais, resistindo a manipulações exteriores. Uma análise sem nada de profética conduz à conclusão de que as próximas gerações, depois de acusarem os seus pais e avós do estado degradado em que recebem o País, hão-de restaurá-lo, certamente à custa de actos disciplinadores, didácticos, moralizadores, que poderão atingir alguma violência e repressão.

Hoje, ao folhear um diário, reparei, de passagem, numa notícia sobre a intenção de estudantes universitários da extrema-direita liderarem as associações académicas. Se, por um lado, é uma luz de esperança para o restaurar da cidadania, o acordar da sociedade, o consciencializar da juventude para a sua responsabilidade de preparar o Portugal do futuro, por outro lado, causa preocupação e receio o adjectivo «extrema». Mas, sem exaltação nem expressões inconvenientes, os responsáveis políticos devem reflectir sobre a situação actual da sociedade e o significado desse movimento. Em vez de reagirem considerando-se ameaçados, devem rever os seus comportamentos e atitudes, com vista à sua evolução no sentido da modernidade e deixarem de se manter arreigados aos seus métodos habituais, como «velhos do Restelo» ou «botas de elástico». Aquilo que podia estar certo (se é que esteve) ontem não o estará obrigatoriamente amanhã.

É preciso muito bom senso (coisa rara nos políticos), aceitar as realidades, os ventos da história, as reacções lógicas dos jovens, e contribuir para que estas possam evoluir no melhor sentido do desenvolvimento da sociedade, sem solavancos nem actos falhados. Já estamos fartos de avanços e recuos, como os dos ministros da Saúde, da Educação, dos Negócios Estrangeiros, e outros.

Também muito sintomático, no mesmo sentido da necessidade de recuperar o culto de valores éticos e cívicos, ultimamente tão esquecidos, é o resultado da votação para o «melhor português». Concorde-se ou não, são números a ter em consideração, em qualquer análise do estado de espírito da actual sociedade portuguesa, e, democraticamente, merecem, tanta consideração como os que deram a vitória ao Partido Socialistas nas últimas eleições legislativas. A voz do povo não deve ser respeitada numas circunstâncias e rejeitada noutras. O Poder não pode passar ao lado daqueles resultados sem deles tirar as devidas ilações,. (vejam-se os comentários a um post em A VOZ DO POVO sobre este concurso da RTP1)

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