sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Cuidado com as palavras

Enquanto esperava a reunião do pequeno grupo de amigos para o almoço passei os olhos pelos títulos de alguns jornais, sem me afundar no teor dos artigos porque entretanto conversava e o tempo não o permitia. Deparei com esta frase que me arrepiou «Bush quer reforçar o orçamento para a OFENSIVA no Iraque».

Que Bush não tem sido nada feliz na sua intenção de tornar a América ainda mais poderosa é reconhecido interna e internacionalmente. Falta de senso, má escolha de colaboradores para os lugares mais decisivos e péssima avaliação das situações sobre as quais tem de tomar decisão, tudo isso tem feito parte da salada que o levou ao fracasso.

Mas, santo Deus, falar em continuar a OFENSIVA, já começada há mais de quatro anos, com resultados trágicos para todas as partes, ou é má tradução ou desconhecimento do significado das palavras. A OFENSIVA devia ter sido considerada terminada após a destituição de Saddam. A seguir, devia falar-se de pacificação dos ânimos, justamente exaltados, e da reconstrução de um país traumatizado entre a retirada forçada do ditador violento e a necessidade de paz e de reconstrução daquilo que foi danificado e daquilo que precisava de renovação e de modernização.

É aceitável que a América se disponha a investir muito nesta fase de PACIFICAÇÃO e de RECONSTRUÇÃO, mas nada de falar de OFENSIVA. Esta palavra poderá aparecer nas bocas de grupos nacionalistas das diversas tribos mas não na do ocupante. Os diplomatas e os representantes de países responsáveis devem pesar muito bem as palavras que empregam.

A força e a importância das palavras justificam que se lhes dê atenção. É para isso que tem sido chamada a atenção em posts recentes em:
- A Voz do Povo, nos posts: «A arte de calar» e «O poder das palavras»,
- Sempre Jovens, no post «Vamos semear a vida com as palavras»

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Pontapés na gramática

No jornal «Semanário» de hoje, na página 7, um artigo de página inteira assinado pelo director tem um erro crasso no título. Será que o autor do erro foi o director? Se foi, é pena que isto tenha acontecido. Se não foi, deve «puxar as orelhas» ao ignorante que o deixou nesta posição de vergonha. «À espera» não deve escrever-se «há espera», porque não se trata de um tempo de verbo haver. Um erro destes num título é demasiado gritante para passar despercebido, embora seja um erro frequente mas no sentido contrário, a ausência do «h» quando ele é necessário.
Transcreve-se o título, o início e o fim do artigo, onde seria provável que surgisse uma ideia que pudesse justificar o «h». Mas nada nos conduz a ele.

Há espera que Sócrates exija mais de si próprio
por Rui Teixeira Santos
2007-08-30 23:29

O que vamos ver na rentrée deste fim-de-semana é se a direita tem discurso, tem alternativa, entende verdadeiramente o país ou se mais uma vez deixa todo o espaço a José Sócrates e ao governo socialista.
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Com uma oposição pior que ele e sem exigência interna, que fará Sócrates por seu lado nesta rentrée? Ocupará o discurso alternativo, será ele mesmo a alternativa de si próprio?
O que parece evidente é que se não fizer nada, rapidamente será confrontado com a pressão externa da Europa para o fazer. Como acontece na Economia, provavelmente iríamos empurrados, á boleia dos europeus. Mas, nesse caso, seríamos sempre pobres, condenados a ser os mais pobres da Europa.
Enfim, se as oposições não são capazes de exigir mais do governo, resta-nos, a nós, apenas, esperar que José Sócrates exija mais de si próprio.

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quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Corrupção em vários níveis

No blog «portucalactual» é referido um extenso artigo no «euobserver» em que é dito que os homens de leis europeus querem ver o Presidente da Comissão Europeia arguido por um escândalo envolvendo fundos do PSD, algo como ser abrangido por uma investigação criminal pelo PGR. Acrescentam que isto não pode ser limitado a um caso interno, pois põem em causa a sua integridade e independência.


A autora do blog diz que «É isto que me aborrece! Este senhor é que devia explicar a historinha da SOMAGUE, tim-tim por tim-tim... Mas só lá fora é que dão conta disto... Será que em Portugal anda tudo a dormir? Ou este senhor "cherne " por terras lusitanas é "intocável"?»

Este caso vem na sequência da acção insidiosa do poder económico, «investindo» na pressão assediante sobre os políticos com poder de decisão. Este político, já quando era PM de Portugal recebeu o presente de um empresário português de umas férias numa ilha do Brasil com transporte em avião privado. Mais tarde, já nas suas actuais funções, foi presenteado com um cruzeiro num iate de um empresário grego. Ambos os casos foram objecto de artigos da comunicação social e o citado respondeu a perguntas de jornalistas, dizendo que se tratava de acções simpáticas de amigos de longa data, o que não fez apagar a dúvida de tais acções não terem tido antecedentes e de serem efectuadas num momento adequado ao investimento das respectivas empresas.

Em 9 de Janeiro de 2003, foi publicada, no Jornal de Notícias a seguinte carta

Pequena e grande corrupção

Há alguns anos, um cidadão justificava a sua escusa de participar como jurado num julgamento, dizendo que, desde pequeno, lhe doía a cabeça, sempre que pensava.

Felizmente, vou correndo o risco de enfrentar essa causa de sofrimento. Há dias, a propósito de notícias dos órgãos da comunicação social, um grupo de amigos conversava sobre corrupção. Tudo o que ouvi fez-me reflectir e julgo poder concluir que a corrupção existe quando um indivíduo, numa posição de poder (desde o porteiro da autarquia até ao mais alto governante) recebe «atenções» de um cidadão que, no momento ou a prazo poderá vir a usufruir benefícios desse acto «generoso».

Normalmente, distingue-se o corruptor activo (o que deu a «atenção» ao indivíduo no poder) do corruptor passivo (o indivíduo que recebeu a «atenção»). Porém, há excepções, como a publicitada, há poucos anos, nos jornais em que o tribunal condenou dois corruptores activos, sem que viesse a ser acusado o corruptor passivo. Eles corromperam quem?

Os efeitos da corrupção podem ser imediatos ou diferidos, sendo estes mais discretos e considerados um investimento. Imediato, é o acto traduzido, por exemplo, no perdão da multa pelo agente fiscalizador em troca de umas dezenas de euros. Diferido, ou a prazo, é o acto que consiste em o restaurante não cobrar o almoço do agente policial, ou na oferta pelo Natal de um peru, um garrafão de azeite ou de vinho, ou uma garrafa de whisky, ou a oferta de uma viagem em jacto privado, ou de férias numa ilha tropical, ou o fim de semana num hotel de luxo, etc.

Como não há almoços grátis, as «atenções» do corruptor activo acabarão por ser um investimento rentável, recompensado pelas decisões favoráveis do corruptor passivo.

A corrupção é diferente do marketing. O desconto dos saldos, a agenda ou o calendário, ou a amostra de perfume distribuído pelos potenciais clientes não obrigam este a retribuir o favor, não criam dependência, não restringem a liberdade, não prejudicam qualquer instituição pública.

Enfim, quando se pensa em corrupção não se pode focar a atenção apenas nos agentes policiais, e deve encarar-se os dois aspectos passivo e activo. Pois é! Pensar faz doer a cabeça. No mínimo, dá sensação de angústia.
A. João Soares

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Os assistentes individuais

Da autoria de Espectadora atenta, publicado no blog Potucalactual

O recrutamento de um assistente individual para cada um dos 230 deputados poderá implicar à Assembleia da República (AR) uma despesa mensal entre cerca de 300 e 500 mil euros. Ou seja, entre 4,6 e 7 milhões de euros por ano.

O novo cargo, que poderá ser criado já a partir de meados de Setembro, não implica, como ficou consagrado na lei, um aumento da despesa global com a actividade parlamentar, mas, para ser implementado, exigirá a obtenção de poupanças financeiras noutras áreas de funcionamento da AR. O diploma com as alterações ao estatuto do deputado, que permite a criação do assistente individual, foi publicado em Diário da República na última sexta-feira e estabelece que os encargos com a aplicação desta medida sejam “satisfeitos pelo orçamento da AR, salvo determinação legal especial”. O presidente do Parlamento já disse que a contratação destes assistentes “não pode ser feita com recurso ao aumento do orçamento da AR”, até porque “o Orçamento da Assembleia não pode ter uma expansão superior à do Orçamento de Estado em termos de despesa pública e de despesas com pessoal”.

Enquanto o poder de compra de alguns Portugueses (classe média , média baixa e baixa) vai diminuíndo de dia para dia, a classe política beneficia os seus conhecidos e partidários. Se os deputados têm tempo para adormecer na assembleia, para tratar dos seus assuntos particulares e tudo mais, precisam de assistentes para quê? As contratações serão feitas como? Qual será o factor mais importante? O factor "C" Cunha, Familiar ou Tacho? Quando é que estes senhores vão ganhar vergonha na cara e começar por dar o exemplo quando pedem para "apertar o cinto"???

Posted by Espectadora Atenta

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terça-feira, 28 de agosto de 2007

Abortos fora dos hospitais.

Notícia de hoje do JN «Aborto fora de hospitais a partir de Setembro» é um pouco surpresa e um pouco sinal e bom senso. Já não podemos acreditar em nada que tenha algo de política, mas esta promessa parece ser mais um recuo do ministro da Saúde. Se assim for, não lhe terá sido alheia a onda de reparos feitos pela população através das poucas vias de que dispõe e da mordaça e da ameaça impostas pelo Governo. Muitos blogs, incluindo este, se manifestaram contra a leitura abusiva que o Governo fez do referendo, mesmo que este tivesse sido incontestadamente válido. Dos posts aqui inseridos, deixo aqui os links, A, B, C e D.

É de esperar que o Governo também deixe de financiar, com o dinheiro de todos nós, essa realização de caprichos de mulheres sem qualidades maternais, ignorantes e desleixadas, que não foram capazes de utilizar de forma adequada os meios anticoncepcionais existentes. Não se trata de um problema de saúde, pois nem o espermatozóide é um vírus, nem a gravidez é uma doença, nem o feto é um cancro. O referendo era bem claro pois destinava-se a que se deixasse de considerar crime o aborto até à décima semana e que esse devia ser praticado em instituição adequada, isto para não serem julgadas as abortadeiras e para estas não porem em risco a própria vida ao abortarem às escondidas em locais de higiene duvidosa como garagens e sótãos.

Oxalá este recuo (mais um!) do ministro da Saúde não fique a meio, e reponha a moralidade (na medida do possível!) e a legalidade, ou legitimidade, em consonância com a letra do referendo e não desbarate o nosso dinheiro.

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Portugal, País exíguo?

Madrid está a levar muito a sério a hipótese de o grupo independentista basco, ETA, ter uma base em território nacional. A vinda a Lisboa de Baltasar Garzón para discutir a equipa luso-espanhola que vai investigar a presença da ETA em Portugal vem confirmar a posição de Espanha. Este juiz espanhol, que ganhou fama internacional com o mandado de detenção contra o ditador chileno Augusto Pinochet, possui vasta experiência no combate ao terrorismo, tanto basco como de origem islamita. A imprensa diz que esta cooperação poderá favorecer o lado português, menos habituado a estes desafios.

