domingo, 22 de abril de 2007

Incapacidade de planear e racionalizar

O artigo no Jornal de Notícias de hoje, de David Pontes, com o título «Um metro aos solavancos» fez-me recordar o post Governo sem bússola nem leme? e meditar nos fabulosos custos provocados pelo pára-arranca de muitos projectos e reestruturações que avança e recuam, devido à ausência de um completo, sério e isento estudo do problema que preceda a decisão que deveria ser seguida de um planeamento de cada fase da execução, por forma a reduzir substancialmente erros, indecisões, desvios e recuos.

A propósito do metro do Porto o autor afirma que «temos de concluir que «a geografia, o planeamento urbano, a gestão de transportes, são ciências desconhecidas dos nossos responsáveis políticos, incapazes de olhar para o mapa e determinar quais são as ligações que melhor servem os interesses da população e o desenvolvimento da área metropolitana»

Admite, muito sensatamente, que no decurso da obra haja margem para discussão sobre alguns aspectos, mas quanto a questões essenciais, como a prioridade de Gondomar, não é admissível que não estivessem resolvidas com base em estudos técnicos imparciais em vez de servirem agora como arma de arremesso em jogos políticos. Mas, infelizmente, os factores mais valorizados pelos políticos raramente são benéficos para os interesses do Pais, pois, no meio das confusões entre o "calendário" do Governo, que pretendia ter um acordo para coroar a vinda de Sócrates ao Porto, e as hesitações dos autarcas da Junta Metropolitana acaba por ninguém saber para onde vai o metro. «Há muito que deveria estar planeado para não poder encravar.»

«O que aqui se diz para o metro é, em parte, também verdade, para a Ota e o TGV. Se queremos ultrapassar a nossa proverbial incapacidade de planear e racionalizar, devemos perceber que há áreas em que era melhor os políticos darem um passo atrás e cederem o lugar aos técnicos. Se claramente os eleitos não lutam por programas sufragados pelos técnicos, antes vão mudando os mapas ao sabor do episódio político do momento, temos todo o direito de pensar que não é o interesse público que os guia.»

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