terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Funcionários públicos «porreiros», porque não são políticos!

Uma Justiça 'porreira, pá'
Por Manuel António Pina, Jornalista do JN

Parece que a "Operação Noite Branca" desencadeada pela PJ na madrugada de domingo no Porto só foi possível porque os 202 inspectores que nela participaram o fizeram por carolice, já que o Ministério da Justiça não paga horas extraordinárias fora dos serviços de piquete e prevenção.

Segundo informou, a propósito, a Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal, o Ministério da Justiça apoia-se em duas decisões judiciais, segundo as quais o trabalho da PJ entre as 20 e as 8 horas não tem que ser pago. Combate ao crime em Portugal só, pois, nas horas de expediente. Quando, como aconteceu agora no Porto, a PJ precisa de actuar entre as 20 e as 8 fica dependente de conseguir ou não arrebanhar inspectores que não tenham nada que fazer nessa noite e se disponham a trabalhar e a pôr a vida em risco de borla.

É assim que hoje funciona, em geral, a Justiça em Portugal, por carolice. E se, apesar de tudo, a Justiça ainda vai funcionando é porque tanto inspectores da PJ como magistrados judiciais e do MP não têm, como diz o ministro Alberto Costa, espaço (nem tempo) para "estados de alma" e levam processos para casa e trabalham fora de horas e aos fins-de-semana sem receberem um tostão.

É o "porreirismo, pá" nacional em todo o seu esplendor.

NOTA: Não falta dinheiro para os governantes se rodearem de inúmeros assessores, contratados por critério de confiança política, sem concurso público, apenas para empregar os familiares e amigos do clã, que evidenciam a sua incompetência na (im)perfeição dos documentos que saem dos ministérios, mas que usam o lugar para se catapultarem na carreira política de yesmen, para adquirirem os melhores carros do mercado, como tem sido noticiado acerca da Justiça e da Administração Interna, etc. Mas falta dinheiro para pagar a polícias e militares, a quem se exige a dedicação canina ao dever, sem qualquer compensação adequada, a quem não se reconhece o direito a ter «estados de alma», como se de uma máquina se tratasse. Mas mesmo a máquina exige cuidados de manutenção adequados.

Se os agentes da autoridade se comportassem como meros funcionários públicos, como Governo pretende, onde estaria a segurança dos cidadãos? Por que milagre os criminosos se sentiriam coibidos de praticar excessos? O que impediria que a justiça passasse a ser feita pelas próprias mãos com todos os inconvenientes inerentes? Isto dá muito que pensar, a quem disponha de um cérebro capaz, diferente do dos políticos!

Para bem do nosso País, esperamos que os agentes da autoridade, apesar das dificuldades, continuem a ter os seus «estados de alma», a pensar no seu bem-estar e das suas famílias, mas sem deixarem de alimentar o seu amor a Portugal e de actuar com carolice na esperança de que o seu sacrifício venha a ser devidamente retribuído.

2 comentários:

Compadre Alentejano disse...

A política miserabilista do governo é só para alguns. Para as polícias, por exemplo. Os assessores é a nadar em dinheiro, ganham, ou melhor, recebem o que querem.
Este país está moribundo...
Um abraço
Compadre Alentejano

A. João Soares disse...

Compadre Açentejano, Se, ao menos os assessores ajudassem a evitar tolices dos seus patrões, o dinheiro poderia ser justificado. Mas trata.
-se de ricas esmolas a incompetentes. Não é má língua. Uma vereadora da CML, quando a imprensa levantou o problema da quantidade exagerada de assessores na Câmara, disse que são escolhidos por confiança política e não por critério de competência. São os amigalhaços das juventudes partidárias. Aqueles que com as dificuldades nos estudos não têm perspectivas de ganhar a vida na competição da vida privada. Depois, sendo obedientes e simpáticos aos patrões, irão a deputados, e por aí acima. Acabamos por tê-los em ministros!!! Muitos deles, com o ambiente que criam, acabam por obter licenciaturas e até doutoramentos.
Feliz Natal
Abraço de amizade