Não há muito tempo que as polícias inglesas pressionavam as portuguesas nas pesquisas sobre o desaparecimento de uma criança de entre muitas outras a quem não foi dedicado um milésimo do esforço que esta mereceu, devido a essas pressões britânicas.

Estas duas ingerências em assuntos internos portugueses com o argumento de que se trata de uma ajuda para suprir deficiência nacionais, faz recordar o conceito que entre muitas outras coisas aprendi nos escritos e nas conferências de Adriano Nogueira já aqui citado. Refiro-me ao conceito de «estado exíguo». Parece que somos considerados um mini Estado sem capacidade para fazer face a todas as suas obrigações.

Será esta ingerência espanhola um primeiro passo para concretizar a profecia de José Saramago acerca do Iberismo? Nada acontece por acaso, e no blog Mentira há um post que antecipa esta visão preocupante que deve fazer dar voltas no túmulo a Afonso Henriques, Nuno Álvares Pereira e João IV.

Sobre este tema, são muito eloquentes as seguintes notícias de hoje:
A união luso-espanhola contra a ameaça da ETA
Baltasar Garzón quer vir a Portugal investigar ETA
SIS assegura não haver sinais de instalação da ETA no país

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segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Soberania, Povo e Estado

Ultimamente tem-se ouvido citar estes conceitos de forma pouco consentânea com o seu significado ortodoxo. Cada um tem o direito de ter a sua ideia, mas quando se comunica, é necessário utilizar significados correntemente aceites. E reflectindo nesses significados, verificamos que há muita gente a levantar poeira que dificulta a visão dos demais. Seguem-se umas ligeiras reflexões que bem merecem ser mais aprofundadas.

Quando se fala em soberania quer-se dizer a autoridade suprema do poder político do Estado ou Nação, sendo o Estado a Nação politicamente organizada, num território bem definido e reconhecido internacionalmente. Segundo a maioria das teorias da ciência política, a soberania nacional é a que corresponde ao povo, do qual emanam todos o poderes do Estado, ainda que sejam exercidos por via da representação.

Por Nação entende-se o conjunto de indivíduos que constituem uma sociedade cimentada por uma cultura de comunhão e de tradições em que a identidade de língua, de religião ou de etnia são importantes, embora não imprescindíveis. Trata-se de indivíduos unidos por uma consciência nacional de interesses, necessidades e aspirações.

A democracia não poderá ser interpretada à letra de influência do povo na governação pública. Não significa, de facto, exercício real do poder pelo povo; pretende dizer que o povo, a Nação, exerce uma influência decisiva no exercício do poder político, podendo esta influência ser variável em intensidade, efectividade e capacidade. Em suma, a democracia fundamenta-se no consentimento dos governados, reflectido na opinião pública e na vontade popular.

Na sua época e no seu país, Luís XIV era o detentor da soberania absoluta e dizia «o Estado sou eu». Mas, mais modernamente, em democracia, deparamos com indivíduos a esgrimir o dedo apontador, ameaçadoramente, como ponteiro de severo professor de antigamente, como que a dizer «quem aqui manda sou eu» ou «eu sei o que quero para Portugal».

Ora, segundo os conceitos acima referidos e segundo os textos das modernas constituições que dizem que «a soberania reside em a Nação», os detentores da soberania são os cidadãos que, em democracia, a delegam em representantes, através de formalidades estabelecidas, vulgarmente, por eleições. Daí que, ao contrário do que muitas vezes se diz, o Estado é mais do que a estrutura administrativa e política, sendo o seu elemento mais preponderante a Nação, a população, cujo bem-estar e condições de vida devem constituir o objectivo principal da governação.

Porém, a democracia realmente existente padece de um autoritarismo abusivo dos eleitos pelo povo que se consideram mandatados pra fazer tudo o que lhes vem à real gana, sem admitirem observações, sem permitirem a expressão livre da indignação (termo de Mário Sores) e exigindo dos eleitores a total resignação (termo de Cavaco Silva).

E, no meio deste autoritarismo, surgem decisões de tal maneira estranhas e nocivas que o povo e, por vezes as autarquias, manifestam o seu desacordo, a sua indignação do que muitas vezes resulta o governante da tutela recuar, provando dessa forma a leviandade da decisão que tinha tomado sem ter tido em atenção factores fundamentais. Tais casos evidenciam que estamos perante uma gestão dos interesses nacionais segundo o método de tentativas, erros, reclamações e correcções, do que resultam prejuízos para o Estado, de vária ordem, desde os financeiros, o tempo perdido, até à perda de confiança da Nação nos seus eleitos.

E o problema da confiança nos eleitos conduz a reflexão para o sistema eleitoral. O povo soberano de um qualquer distrito, independentemente do seu grau de escolaridade, do seu grau de cultura e da acumulação de informação pela experiência da vida, é chamado a escolher uma de várias listas de pessoas que não conhece, de pessoas que, em muitos casos, nada sabem dos problemas dos habitantes do distrito. Terá de fazer uma escolha com base na propaganda de falsas promessas com que é bombardeado numa campanha dispendiosa como se se tratasse de um qualquer produto comercial, tipo banha da cobra. É, portanto, uma escolha às cegas tal como quem escolhe a chave com que vai jogar no totoloto.

Esta imagem de «lotaria» não está exagerada. Vejamos que os primeiros da lista vencedora raramente vão ocupar o lugar para o qual foram eleitos pelo povo inocente e crédulo. Muitos dos outros acabam por sair da AR, por irem para ministros, secretários de Estado, e outras agradáveis funções da estrutura do Estado. O povo acaba por não ter a «representá-lo» nenhuma das poucas figuras de que se recorda da campanha em que foi assediado a votar.

Portanto, dizer que o povo é soberano é uma falsa verdade, porque não tem qualquer realismo, enquanto não lhe for permitido expressar-se livremente, através de qualquer meio, sobre os grandes problemas do País que a todos dizem respeito. Há que retirar as ameaças ao povo, afastar os «bufos» do SMS e de outros métodos, dar liberdade ás trocas de e-mails e à expressão através de cartas aos jornais e de blogs. O Governo não deve deixar de analisar o que esses meios transportam, mas apenas para melhor conhecer as opiniões dos cidadãos e melhor se orientar na prossecução da soberania que deles emana, e não para os amordaçar, amedrontar e levantar processos criminais por delitos de opinião, quando eles afinal defendem a moralidade e a ética da vida da sociedade nacional, dentro dos princípios da democracia e cheios de grande esperança num futuro com melhor justiça social, mais desenvolvimento e melhor qualidade de vida.

Não deve, porém, permitir-se calúnias e ofensas pessoais que vão além daquilo que a tradição e a vivência cultural consideram aceitável. É imperioso que se respeitem as pessoas do mais pobre ao mais rico, em qualquer sentido.

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sábado, 25 de agosto de 2007

Governo despreza as Forças Armadas

Segundo notícia de hoje, o almirante Sabino Guerreiro, novo Comandante Operacional dos Açores, admitiu que o atraso na construção de novos navios para reequipar a Marinha prejudica a manutenção do actual dispositivo militar naval.

Falando no final de uma audiência com o presidente do Governo açoriano, na ilha de São Miguel, lembrou que os actuais navios estão muito usados e requerem uma boa manutenção para não pôr em perigo a segurança dos militares a bordo. Segundo ele, só restam 11 dos 20 navios ao serviço da Marinha em toda a área marítima nacional, alguns com bastante idade, pelo que não é possível ter mais do que uma corveta em permanência no arquipélago.

Esta notícia torna mais evidente o desprezo que os Governos têm tido pelas Forças Armadas,esquecendo que se trata de um braço da soberania nacional. Desde a carência de meios em quantidade adequada à obsolescência dos esquipamentos existentes, passando pelas condições de remuneração e apoio social e de saúde às pessoas que nelas servem, tudo mostra o fraco ou ausente sentido de Estado dos governantes. Se analisarmos a idade média das viaturas dos ministérios e as comprarmos com as os dos equipamentos militares – fragatas, carros de combate, aviões de caça, mísseis, etc. - chegaremos a conclusões muito significativas da inconsciência dos políticos. Querem militares a sacrificar-se devotadamente em espírito de escravatura, para serem avaliados, interna e internacionalmente, como se dispusessem de condições materiais semelhantes às dos parceiro da NATO.

Entretanto apareceu a notícia de um segundo indício de que a ETA se movimenta com muito à vontade no nosso País. O primeiro foi na ponte do Guadiana no Algarve e agora foi a utilização num atentado de uma viatura portuguesa alugada no Porto. Parece procurar apoios territoriais, o que não lhe será difícil depois da desertificação de largas áreas no interior, onde em vez de criar incentivos para fixar os residentes e atrair outros, o Governo está a afugentar toda a alma viva, fechando apoios de saúde, de ensino, de justiça, etc.

Oxalá não venha a concretizar-se o receio de o «Mentiroso» expresso nos blogs Mentira e Democacia em Portugal . É que, se as coisas se complicam, não será a GNR que poderá fazer face à ameaça e, com umas Força Armadas tão carenciadas de meios e de pessoal motivado, de pouco servirão. E o pessoal não pode sentir-se motivado se não tiver condições para actuar dignamente. Não estará disposto ao suicídio colectivo, como sugere o Sr. Almirante quando afirma que sem bom material e com boa manutenção seria «pôr em perigo a segurança dos militares a bordo».

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Um autarca com sentido de Estado

Nós, portugueses, andamos há 30 meses a apertar o cinto, cada dia mais um pouco, estando quase asfixiados. Aumentam continuadamente os impostos, as coimas, o preço dos bens de primeira necessidade. Ganha-se menos e paga-se mais ao Estado e nas compras. Este esforço suplementar que nos é exigido e que se vem juntar às más condições de vida em relação a muitos parceiros europeus, seria logicamente considerado como um investimento do qual depressa colheríamos benefícios traduzidos em desenvolvimento do País e visível melhoria das condições de vida. Mas a realidade é que o investimento continua a fazer-se sem se vislumbrar benefício, sem se receberem dividendos. Há, sem dúvida, uma má gestão. Foi má gestão que criou a crise orçamental; é má gestão a que se compraz sadicamente em persistentes sacrifícios sem os resultados aparecerem. Há notoriamente bons benefícios para alguns mas a maioria (e esta devia ser a mais beneficiada!) sente cada mais coladas as paredes do estômago.

Mas uma notícia do DN de hoje, evidencia que há no País quem siga o caminho da moralidade em defesa dos interesses dos cidadãos humildes, que vão sobrevivendo longe da «classe» oligárquica. O Presidente da Câmara Municipal de Penalva do Castelo, no coração do País, entre as rocha graníticas do Distrito de Viseu, decidiu ontem aproveitar a possibilidade dada na nova Lei das Finanças Locais para desagravar o IRS das pessoas com domicílio fiscal no concelho.

