quinta-feira, 21 de junho de 2007

Suspeições intoleráveis

Transcreve-se do Diário de Notícias, este texto que representa grave irresponsabilidade do funcionário da Justiça que fez sair a notícia do dossier em que devia permanecer guardada em segredo. Num desabafo no bom estilo maldizente do povo descontente, poderia dizer-se : neste País nem a Justiça funciona bem.

Fonte ligada à investigação do escândalo Portucale fez chegar ao JN elementos que envolvem, através da escuta de conversas telefónicas, três membros do actual Governo e uma figura destacada do PS. A notícia não entra em transcrições nem em citações, mas não permite dúvidas: altos quadros do BES, falando entre si, asseguravam que tudo estaria sob controlo, depois das diligências junto do Executivo recém-empossado.

De uma só penada, forças com acesso directo a esta investigação lançam na opinião pública a suspeita de actuação à margem da lei sobre um quinto dos actuais governantes. Se atendermos às pastas de cada um e às que valeria a pena pressionar, o leque de suspeitos decresce notoriamente.

Para o cidadão comum isto tem de ser intolerável.

Intolerável que, no decurso deste tipo de instrução de processos de práticas de tráfico de influências e de corrupção entre decisores do Estado e mundo dos negócios, se divulguem peças processuais para chantagear um sector, desviar a atenção de outro sector ou, ainda, sabotar a investigação, no seu conjunto.

Intolerável que paire no ar a suspeição sobre o bom-nome de um grupo muito restrito de possíveis suspeitos, sem que se nomeie directamente os visados e sem que se apure se há correspondência entre os desejos expressos ao telefone e as realidades da decisão política. E não se poderia, aliás, neste momento processual, esclarecer qualquer destas dúvidas.

Esta utilização dos processos à luz de interesses que não os da própria administração da justiça e da defesa dos direitos dos cidadãos envolvida não é justa nem é saudável. De novo.

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