O artigo 20º da Lei das Finanças Locais estipula que "os municípios têm direito, em cada ano, a uma participação variável até cinco por cento no IRS dos sujeitos passivos com domicílio fiscal na respectiva circunscrição territorial, relativa aos rendimentos do ano imediatamente anterior". Usando dessa faculdade, o executivo deliberou, por unanimidade, na reunião de ontem, baixar em 2,5 por cento o IRS das pessoas de Penalva do Castelo,

Segundo a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) este é "um bom desafio para o Governo" o qual «deve acompanhar este presidente de Câmara e todos os outros que lhe sigam o exemplo. Se um concelho baixar determinada percentagem dos seus cinco por cento, no caso de Penalva 50 por cento, o Governo deve acompanhar na mesma proporção em relação aos seus 95 por cento".

Leonídio Monteiro, presidente da autarquia, que há muito defende a discriminação positiva dos concelhos desfavorecidos, disse que quis precisamente dar esse "sinal" ao Governo. "Tendo eu esta possibilidade, não tive qualquer dúvida de avançar, embora seja um paliativo muito pequeno, apenas 50 por cento sobre o que a Câmara pode decidir, que são cinco por cento."

Leonídio Monteiro disse esperar que o Governo "retire um bom exemplo de uma autarquia estabilizada, que tem poucas receitas", mas "dessas poucas entendeu que devia abdicar de algumas em benefício da generalidade das pessoas que pagam impostos em Penalva".

Em Penalva do Castelo, valeu a pena apertar do cinto, porque o autarca sabe o que é ética, o que significa governar e gerir dinheiros do povo, para criar melhores condições ao povo sofredor, que tão explorado está a ser em todo o País para benefício e uns poucos incapazes de se consciencializarem dos seus deveres para com os portugueses.

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sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Saúde. Carência nos cuidados continuados

Os hospitais ainda não estão sensibilizados para a existência de uma rede nacional de cuidados continuados integrados (RNCCI). Não referenciam os doentes que podem ir para unidades de convalescença onde estes se reabilitem após episódios agudos de doença.

Segundo os números constantes do Relatório de Monitorização da Implementação das Experiências Piloto da RNCCI, o balanço do primeiro meio ano de funcionamento da rede mostra que as necessidades do país em cuidados continuados estão longe de ser satisfeitas. As 898 camas existentes só conseguiram uma taxa de ocupação de 71%. Apesar dos 29% doentes sem apoio, a coordenadora da Unidade de Missão dos Cuidados Continuados, teve a ousadia de considerar o balanço positivo. Este é infelizmente um fenómeno corrente: insensibilidade para o sofrimento das pessoas, ligando mais importância às estatísticas , lassidão perante as deficiências dos serviços, condescendência face ao fracasso de planos e promessas, incapacidade de criticar as origens dos erros, conivência com os incompetentes, irresponsabilidade nas declarações à comunicação social, etc.

É absolutamente necessário sensibilizar os funcionários dos serviços hospitalares para os cuidados a ter com as pessoas doentes e carentes de atenções especiais e a referenciação de doentes que não precisem de internamento agudo. Se a "cultura" instalada "leva tempo a mudar", há que intensificar mecanismos de formação e informação que reduzam esse tempo de mudança. Sem mudanças estimuladas e impulsionadas, não há reformas que vençam.

O facto de existirem equipas de gestão de altas para referenciar doentes para os cuidados continuados não resolve o problema, por os serviços de internamento nem sempre fazerem identificação dos doentes que necessitam daqueles cuidados. Impõe-se um trabalho interdisciplinar interactivo com boas ligações entre os diversos sectores, para que tudo passe a funcionar com eficiência em benefício dos doentes. Sem um apoio profissional e organizado, "imensas pessoas continuam a ser enviadas para casa, onde o acompanhamento é negligenciado, ou para lares que não estão preparados para tal"

A recuperação das capacidades perdidas na sequência de um episódio agudo de doença exige uma abordagem multidisciplinar, que os hospitais, centrados na intervenção biomédica, não conseguem oferecer. Mas tem que ser criada, com urgência, possibilidades práticas para apoiar essa recuperação. Para isso, há um ministério da Saúde, com elevado número de assessores e outros colaboradores.

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O vento que canta

Certa vez, uma industria de calçados desenvolveu um projecto de exportação de sapatos para a Índia.
Em seguida, mandou dois de seus consultores a pontos diferentes do país para fazer as primeiras observações do potencial daquele futuro mercado.
Depois de alguns dias de pesquisa, um dos consultores enviou o seguinte fax para a direcção da industria:

"Senhores, cancelem o projecto de exportação de sapatos para a Índia. Aqui ninguém usa sapatos."

Sem saber desse fax, alguns dias depois o segundo consultor mandou o seu:

"Senhores, tripliquem o projecto da exportação de sapatos para a Índia. Aqui ninguém usa sapatos ...ainda."

MORAL DA HISTÓRIA:

A mesma situação era um tremendo obstáculo para um dos consultores e uma fantástica oportunidade para outro.
Da mesma forma, tudo na vida pode ser visto com enfoques e maneiras diferentes.
A sabedoria popular traduz essa situação na seguinte frase:

"OS TRISTES ACHAM QUE O VENTO GEME;
OS ALEGRES ACHAM QUE ELE CANTA".

O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos.

A maneira como você encara a vida, faz TODA diferença.

Extraído de: http://www.flogao.com.br/claugisele/foto/120/112961325
Cumprimentos à amiga Gisele Claudya, a mais jovem inscrita no «CVS Sempre Jovens»

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quinta-feira, 23 de agosto de 2007

O consumismo e a abertura das aulas

Todos os anos, nesta época, somos bombardeados por publicidade agressiva de produtos destinados a crianças e de algum modo ligados à reabertura escolar. As crianças, em competição com os colegas e de olhos postos na publicidade que lhes entra pelos olhos na TV e nos múltiplos folhetos, não querem sentir-se discriminados negativamente perante os seus colegas, filhos de gente rica. Isso obriga muitas famílias de fracas posses a gastar muito mais dinheiro do que aquele que desejavam com os estudos dos filhos. Sentem que é necessário que os filhos usem «produtos de marca» a fim de não ficarem atrás dos ricos.

Infelizmente, é uma situação normal no mundo de consumismo em que vivemos. Mas será conveniente a procura de uma solução que faça acordar as pessoas adormecidas e as leve a pensar naquilo que realmente lhes interessa, sem ser a pressão da equiparação aos outros e o receio do que eles possam pensar de si. Será bom que se acabe com a actual tendência social para a competição nos aspectos da ostentação de riqueza, desprezando os verdadeiros valores pessoais.

Alguém me recordou que, em fins da década de 1940, numa cidade de província, o reitor do Liceu obrigava ao uso de uma bata branca, que ocultava as diferenças dos sinais exteriores de riqueza. À chegada, os alunos passavam pelo vestiário onde deixavam o guarda-chuva, a gabardina, etc. e vestiam a bata, fazendo o inverso à saída. Os cadernos diários das disciplinas eram de modelo único adquiridos na cantina liceal.

Havia um aluno, filho de proprietários agrícolas de poucas posses, que se deslocava diariamente a pé, entre a sua aldeia e o Liceu, uma distância de cerca de seis quilómetros. Usava botas de «sola de pneu» e as roupas, devido à poeira, à lama, à chuva, à neve e ao vento, das suas viagens de ida e volta, não apresentavam aspecto muito famoso.

Como por essa data, não havia competição pelo calçado, roupas, mochilas, etc. de marca, como os artigos escolares não se prestavam a ostentação, como era usada a bata, esse aluno nunca foi discriminado, antes foi apreciado por todos por, apesar das dificuldades a que tinha de fazer face, com perda de tempo em viagens, sem ter um explicador, conseguir altas classificações. Estas eram um factor primordial de apreço, muito acima dos aspectos exteriores. Quando, agora, se fala nas facilidades que estão a ser planeadas para os melhores alunos, como prémio ao mérito, como estímulo aos melhores desempenhos, lembro-me com saudades desses tempos em que esse aluno era apreciado pelos colegas, pelo seu saber, pelas classificações que obtinha e pela sua disponibilidade para tirar dúvidas aos colegas e ajudá-los.

No fundo de tudo isto, havia uma perfeita noção da responsabilidade, da obrigação de fazer bem, de desempenhar com a maior excelência as tarefas que lhe eram exigidas, de corresponder ao que dele era esperado pela família. E o Estado já tinha em prática um sistema de prémio parecido com aquele que está a ser desenhado em duas universidades da Alemanha e em Portugal, e, perante as boas notas este aluno teve isenção de propinas durante todo o Liceu e, face às altas classificações obtidas no exame do 5º Ano (equivalente ao 9.º de hoje), recebeu uma bolsa de estudo constituída por uma pequena mensalidade durante o 6.º ano.

Da recordação de tudo isto e da reflexão sobre o actual problema dos pais, surgem as perguntas: um aluno de hoje, em condições semelhantes às daquele que se recordou, a perder em viagens perto de três horas por dia, a fazer os trabalhos de casa à luz do petróleo, a passar várias horas com a roupa molhada pela chuvada matinal, conseguiria suportar a pressão dos colegas ricos e obter boas classificações e acabar o curso superior bem cotado? Como garantir hoje que os jovens saibam assumir aquilo que são, os seus valores intrínsecos, e aprendam a viver com o que têm? Como aprenderão que «basta ser feliz; não é necessário ser mais feliz do que os outros»? Será bom que pais e professores ensinem boas regras de vida às crianças para no futuro saberem bem gerir as suas vidas.

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Premiar o mérito no Ensino

O mundo evolui e as sociedades alteram os seus critérios de avaliação. No tempo da pedra lascada, a força física era o factor mais determinante para a avaliação do prestígio de cada um. Ainda hoje há resquícios dessas mentalidades, visíveis nalgumas actividades desportivas.

Mais tarde, nos regimes monárquicos, o que dava valor às pessoas era o nome, o apelido, que demonstrava ter a pessoa nascido num berço privilegiado. É certo que se dava valor aos artistas, aos alquimistas e mágicos, mas não passavam de contratados como simples servos com especialidades úteis aos nobres.

Depois, em pseudo-democracias, o prestígio obtém-se por pertencer à classe oligárquica, ou pela «corrupção» através da imagem televisiva em que se exercem pressões e obtêm favores através da ostentação de projecção social, o Jet-set. Medem-se as pessoas pela qualidade do carro, pela marca do traje, pelo que se mostra possuir, e não pelo valor intrínseco, pelo que se é. Chega a ser chocante lerem-se opiniões contra o bom aluno levantar o braço a indicar ao professor que sabe a resposta à pergunta que este fez à classe, em geral. É a defesa da mediocridade e a penalização do mérito. Nas cerimónias de condecorações nacionais, raramente se vêem pessoas que, com o seu valor, contribuam para os objectivos nacionais de desenvolvimento do País para dar melhores condições de vida à generalidade das pessoas, sendo dada prioridade às que apresentam maior visibilidade na comunicação social ou no mundo da política.

Porém, nada é imutável, e chegam-nos hoje duas notícias interessantes, neste campo, uma da Alemanha, outra de cá.

Nas universidades alemãs de Friburgo e de Constança, os estudantes sobredotados são dispensados de pagar propinas. Mas existe uma condição: ter 130, ou mais, de QI (Quociente de Inteligência) e prová-lo. Os primeiros testes foram organizados nas duas universidades em Abril para o último semestre. Em Friburgo, são avaliadas as faculdades linguísticas e de lógica dos candidatos com a caução da Associação Internacional Mensa, procurando aqueles que são capazes de resolver exercícios que estão para além do alcance de 98% das pessoas. Assim, apenas um pouco mais de 2% da população beneficiará da isenção de propinas.

Em Portugal, o Governo vai criar facilidades no crédito bancário para estudantes. Os alunos com notas acima do 16 terão direito a juros mais baixos, enquanto que os estudantes com notas entre os 14 e 16 farão parte de um escalão intermédio. O Governo prevê juros mais altos para os que tiverem menos de 14.

Para as licenciaturas, está previsto um tecto máximo de 25 mil euros de empréstimo, um tecto que poderá crescer se o estudante estiver a fazer um mestrado, doutoramento ou um projecto de investigação.

O pagamento começa a ser feito um ano após concluída a formação superior, sendo que neste período o estudante deve estar à procura de um emprego, devendo o empréstimo ser liquidado até ao tempo equivalente aos anos do curso.

Nota-se, com isto, uma preocupação de dar prioridade ao mérito, embora pareça sensato que dentro de cada nível de classificações se entre em linha de conta com as necessidades financeiras das famílias. Seria aliar a recompensa do mérito ao apoio social aos que sendo bons alunos e com capacidade de virem a ser mais úteis ao País, são mais necessitados.

Há os detractores de premiar o mérito, mas basta ver que no desporto são os mais capazes que sobem ao pódio para receber os prémios; são os melhores futebolistas a receber maiores ordenados. Já na bíblia, a parábola dos talentos (Mat. 25, 14-30; Luc. 19, 11-27) premiava o melhor desempenho.

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Poetisa cria blog

Mulher
Do livro de poesia "PEDAÇOS" mais um poema à mulher:

Não foi a mão de Deus, mulher, que te criou
moldando a costela de um qualquer Adão
mito ancestral que alguém, incauto, inventou
e tu, mulher, aceitas sem contestação.
Concebida foste em ardor e perícia
por Ente sagrado que muito te ama
te fez delicada, bela e, sem malícia,
foi partilhar contigo a mesma cama.
E a parir a humanidade vais, serena,
tão grande de alma, mulher, e tão pequena
num mundo de gigantes e falcões.
Reside no teu corpo frágil a grandeza
com que te dotou Deus e a natureza
chama e bálsamo de todas as paixões

publicado por brizissima

Extraído do blog brizíssima, criado recentemente por esta poetisa de longa data com vários livros publicados. A neta a impulsionou para esta forma de comunicação, em que está a dar os primeiros passos, com a compreensível hesitação. Merece o apoio de visitantes, para se expandir.

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quarta-feira, 22 de agosto de 2007

O chefe-líder

Na sequência do tema tratado em Democratas ou ditadores?, transcrevo este texto extraído do blog Filhos de um deus menor:

O chefe que eu concebo

"O chefe que eu concebo é o homem completo, homem de coração, de razão, de vontade, que ama, julga e comanda" (Antoine Redier).
Onde é que há chefes assim?

Infelizmente a ânsia do poder nas sociedades de hoje não nos deixa chefes "concebidos" por "Antoine Redier".

Hoje encontram-se, isso sim, chefes neuróticos, com elevado sentido de desumanidade. Estes chefes neuróticos, quanto mais tolhidos se sentirem pelas suas inibições, tanto menos serão capazes de se impor. A verdade é que a ânsia do poder serve-lhes de protecção contra o risco de se sentirem ou serem considerados insignificantes, forjando assim uma ideia rígida e irracional do poder que lhes foi conferido por decreto - que os leva a convencerem-se de serem capazes de superar qualquer situação, dominando-a imediatamente por mais difícil que se apresente.

Estes chefes classificam os seus superiores, iguais ou inferiores hierárquicos em dois grupos; os «fortes» e os «fracos», admirando os primeiros e desprezando os segundos. Vão também ao extremo naquilo que consideram fraqueza. Sentem maior ou menor desprezo pelas pessoas que concordam consigo ou cedem aos seus desejos e por aqueles que mostram inibições ou não dominam as suas emoções por forma a manter sempre uma expressão impassível. Mas menosprezam igualmente essas qualidades em si mesmo, ao sentirem-se humilhados quando são forçados a reconhecer os seus «fantasmas» ou as suas inibições.

Tendem a julgar que têm sempre razão, e facilmente se irritam, ainda que em pormenores ínfimos, se lhes provarem que estão errados. Hão-de saber tudo melhor do que ninguém, atitude que, por vezes, se manifesta extremamente antipática.

Outra faceta característica do perfil deste tipo de chefes reside na exigência de tudo ser feito segundo a sua vontade. Tal exigência é susceptível de constituir fonte de incessante irritação se os que dependem de si não cumprem exactamente o que deles espera ou se o não fazem no preciso momento em que lhes é ordenado.

Uma das mais vulgares atitudes que integra este perfil de chefe reside na recusa a cedências. Têm dificuldade em estar de acordo com uma opinião de nutrem ou aceitar um conselho, ainda que seja considerado acertado, e a simples ideia de assim proceder desencadeia a rebelião. Os chefes em que prevalece esta atitude tendem a reagir contra tudo e, por estrito medo de ceder, assumem a posição inversa.

Mas o mais grave reside no facto de este tipo de chefes nem sempre terem verdadeira consciência das suas atitudes autoritárias ou, pelo menos, da sua importância. Não lhes convém reconhecê-las ou modificá-las, pois estas - atitudes autoritárias - desempenham para eles notáveis funções protectoras. Tão pouco os outros devem verificá-las: correriam o risco de, nessas circunstâncias, ficarem a dar ordens no deserto ou sozinhos na "parada". Deixando assim em crise as suas necessidades prementes de impressionarem, serem admirados e respeitados. Em crise também ficariam os seus desejos de deslumbrar os outros pela sua suposta inteligência e os seus notáveis dotes de comando.

Se considerarmos que muitas carreiras/nomeações profissionais ficam dependentes das informações de mérito dadas por chefes com tal perfil, facilmente se compreende que é necessário uma reflexão sobre muitos aspectos da actual realidade social/laboral.
«Comandar não é somente fazer-se obedecer, é acima de tudo exercer uma autoridade moral da ordem mais elevada» (Les Forces Morales, publ. Of. do M. G. da França)
Postado por Paulo Sempre

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Portugal e Guiné contra a droga

Depois de a Guiné–Bissau ser referenciada como um país narcotraficante, surge no DN de hoje a notícia Portugal e Guiné-Bissau juntos contra a droga, que nos levanta a interrogação: será que Portugal, com o apoio da Guiné Bissau, irá tornar eficaz o combate ao flagelo generalizado a toxicodependência em todo o país? No mesmo jornal de hoje já se nota essa influência (?) com a notícia de que GNR deteve 108 por suspeita de tráfico de droga em festival!
Ou será que a Guiné-Bissau irá também passar a ter «salas de chuto» e troca de seringas nas prisões?
Ou será que se alarga o campo de acção dos «nossos» traficantes, virando multinacionais?

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terça-feira, 21 de agosto de 2007

Cidades desejáveis e métodos autistas

É preciso planificar cidades equilibradas, com qualidade de vida, de igualdade de oportunidades, onde se favoreçam as relações de proximidade e de vizinhança. A desumanização não pode ser um tributo capital do desenvolvimento. As cidades têm as suas raízes nos costumes e nos hábitos dos seus habitantes por isso as raízes da cidade estão sustentadas numa cultura de proximidade. As relações de vizinhança constituem a base para a forma do associativismo e participação cidadã, mais simples e elementar que existe. O desenvolvimento das cidades tem que estar ao serviço dos seus cidadãos e da sua conveniência, e para que assim seja, a planificação económica e urbanística da cidade deve de estar ajustada aos próprios limites ambientais para fazer dela um espaço habitável, assente em princípios de sustentabilidade, formulado como a capacidade de oferecer às gerações futuras as mesmas opções que nós dispusemos, sem encerrá-las por esgotamento ou irreversibilidade de nenhuma espécie.

Para assegurar a qualidade da vida urbana, as cidades devem afiançar o seu compromisso com o meio ambiente e incrementar políticas activas de urbanismo ambiental, de fomento à poupança, à reutilização e reciclagem de resíduos, de defesa dos espaços verdes e de mobilidade sustentável, que primem os lugares para peões e relações humanas. No panorama actual e com o papel do presente e futuro das cidades, destaca-se que estas se convertem em cenários onde aparecem de forma muito acentuada os problemas das sociedades contemporâneas: degradação ambiental, desigualdade, exclusão social, imigração, desemprego e pobreza.

Construir qualquer cidade sobre as premissas referenciadas, apenas se pode fazer com a participação da cidadania, com a sua implicação e co-responsabilidade na tomada de decisões e na aplicação das mesmas, fazendo do governo local um verdadeiro governo partilhado e participado que pratique uma gestão de relação e, fomente activamente a democracia directa, que conforme a cidade como o lugar ideal de uma sociedade na convivência e na democracia.

Neste contexto o princípio de subsidiariedade e de proximidade aprovado e consagrado na CE, mas não aplicado em Portugal, cobra a sua mais significativa expressão, porque os governos locais são os que estão em melhores condições de prestar serviços adequados às necessidades da cidadania, favorecendo uma autêntica democracia participativa que não faça dos cidadãos apenas receptores de bens e serviços, mas agentes activos da construção e da gestão da sua cidade além dos verdadeiros artífices da mesma. Só assim é possível e necessário dar resposta à reivindicação histórica da autonomia local que caracteriza o municipalismo.

Em Portugal e na Europa na qual caminhamos, têm necessariamente as cidades como nós centrais de um novo sistema de relações que a globalização nos está a oferecer. Mais de 80% da população europeia vive em cidades, tornando a Europa no continente mais urbanizado do planeta, e um dos reptos fundamentais que deve enfrentar a UE é manter as suas cidades à frente de uma economia cada vez mais global e competitiva e superar, ao mesmo tempo, o pesado legado das privações e penúrias urbanas de que padecem, dado que é impossível um processo de desenvolvimento económico, sustentável, a médio e longo prazo, se não se fomentar a coesão e o processo das cidades. A titulo de exemplo daquilo que não se deve fazer, recordo a intervenção arquitectónica isolada concebida em Alcobaça e designada erroneamente de “requalificação”. Com ela perdeu-se um excelente momento para iniciar um processo de fazer “cidade”, envolvendo os cidadãos como artífices da mesma. Ao contrário, actuou-se de forma autista e sem norte por parte de quem dirige o município, atendendo unicamente à estética de superfície e ao dinheiro comunitário conseguido de forma apressada. Para Ernani Lopes aquilo que se realizou em Alcobaça foram “ intervenções desinseridas de uma estratégia global (...) que podem (...) não só ver comprometidas a sua eficácia (...) como criar padrões financeiramente incomportáveis e bloqueadores de acções subsequentes”, ao que eu acrescento, um processo que não fomenta qualquer tipo de coesão. Antonio Delgado in Jornal de Leira 16/8/2007
Alcobaça. Ecos e comentários

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Cuide dos seus idosos

Durante o ano passado foram dadas como desaparecidas 180 pessoas com mais de 65 anos, das quais oito ainda não foram localizadas. As causas mais prováveis estão relacionadas com a perda de memória, a falta de orientação e a solidão. Muitas vezes o desaparecimento é devido à mudança do local onde sempre viveram para irem para um lar ou para casa de um familiar, onde se sentem totalmente desenraizados, sem os habituais pontos de referência.

Como ficam afastados do seu ambiente normal, entram em pânico e criam uma situação patológica de angústia que faz com que comecem a caminhar sem destino e a falta de memória impossibilita encontrar o caminho de regresso. Há muito casos de desorientação provocados por doenças como Alzheimer ou outras formas de demência que afectam a memória.

Uma previsão do Governo, considerada ousada e irreal, diz que em 20010, a esperança de vida atingirá 81 anos, o que equivaleria a um aumento de 2,82 anos em relação a 2005, data em que era de 78,18. Mesmo que a subida não seja tão elevada, temos de tomar em consideração que se trata de uma média e que é previsível que haja mais pessoas a atingir idades mais avançadas, com o agravamento das doenças próprias dos gerontes e dos casos de desaparecimento.

A procura destas pessoas passa por determinar a rotina habitual do desaparecido, em termos das deslocações habituais, para "estabelecer um perímetro onde possa estar". Quando o idoso muda de local de residência, os familiares devem ter uma atenção redobrada nas fases de transição, por exemplo, quando o idoso é transferido para um lar, ou para casa de um familiar.

Muitos idosos vêm para a rua sem o bilhete de identidade, sem qualquer papel com o número de telefone e a morada. As famílias devem fazer com que a pessoa tenha sempre consigo a sua identificação, podendo constar de uma pequena placa dependurada ao pescoço com um fio. É uma medida de precaução básica que pode fazer com que a pessoa seja mais fácil e rapidamente encontrada". O carinho que devemos dedicar aos nossos idosos passa por estas pequenas medidas preventivas.

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Generosidade e humanidade

Há casos que deviam ser normais e vulgares, mas como, infelizmente, são raros e excepcionais, merecem ser destacados para servirem de exemplo a seguir por todos os de boa vontade. Refiro aqui o post de Beezzblogger, em A Voz do Povo, com o título «Ainda há quem pense nos outros», transcrevendo alguns excertos.

Hoje, dia 20/08/2007, ao ouvir uma notícia no telejornal da TVI, nem queria acreditar, afinal ainda há quem pense nos outros, mesmo que isso implique um pequeno ou grande sacrifício próprio.

Quando, um jovem, ou um homem escolhe uma profissão como a de médico, tem consciência à partida de que se trata de uma actividade Humanitária, de serviço às pessoas em situação difícil, em que é exigido grande esforço emocional e muitas vezes, até, grande desgaste físico.

Cinco administradores do Hospital Pedro Hispano abdicaram da viatura que, por direito, teriam como detentores de um cargo Público (que não é essencial para o desempenho das suas funções), a fim de em alternativa equiparam o Hospital com equipamento próprio para tratamento da epilepsia, uma doença que afecta, infelizmente, mais de 150.000 portugueses.

Estes médicos-gestores, merecem o maior aplauso de todos os Portugueses, pois em detrimento da sua comodidade e bem estar próprio, proporcionarão a milhares de doentes tratamento mais adequado e eficaz no combate a uma doença terrível.

Este tipo de notícias deve ser difundido largamente, pelo que tem de exemplar e de estímulo para que mais detentores de altos cargos públicos, mesmo os nossos governantes, que tanto apregoam a crise, seguíssem este exemplo de Humanismo, e de amor à profissão, abdicando de certas mordomias em prol do bem estar dos demais cidadãos e contribuintes de Portugal.

Bem hajam Senhores Doutores!!!
E bem haja o Beezz por não deixar passar este caso sem a publicidade que merece.

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segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Só resta a fuga ou o abrigo

Estado de sitio. Para os abrigos, já!
Por António Ribeiro Ferreira, Correio da Manhã

O sitio, já se sabe, está cada vez mais mal frequentado. Pior ainda, está cada vez mais perigoso.
- Andam por aí bancários feitos banqueiros a pôr em causa o dinheiro de accionistas e clientes de instituições financeiras;
- andam por aí magistrados do Ministério Público em guerra com outros magistrados da mesma instituição;
- andam por aí inspectores da Judiciária a caluniar outros inspectores da mesma polícia;
- andam por aí dirigentes desportivos a afirmar alto e bom som que o futebol indígena é uma farsa de alto a baixo;
- andam por aí políticos a transformar a política num caso de polícia com histórias de faca e alguidar;
- andam por aí uns vândalos feitos ecologistas a invadir e a destruir propriedades agrícolas;
- andam por aí uns senhores liderados pelo Torquemada Louçã a tentar impor a ordem e os bons costumes;
- anda por aí uma GNR incapaz de prender e levar à justiça uns energúmenos que recebem apoios do Estado para vandalizar bens privados e infernizar a vida a cidadãos que trabalham;
- anda por aí um Governo do senhor presidente do Conselho, José Sócrates, que admite alianças na Câmara de Lisboa com os mentores políticos desses actos criminosos.

No meio deste triste espectáculo, neste infeliz e cada vez mais mal frequentado sítio, o desemprego aumenta de ano para ano, a economia desacelera, a Europa foge a sete pés e as únicas coisas que crescem são as receitas fiscais e a despesa do Estado. É verdade.

As contas publicadas dos primeiros sete meses de 2007 não deixam margem para quaisquer dúvidas. O défice do chamado subsector Estado caiu 22,6 por cento só por via do brutal aumento das receitas fiscais. Os números são eloquentes. Os impostos directos subiram 12,4 por cento e os indirectos 5,5. E depois de tantas reformas anunciadas, de tanta propaganda sobre o rigor e o controlo de gastos na Administração Pública, do corte de funcionários públicos e de outras coisas mais, a despesa do referido subsector subiu 4,1 por cento. E os gastos com pessoal cresceram 3,4 por cento. Sem manipulações grosseiras de alguns avençados socialistas, a realidade é esta. Nua e crua.

O Estado continua a gastar mais do que deve e a diminuição do défice só se faz à conta dos aumentos dos impostos e do verdadeiro assalto que a máquina fiscal anda a fazer a todos os cidadãos e empresas, com particular incidência nos que, desgraçadamente, não podem fugir para lado nenhum e têm de viver neste sítio perigoso e cada vez mais mal frequentado.

A situação, como se vê, é negra. E as soluções muito poucas. Resta aos cidadãos a fuga ou a procura de refúgio nos abrigos. Rapidamente.

António Ribeiro Ferreira

NOTA: Já de nada servem as protecções clássicas como o elmo, a cota de malha, a armadura a couraça, a fortaleza com ameias. É indispensável o abrigo mas deve ser bem enterrado, de grande espessura, blindado, à prova de armas nucleares.
Este texto faz recordar os posts recentes:
Indícios pouco tranquilizadores,
Pontos fracos dos portugueses,
A condição humana, nacional,
Portugal... nem do pequeninos.

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É indecente

Portas volta à foice
Ferreira Fernandes

Um agricultor com a propriedade e o cultivo legais viu o seu trabalho destruído. Não gosto daqueles betos-ceifeiros, mas admito que possam ter razão. Talvez combater por todos os meios o milho transgénico seja uma causa essencial. Não sei, admito o talvez. A história está cheia de causas essenciais que precisaram de acções ilegais para serem defendidas.

Sobre isto, Miguel Portas aplaudiu os betos-ceifeiros e escreveu: "A nossa sociedade tem de aprender a conviver com novas formas de conflitualidade não-violenta." Ora, Portas é deputado europeu, recebe o ordenado saído dos impostos daquele agricultor que agora ficou sem ordenado por uma acção ilegal que Portas defende. Ora, o agricultor pagou impostos no pressuposto de que os que vivem dos seus impostos o defendessem de ilegalidades.

Não quero saber se é legal ou não um deputado defender uma ilegalidade que prejudica um cidadão cumpridor. Falo de outra coisa, que pertence a outro mundo. É indecente.

NOTA: Sobre este tema convém ler mais os seguintes artigos da imprensa de hoje:
Estado apoia encontro de activistas na origem do ataque do milho
O grupo alterglobalista que recebe apoio estatal
O milho é cultivado há 7300 anos no mínimo merece algum respeito
Miguel Portas explica apoio a activistas
Sem orgulho de ser português
Governo quer investigação ao caso
Ministério Público vai investigar ambientalistas

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Esmagamento da Primavera de Praga

Faz hoje 39 anos que a União Soviética, temendo os efeitos da Primavera de Praga nas nações socialistas e nas "democracias populares", mandou tanques do Pacto de Varsóvia invadirem a capital Praga em 20 de Agosto de 1968. Os inevitáveis confrontos entre tropas do Pacto e manifestantes aconteceram nas ruas da cidade. O Presidente Dubcek foi detido por soldados soviéticos, levado para Moscovo e destituído do cargo. Esta repressão tinha o antecedente da Hungria de 1956 e veio a inspirar o movimento Solidariedade na Polónia em 1981. Eram sinais de decadência do império Soviético.

A Primavera de Praga foi o movimento gerado em 1968 por intelectuais reformistas do Partido Comunista Tcheco interessados em promover grandes mudanças na estrutura política, económica e social do país. A experiência de um "socialismo com face humana” foi conduzida pelo líder do Partido Comunista local, Alexander Dubcek, e, ao ser conhecida em 5 de abril de 1968, pelo inusitado, surpreendeu a sociedade tcheca, quando soube das propostas reformistas dos intelectuais.

O objectivo de Dubcek era "desestalinizar" o país, removendo os vestígios de despotismo e autoritarismo, que considerava aberrações no sistema socialista. Com isso, o secretário-geral do partido prometeu uma revisão da Constituição, que garantiria a liberdade do cidadão e os direitos civis. A abertura política abrangia o fim do monopólio do partido comunista e a livre organização partidária, com uma Assembleia Nacional que reuniria democraticamente todos os segmentos da sociedade tcheca. A liberdade de imprensa, o Poder Judiciário independente e a tolerância religiosa eram outras garantias expostas por Dubcek.

As propostas foram apoiadas pela população e o movimento que defendia a mudança radical da Tchecoslováquia, dentro da área de influência da União Soviética, foi chamada de Primavera de Praga. Aderindo á proposta, diversos sectores sociais manifestaram-se em favor da rápida democratização. No mês de Junho, um texto de “Duas Mil Palavras” saiu publicado na Liternární Listy (Gazeta Literária), escrito por Ludvík Vaculík e assinado por personalidades de todos sectores sociais, pedindo a Dubcek que acelerasse o processo de abertura política. Acreditavam que era possível transformar, pacificamente, um regime ortodoxo comunista para uma social-democracia de moldes ocidentais. Com estas propostas, Dubcek tentava provar a possibilidade de uma economia colectivizada conviver com ampla liberdade democrática.

Como todo o autoritário ou ditador teme a mínima ameaça à sua segurança e vê inimigos e perigos por todos os lados, a URSS não gostou da experiência, invadiu Praga, em 28 de Agosto, com carros de combate e causou pesadas baixas nos civis que se manifestavam. Dubcek foi levado para Moscovo e destituído, e as reformas foram canceladas e o regime de partido único continuou a vigorar na Tchecoslováquia. O povo não serenou e em protesto contra o fim das liberdades conquistadas, o jovem Jan Palach ateou fogo ao próprio corpo numa praça de Praga em 16 de janeiro de 1969.

Exemplo da Hungria

A URSS já tinha tido uma má experiência com a Hungria, em 14 de Novembro de 1956, com a invasão por tropas soviéticas, para reprimir a revolta, de que resultou terem sido executados centenas de húngaros, aprisionados milhares e terem fugiram para a Áustria quase 200.000 pessoas.

Tudo começou em 1953, quando depois da morte de Estaline, Rakosi foi substituído por Imre Nagy, de linha mais moderada, que concedeu amnistias a prisioneiros políticos. Mas a ditadura temeu os perigos à sua força e em 1955 Nagy foi destituído pela ala dura do partido comunista húngaro, após ter tentado a abertura política.

Mas o povo gostou do cheiro a liberdade e, entretanto, aumentou o descontentamento social, nomeadamente de estudantes e operários, provocando uma revolta contra o regime, que explodiu em Budapeste, em 1956. Janos Kádar estabeleceu um contra-governo e pediu auxílio à URSS. E a 14 de Novembro, tropas soviéticas invadiram o país, como atrás se disse, foi instaurada uma ditadura comunista com Kádar na presidência, situação que se manteve durante cerca de três décadas. Nagy foi preso e executado.

Repressão na Polónia

As sementes tinham sido deitadas à terra na Hungria, germinaram e frutificaram na Tchecoslováquia, e, apesar da invasão, vieram a mostrar-se novamente, desta vez, na Polónia.

Wałesa tornar-se-ia fundador e líder do Solidariedade, a organização sindical independente do Partido Comunista que obteve importantes concessões políticas e económicas do Governo polaco em 1980-1981, sendo nessa altura ilegalizado e passando à clandestinidade.

Em 1980, Wałesa liderou o movimento grevista dos trabalhadores do estaleiro de Gdansk, em que cerca de 17 000 protestavam contra a carestia de vida e as difíceis condições de trabalho. A greve alargou-se rapidamente a outras empresas. Embora com dificuldade, as reivindicações dos trabalhadores acabaram por ser satisfeitas e tiveram consequências claramente políticas quando foi assinado um acordo que lhes garantia o direito de se organizarem livremente, bem como a garantia da liberdade política, de expressão e de religião.

Wałesa, por ter liderado as greves e por ser católico beneficiou de uma grande base de apoio popular. Porém, os seus ganhos tiveram um carácter efémero ante a resistência do regime que, no entanto, mercê das reacções à violência na Hungria e em Praga, não tomou aspectos de grande gravidade repressiva. Com efeito, em Dezembro de 1981 o Governo impôs a lei marcial, o Solidariedade foi considerado ilegal e a maioria dos líderes foram presos, incluindo Wałesa.

O país passou a ser governado pelo general Wojciech Jaruzelski. Mas a agitação operária continuou, embora de forma mais contida. Walesa só seria libertado em 1982 e, um ano depois, era galardoado com o Prémio Nobel da Paz, facto que motivou críticas do governo polaco. O Solidariedade saiu da clandestinidade após negociações com o Governo em 1988-1989, assim como outras organizações sindicais.

Com o desmoronamento do Bloco de Leste e a liberalização democrática do regime, ficou consagrada a realização de eleições livres. Em Dezembro de 1990 Wałesa foi eleito.

NOTA: Para elaborar este texto utilizou-se o apoio bibliográfico de:
Guia do Mundo, editora Trinova,
Pesquisa Google,
Wikipédia.

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domingo, 19 de agosto de 2007

Indícios pouco tranquilizadores

Sensibilizado pelo post «Democratas ou ditadores» um amigo enviou-me o link de um artigo da revista Visão de 19 de Julho em que encontrou indícios pouco agradáveis do crescente autoritarismo do Governo e de órgãos dele directamente dependentes. Apesar e vivermos, formalmente em democracia, está a desenvolver-se um clima e medo que leva as pessoas a « falar baixinho, não criticar o chefe à frente dos colegas, evitar contar anedotas sobre a licenciatura do primeiro-ministro». «Porque é que – nas escolas, nos hospitais e na administração pública – se voltou a viver em clima de medo?». Parece notório que está generalizar-se o domínio da burocracia, do espartilho, do controlo e da intimidação que é característico mais de regimes autoritários do que de vivências democráticas, de democracias amadurecidas.

No artigo são elencados vários episódio desagradáveis polémicos quanto ao que podem representar como indícios de uma evolução indesejável. Têm-se sucedido, nos últimos meses, casos de alegada perseguição política por membros do Governo, de que se destacam os seguintes

1. A Directora Regional de Educação do Norte, Margarida Moreira, instaurou um processo disciplinar a Fernando Charrua, por este ter dito uma piada sobre José Sócrates. Margarida Moreira, que recebeu a delação por SMS, diz que o professor e ex-deputado do PSD insultou o primeiro-ministro, mas Charrua recusa a acusação. Até Jorge Coelho já disse tratar-se de uma situação «ridícula e inadmissível».

2. Após três pareceres negativos da Comissão Nacional de Protecção de Dados, o Governo aprovou a interconexão de dados da Administração Pública. A Caixa Geral de Aposentações vai poder cruzar informações dos funcionários públicos e respectivas famílias.

3. A coordenadora da Sub-Região de Saúde de Castelo Branco, Ana Maria Correia, avisou os serviços de que a correspondência enviada a «determinados funcionários» seria aberta. A medida causou mal-estar junto dos funcionários e a coordenadora assumiu que a nota interna continha «um erro de linguagem», acrescentando que onde se lê «determinados funcionários» deveria ler-se «funcionários em nome individual».

4. O primeiro-ministro, apresentou uma queixa-crime contra António Balbino Caldeira, responsável pelo blogue Portugal Profundo, no qual se divulgaram informações sobre a licenciatura de José Sócrates.

5. Correia de Campos, ministro da Saúde, exonerou a directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho, Maria Celeste Cardoso, por um médico ter afixado, nas instalações, uma fotocópia com comentários jocosos a uma entrevista do ministro de Saúde, na qual este confessava que nunca tinha ido a um Serviço de Atendimento Permanente (SAP). Mário Soares criticou a actuação do Governo e Manuel Alegre achou a reacção «desproporcionada».

6. O novo Estatuto do Jornalista altera o artigo 11.º referente ao sigilo profissional e prevê que a Comissão da Carteira passe a fiscalizar e a sancionar os jornalistas por violações deontológicas. O diploma é contestado pelo Movimento Informação é Liberdade e pelo Sindicato dos Jornalistas que pretendem evitar a promulgação do diploma.

7. A presidente da Associação de Professores de Matemática, Rita Bastos, foi expulsa da Comissão de Acompanhamento do Plano Nacional da Matemática pelo director-geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular por ter criticado a Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.

8. O governador civil de Braga, Fernando Moniz, pediu ao Ministério Público para investigar o que se passou na manifestação de Outubro do ano passado, em Guimarães, por ocasião de uma reunião do Conselho de Ministros. Segundo o Correio da Manhã, o relatório da PSP acusava alguns dos participantes de proferirem «palavras insultuosas» dirigidas ao primeiro-ministro, mas alguns dos arguidos alegam que nem sequer estavam presentes.

Nota: Posteriormente a esta publicação de onde fizemos extractos, segundo a TSF online de 17 de Agosto, «algumas alterações à biografia do primeiro-ministro português na enciclopédia online Wikipedia foram feitas a partir de computadores ligados ao Governo português». «O objectivo destas alterações, feitas pouco depois de terem sido noticiadas na imprensa dúvidas acerca da licenciatura de José Sócrates, terá sido o de retirar aspectos mais controversos e corrigir falsidades» e repor a verdade, o ponto de vista do Governo.

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sábado, 18 de agosto de 2007

Pontos para reflexão

Uma garrafa de vinho meio vazia também está meio cheia; Porém, uma meia mentira nunca será uma meia verdade.
(Jean Cocteau)

É melhor estar preparado para uma oportunidade e nunca tê-la, do que ter uma oportunidade e não estar preparado.
(Anónimo)

Não é digno de saborear o mel aquele que se afasta da colmeia por medo das picadas das abelhas.
(Shakespeare)

Não chore pelas coisas terem terminado, sorria por elas terem existido.
(L. E. Boudakian

Eduquemos as crianças, e não será necessário castigar os homens.
(Pitágoras)

A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se adiante.
(Kierkegaard)

Somos o que fazemos, mas somos principalmente o que fazemos para mudar o que somos.
(Eduardo Galeano)

O que não aprende com os pais, lhe ensinará o mundo.
(A. da Silva Costa)

Nosso cérebro é o melhor brinquedo que já foi criado. Nele se encontram todos os segredos, inclusive o da felicidade.
(Charles Chaplin)

Não faça da sua vida um rascunho, pois você pode não ter tempo de passar ela a limpo.
(A. Rossato)

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Conselhos de mulher moderna para amiga

Exigências da vida moderna (quem aguenta tudo isto?!!!)

Dizem que todos os dias devemos comer uma maçã por causa do ferro. E uma banana pelo potássio. E também uma laranja pela vitamina C. Uma chávena de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes. Todos os dias se deve tomar pelo menos dois litros de água. E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.

Todos os dias se deve tomar um yogurt pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos biliões, ajudam a digestão). Cada dia uma Aspirina, previne o enfarte. Uma taça de vinho tinto também. Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso. Um copo de cerveja, para... não me lembro bem para quê, mas faz bem. O benefício adicional é que se você tomar tudo isto ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.

Todos os dias se deve comer fibra. Muita, muitíssima fibra. Fibra suficiente para fazer uma camisola. Deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente. E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada. Só para comer, serão cerca de cinco horas por dia.

E não se esqueça de lavar os dentes depois de comer. Ou seja, tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massajar as gengivas, escovar a língua e bochechar com Tantum Verde. O melhor é ampliar a casa de banho e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque, entre a água, a fibra e os dentes, vai passar ali várias horas por dia.

Devemos dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco a comer são vinte e uma. Sobram três, desde que, nas viagens não encontre muito trânsito...

As estatísticas provam que vemos TV cerca de três horas por dia. Menos tu que me estás a ler, porque todos os dias vais caminhar pelo menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dá meia volta e começa a regressar, ou a meia hora cresce para uma...)

E devemos cuidar das amizades, porque elas são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando estivermos fora...

Devemos estar bem informados também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.

Ah! E o sexo. Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina. Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução. Isso leva tempo e não estou a falar de sexo tântrico.

Também é preciso que sobre tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que não tenhas um bichinho de estimação...

Na minha conta são 29 horas por dia. A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo!!! Tomar banho frio com a boca aberta, assim vais bebendo água e aproveitas para lavar os dentes. Convida os amigos e os pais. Bebe o vinho, come a maçã e dá a banana na boca à tua mulher. Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda terias que comer um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésio.

Agora tenho que ir. É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao WC. E já que vou, levo um jornal...

Tchau....

Se sobrar um tempinho, manda-me um e-mail.
Recebido por e-mail. De autor desconhecido

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Vida sem pressa

Você já parou para olhar crianças brincando num parque ou para ouvir o som da chuva quando chega ao chão?
Já parou para ver o voo errante de uma borboleta?
Já ficou simplesmente observando o sol sumir dentro do escuro da noite?

É melhor ir mais devagar; não corra tanto.
Vá mais lentamente pela Vida. Ela não é tão curta quanto nos fazem acreditar.

Você voa apressado o tempo todo?

Quando você pergunta "Como vai?", você escuta a resposta?
Quando acaba o dia, você se deita pensando em mil coisas para o dia seguinte?
Durma em paz.

Você já disse a uma criança "Vamos deixar para depois..." e, na sua pressa, não notou a sua inocente tristeza?

Você já deixou de conservar uma amizade, sabendo depois, que o amigo deixou este mundo sem seu adeus?
Uma amizade perdida no tempo, porque na sua pressa, deixou de lembrar de um simples "Olá"?

Quando você corre para chegar a algum lugar, perde metade da sua alegria para poder chegar lá.

Quando você se preocupa e se apressa o dia todo, é como deixar um presente embrulhado e depois jogá-lo fora.

A vida não é uma pista de corrida! Cuide-se e vá mais devagar!
Sinta cada instante, dance calmamente a música da alma e sinta a força da sua canção.
Dance, dance, mas dance devagar. Calma!
A música vai continuar... Com ou sem Você!

A melhor coisa que sabemos a respeito do futuro é que ele um dia de cada vez.
Vá devagar, mas não pare.

Recebido por e-mail, autor desconhecido

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sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Democratas ou ditadores?

Por regra, o déspota é tão ambicioso de poder como inseguro e medroso. Sofre de complexos síndromas existenciais, tem pavor de fantasmas e, quando algum destes toma forma física, ele esmaga-o sem dó nem piedade. Vê ameaças por todos os lados e sente-se cercado por inimigos. Há exemplos concretos em toda a parte, em grau mais ou menos elevado. Se conseguem alcançar o degrau mais alto da estrutura do poder no seu país, consideram este como sendo sua propriedade privada e procuram controlar tudo e todos, abafando s vozes que não lhes teçam elogios. Pretendem que a Nação funcione como um grupo coral bem ensaiado a cantar em uníssono, bem afinado, loas ao querido chefe, sendo qualquer fífia punida exemplar e severamente.

Muitos políticos perdem a noção da ética, deixam de ter capacidade de resistir à tentação do Poder que corrompe, que domina e submete, pior do que a pior droga. Será que se consideram semi-deuses, donos do seu país? Será que são ofuscados pelas loas dos lambe-botas que os cercam para colher vantagens, e perdem a noção da sua função de serviço público?

Fala-se de democracia, mas todos têm tendências autoritárias que por vezes chegam ao extremo das atitudes ditatoriais. Como se compreende que a democracia não passe de uma palavra para muitos governantes?

Há exemplos vivos, que dispensam o recurso aos casos da história recente.

Na Coreia do Norte, o grande líder põe e dispõe dos recursos do país, apoiado por uma corte de servidores submissos incondicionais. Tendo transformado uma república numa espécie de monarquia, é aplaudido e ovacionado por todos aqueles que, amedrontados e amantes da sobrevivência, querem evitar represálias.
A atracção pela monarquia não é vista apenas na Coreia do Norte, pois na Síria, a descendência de Hafiz al-Hassad (que esteve no poder até à morte) foi meticulosamente preparada, o mesmo tendo sido feito no Iraque (mas interrompida pelo derrube de Saddan Hussein) e está em preparação na Líbia e no Egipto.
No Zimbabwe, Robert Mugabe pretende morrer no trono, esmagando qualquer veleidade de oposição ou simples manifestação de desagrado.
No Sri Lanka a sr.ª Chandrika Bandaranaike não abandona uma milésima do poder nem por milagre, reprimindo com mão de ferro as aspirações dos Tigres Tamil, apesar das tentativas de negociação patrocinadas por um país da Europa do Norte. Para melhor controlar o Estado e evitar oposições indesejadas, formou governo com familiares, tendo a mãe sido primeira-ministra até à véspera da morte.
No Myanmar (antiga Birmânia), a ditadura militar considera-se proprietária do país, ao ponto de, após as eleições de Maio de 1990, não deixar formar governo o partido vencedor de Daw Aung San Suu Kyi, filha do líder da independência Aung Sang, anteriormente falecido. A senhora Suu Kyi, não pôde formar governo e passou a viver em prisão domiciliária, incomunicável, nem sequer se tendo ausentado para receber o prémio Nobel da Paz de 1990 que lhe fora concedido.
Em Cuba, Fidel só abandonou o poder por motivo de doença que o colocou à porta da morte e, mesmo assim, entregou-o ao irmão como se fosse propriedade sua ou de sua família e não do país.
Em Angola, ao fim de 30 anos, Eduardo dos Santos, porque se sente perto da morte devido a mal na próstata, parece decidido a fazer eleições no próximo ano, mas já antes fizera promessa idêntica que não cumprira.

E as ditaduras nem sempre surgem na sequência de revoluções ou de golpes palacianos, sendo frequente aparecerem progressivamente, a partir de situações de aparente democracia normal, como no caso de Hitler e, agora, na Venezuela. Há pequenos sintomas da ambição desmedida pelo abuso do poder que podem escorregar para o centralismo, exagerado, com autoritarismo que tudo controla e reprime, por vezes, com base em denúncias que conduzem à partidarização de cargos públicos a qualquer nível. Não é por acaso que seja considerado necessário alertar as populações para os verdadeiros problemas que as afligem, despertá-las para perderem o medo de, como diz Mário Soares, manifestar a sua indignação e refilar no momento e local certo. Como disse Cavaco Silva, é preciso não se resignar ao sofrimento.

Quando tais sintomas começam a ser evidentes, há que criar nesses países, uma onda de fundo, agir sem pressa, mas sem esmorecer, sem desistir, sem demoras, com perseverança. Agindo assim, serenamente, talvez consigam criar melhores condições para os seus filhos e netos e mentalizar os mais jovens de que o mundo deles está agora a ser construído e eles têm de colaborar, porque serão os beneficiados. Com populações bem esclarecidas e com capacidade de analisar fria e calmamente a situação em que vivem, o mundo poderá ser mais pacífico e desenvolvido e as pessoas mais felizes em liberdade democrática.

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quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Venezuela gera preocupações

Apesar dos discursos ousados de Hugo Chávez e das suas manifestas ambições de liderar a América Latina e de aproveitar o estado de saúde de Fidel para influenciar a política de Cuba, atraírem simpatias de algumas pessoas com tendência para aplaudir tudo o que é anti-americano, os sinais que chegam da «pequena Veneza» estão a gerar preocupações aos observadores mais atentos e imparciais. A frase "os povos felizes não têm História " foi inventada para ilustrar a sua contrária: os povos infelizes têm demasiada História, ou variadas histórias, como acontece com a Venezuela, a ocupar demasiado espaço nos noticiários.

Quanto aos portugueses que ali vivem e trabalham , o clima é intranquilo tendo este ano já sido sequestrados 15, oito dos quais apenas no mês de Agosto, incluindo os quatro que foram raptados há dias. Mas é considerado pela imprensa local de língua lusa que a realidade é superior a todas as estatísticas conhecidas, uma vez que muitas famílias preferem não comunicar o sequestro às autoridades, com medo de represálias, limitando-se a pagar o resgate.

Segundo afirmações à Televisão Nacional Venezuelana do general Jaime Escalante, chefe do comando regional da Guarda Civil venezuelana de San Cristóbal, estes sequestrados podem estar na mão dos guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) da Colômbia. Posteriormente a esta declarações, um alto responsável militar venezuelano disse, dois dias após, já ter “algumas pistas” sobre o rapto na tarde de domingo.

Não é um drama exclusivo da comunidade portuguesa. Números das entidades oficiais venezuelanas revelam que este ano já foram sequestradas 196 pessoas, 39 das quais continuam desaparecidas.

Entretanto, o Presidente Hugo Chávez desvenda nova Constituição , sete anos após a primeira alteração, tendo apresentado ontem à noite a nova reforma que deverá levar o país para o "socialismo do século XXI". A medida mais polémica, uma das poucas que foram reveladas antes do anúncio oficial, é a eliminação do número limite de mandatos presidenciais, que leva a oposição a dizer que o único objectivo de Chávez é ficar indefinidamente no poder.

O projecto será agora debatido no Parlamento - totalmente sobre o seu poder - antes de ser alvo de um referendo popular. O Presidente foi reeleito no final do ano passado com uma larga maioria.

A Constituição que Chávez quer ver implementada estabelece que a "soberania reside intransferivelmente no povo", sendo o novo "Poder Popular" implementado através dos conselhos comunais, mais um degrau da "geometria do poder".

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quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Idosos vistos com humor

Idosos - população em risco - um certo olhar humorado sobre um problema sério
Por Brizérrima

Há já algum tempo que o tema "idosos" me acompanha. Como em diversas vezes tive ocasião de referir, em prosa ou mesmo em verso, a ideia da morte não me atrapalha, especialmente se eu não estiver lá quando ela acontecer como diria Woody Allen com alguma graça. Acabar os meus dias não me incomoda muito. O que me parece é que começa a incomodar terceiros.

Quando vejo o estado económico do país, os gritos por melhores salários, melhores pensões e os idosos a queixarem-se do aumento do custo de vida e da sua incapacidade para custearem os medicamentos e tratamentos necessários, fico apreensiva.

A geração que me segue sente receio pelas suas reformas no futuro, no que até têm razão. As perspectivas não são muito animadoras e isso dá-lhes uma insegurança que não pode trazer senão um certo rancor mesclado de impotência e gerador de possíveis situações embaraçosas.

A Comunicação Social vai dizendo que até 2020 a situação financeira não vai melhorar quanto a reformas, etc, etc.

A longevidade é agora maior do que há alguns anos atrás; a xenofobia aumenta cada dia mais e, pessimista como sou, já estou a ver daqui a pouco tempo uma xenofobia não apenas com a raça negra ou qualquer outra, mas com a tal dita terceira idade (palavras abomináveis).

Estou a ver os idosos metidos em casa, espreitando pela janela com receio de alguns grupos de jovens empunhando slogans como morte aos idosos, temos direito ás nossas reformas, vamos a eles.

É que as coisas não andam nada bem.

Na verdade, conservar as pessoas vivas até mais tarde é uma ideia muito louvável mas, tem também imensos custos. Para manterem os idosos vivos mais anos há que despender mais dinheiro e dinheiro é coisa que não abunda neste recanto à beira mar plantado.

Hoje, li um extracto de afirmações do ex-Bastonário da Ordem dos Advogados que dizia: "é verdade que não há dinheiro e é verdade que uma população de velhos não justifica escolas, maternidades, centros de saúde e, a bem dizer, nem sequer vale um selo de correio. Que morram longe e poupem pensões" fim de citação.

É claro que ele não diz para matarem os velhinhos mas, pode deixar a ideia no ar.

E mais slogans surgirão : «cada vez mais desejosos de que morram os idosos» ou «estamos em guerra, velhinhos para a terra» ou «queremos as contas em dia, matem o pai, a mãe e a tia».

E se esta ideia germina não sei como se irá resolver o problema. É certo que, paralelamente a esta longevidade já comprovada, também se multiplicaram as Clínicas de rejuvenescimento, os cremes milagrosos, os SPA"s de sucesso. Porém não se pode continuar a fazer plásticas até ao infinito. Terá que haver, pelo menos, a elasticidade suficiente na pele para se poder gritar por socorro.

Confesso que não sei dar a receita para isto, apenas sou capaz, ainda, de fazer algum humor que espero seja partilhado.
Brizérrima

NOTA: Extraído do blog Brizíssima, do qual já aqui foram colocadas algumas poesias. Trata-se de humor negro, mas antes fosse só isso, porque temo que possa tratar-se de uma premonição ou profecia. E se a eutanásia vier a ser praticada de forma mais ou menos sistemática, por razões de finanças do Estado, então manda a lógica que se comece pelos reformados com várias pensões, com pensões milionárias e, a seguir, pela ordem descendente do valor destas.
Espero que a autora se decida a inscrever-se no CVS – Clube Virtual de Seniores indo engrossar o número já interessante de inscritos. Permito-me recordar que, sobre este tema, podem ser aqui encontrados vários posts.

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terça-feira, 14 de agosto de 2007

Fosso entre ricos e pobres

Texto recebido por e-mail da amiga Maria João e que aqui transcrevo por vir confirmar o que tem sido expresso em variados posts aqui colocados nas últimas semanas.

Que fazer perante a situação descrita ???

Portugal agrava fosso entre ricos e pobres para o pior nível europeu o fosso entre ricos e pobres atingiu uma dimensão inédita. As diferenças salariais entre administradores e restantes trabalhadores podem explicar o agravamento das desigualdades.

O fosso entre ricos e pobres atingiu uma dimensão inédita. As diferenças salariais entre administradores e restantes trabalhadores podem explicar o agravamento das desigualdades.

"Portugal não pode continuar a ser um dos países europeus em que a pobreza e a desigualdade entre os que trabalham é maior". A afirmação consta do programa do Governo, mas os mais recentes dados estatísticos sugerem que o País detém e vai continuar a deter aquele que é um dos recordes menos cobiçados do mundo desenvolvido.

Contrariando a tendência europeia, Portugal é hoje não apenas o "campeão",
mas também o Estado-membro da União Europeia onde as disparidades de
rendimento mais se acentuaram nos últimos anos.

Jornal de Negócios

Sobre este tema, sugere-se a visita, entre outros, aos seguintes posts:

A condição humana, nacional

Pontos fracos dos Portugueses

Contradições e precipitações dos políticos

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Indignação e negação do «simplex»

Na esperança de que estas palavras possam chegar a quem tenha poderes de agilizar o processo, trago aqui este apelo de um correspondente e amigo que está indignado com erros e obstáculos dos serviços públicos, neste caso a DGV ou entidade que a substitua.

Mudou de residência, pelo que teve que actualizar toda a sua documentação e de sua esposa. Com algumas peripécias pelo meio, lá foi conseguindo, só que a dada altura esbarrou com um monstro de nome “falecida??!!” DGV.

Em 14 de Maio, há precisamente três meses, 92 dias, foi-lhe passada uma guia provisória para substituir a carta de condução, que ficou no serviço para substituição por outra com a morada actual. Em 11 do corrente, foi a uma Loja do Cidadão, á tal DGV que já não é mas que também não sabem muito bem a que Ilha pertencem, e ficou espantado porque se limitaram a renovar a guia até 11/12/2007.

O seu problema é que pretende dar um passeio a Espanha e França de carro e foi informado que não poderá conduzir porque, lá, a guia que tem não é considerada como substituta da carta e, se for apanhado pelas policias deste países ficará numa situação demasiado desconfortável.

Apesar desta situação desagradável, reconhece que a funcionária que o atendeu foi muito simpática e aconselhou-o a ir ao ACP onde, perante a guia e o respectivo pagamento, lhe emitiriam uma Carta Internacional.

Considerando-se «um cidadão que até paga tudo o que tem que pagar», manifesta a sua grande indignação pela demora devida a inépcia (incompetência) de algumas pessoas, sentindo «que se se tratasse de eles cobrarem alguma multa de trânsito ela já cá cantaria».
Lembrando-se do tal tão propagandeado «simplex» ele pergunta «mas afinal que raio de país é este?». Teve que se deslocar propositadamente a Setúbal, ida e volta 250 Km ,e agora terá que ir a Lisboa, pagar mais para conseguir algo que já pagou ao Estado. E tudo isto, devido a um serviço que não funciona devidamente.

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segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Gestão financeira da saúde

É muito raro ouvir falar o ministro da saúde em doentes e em saúde preventiva, a predilecção dele é falar de milhões de euros que se poupam com encerramento de urgências, maternidades, centros de saúde, SAPs, etc. E para onde vai o fruto dessas economias, dessas poupanças que têm causado mortes nas estradas a caminho os hospitais distantes ou nascimentos sem condições adequadas em ambulâncias a caminho de maternidades para lá do sol-posto.

A história de um empresário de Oliveira do Hospital é muito expressiva. Tendo sido vítima de três paragens cardíacas, valeu-lhe o desfibrilador da Viatura Médica de Emergência e Reanimação, que os bombeiros locais não possuem, e o facto de o Serviço de Atendimento Permanente do concelho, onde foi atendido, ainda não ter encerrado.

Apesar da sua boa vontade e generosidade, não conseguirá evitar o previsível fecho do SAP, mas não foi insensível e ofereceu à corporação de bombeiros de Oliveira de Hospital um desses pequeninos aparelhos eficazes para salvar vidas. Mas, dada a estultícia da «política de saúde» nacional, esta oferta não vai servir para nada, porque só um clínico pode utilizá-lo, pelo facto, em Portugal, o seu uso ser considerado um acto médico. Porém,, nos Estados Unidos, por exemplo, os aparelhos são visíveis em qualquer empresa e os funcionários recebem formação para saber utilizá-los.
Mas o gesto o empresário é relevante, se se tiver em conta que apenas 37 das 244 ambulâncias do INEM têm desfibrilador. Com tanta carência destes aparelhos de salvamento, ficamos sem coragem para perguntar para onde vão as poupanças com os encerramentos atrás referidos!!! E eles agora tornam-se mais necessários dado que os socorros ficam muito mais longe em distância e em tempo de deslocamento.

As políticas de saúde, se existem, parecem encaminhar o Serviço Nacional de Saúde -lo mais para o assistencialismo, diferenciando os doentes conforme o seu IRS, do que para a sua tradição universalista.

Os vários encerramentos efectuados e projectados, o aumento das taxas moderadoras, a facilidade com que são tomadas medidas de gestão sem ter em conta as realidades locais, por muito boa vontade que se queira ter, são sinais preocupantes.
Ouvem-se apreciações pouco lisonjeiras que dizem que ao ministro da Saúde caberia dar mais uma imagem de serenidade e de segurança, explicando a bondade das medidas tomadas, e menos de demagogia, que é justamente o que faz quando diz que 208 mil doentes em lista de espera para uma cirurgia já não envergonham Portugal. Mas todos sabem que envergonham.

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Centenário de Miguel Torga

O Diário de Notícias de hoje dedica o editorial e um artigo ao centenário de Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, um dos maiores escritores portugueses de sempre, várias vezes nomeado para Nobel. Daqui se retiram alguns tópicos.

O Governo devia ter-se feito representar ao mais alto nível na cerimónia do centenário de Miguel Torga. Não tinha de ser necessariamente o primeiro-ministro, José Sócrates, nem a ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima - ambos têm direito a férias e o País não se faz só de homenagens -, mas a ocasião exigia mais atenção. Nem uma simples mensagem do PM ou da ministra da Cultura.

Curiosamente, o próprio primeiro-ministro tinha feito questão de estar presente na cerimónia de apresentação do projecto do Espaço Miguel Torga. "Governo Presente", o nome da iniciativa no âmbito da qual José Sócrates visitou S. Martinho de Anta, em Junho, o que confirma que algo agora falhou.

A ausência de um representante máximo do Governo de José Sócrates, quando se evoca o exemplo artístico e humanista de Torga - que na sua avidez das palavras sempre espelhava a portugalidade que tanto amava - não deixou ninguém indiferente.

O mais inconformado, o jurista António Arnaut, um dos fundadores do PS, era o espelho da revolta. Emocionado e chocado, dispara aos jornalistas: "Vivemos num país que não sabe compreender os seus valores. Pelo menos do Ministério da Cultura ninguém esteve à altura da grandeza da sua responsabilidade, da grandeza deste acto." Horas mais tarde, já na Casa-Museu de Miguel Torga, em plena zona nobre da cidade no bairro dos Olivais, desabafa ao DN: "Às vezes, fica-me a doer a alma por dizer certas coisas mas não consegui ficar calado." O escritor sempre teve um símbolo do PS em casa, reconhece a filha Clara Rocha, que não quis comentar esta polémica.

O Presidente da República, que não foi convidado, enviou mensagem de apreço, recordando até palavras de Torga que evocou no discurso da sua tomada de posse. Foi pela voz do autarca conimbricense Carlos Encarnação que se ouviram as palavras do Chefe do Estado: "Nesga de terra debruada de mar, assim qualificou Torga o nosso País. Não foi por acaso que utilizei esta expressão no discurso da minha tomada de posse como Presidente da República. Ela é a síntese perfeita do Portugal que somos." Segundo Cavaco Silva, "Miguel Torga foi para muitas gerações a voz da insubmissão". E, por isso, "hoje, em que há liberdade para todas as vozes, ele é o orgulho de sermos portugueses de uma maneira diferente e autêntica". O Presidente da República sublinha ainda, nesta missiva escutada por muitos admiradores de Torga, que a "projecção nacional e internacional da sua obra, a certeza de que as páginas que escreveu sobre o património afectivo e literário perdurarão nas gerações futuras, constitui um motivo para prestar a minha sincera e grata homenagem a esta personagem ímpar da nossa cultura".

Ficam algumas interrogações sem resposta: Onde estão os governantes? No País ou no estrangeiro mais distante? Qual o conceito de cultura do Governo? Porquê e para quê existe um ministério da Cultura? Quais são os valores nacionais?

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