quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Não param de mexer na nossa carteira

Os indivíduos considerados CCCC – cidadão, contribuinte, consumidor, cliente – estão permanentemente a ser roubados, sem terem quem os defenda e sem poderem defender-se.

Já aqui se referiu a exploração dos bancos que, para terem elevados lucros, não têm escrúpulos que os impeçam de extorquir cada vez mais, a pretexto seja do que for.

Agora é a Entidade Reguladora dos Serviços de Energia (ERSE) que pretende fazer a conversão dos actuais contadores da luz para a telecontagem o que deverá avançar a partir de 2010. É uma medida lógica do ponto de vista de gestão económica das distribuidoras de energia que irá reduzir os custos com o pessoal encarregado da leitura dos contadores. Esta que outrora era mensal, agora passou a ser feita com intervalos de 4 meses, sendo a facturação bimensal. A telecontagem vai originar grandes economias à empresa, sendo de seu inteiro interesse implementá-la.

Mas, ilogicamente, a factura será paga pelos consumidores via tarifas de electricidade ao longo de 20 anos, a partir de 2010. Segundo a ERSE, este encargo vai agravar a factura em 3,1% no máximo a partir de 2015 entre o sexto e o décimo ano. Portanto, o consumidor (CCCC) vai pagar uma medida que apenas traz benefício à empresa, por lhe ocasionar poupanças em pessoal e trabalho administrativo. É inacreditável!!!

E os CCCC continuam indefesos, desprotegidos, porque o Governo, que era suposto zelar pelos seus direitos e garantias, assiste impávido e sereno à roubalheira sem tugir nem mugir. Porquê? Porque estão em jogo interesses de grandes empresas que serão generosas na compensação aos governantes que lhes forem dóceis, oferecendo-lhes tachos dourados quando deixarem a política activa.

Antes que se diga que este raciocínio é exagerado, convém fazer a lista dos tachos daqueles que passaram por altos cargos nos governos e em outras instituições políticas. Na realidade e em geral, a política constitui apenas uma etapa intermédia na corrida aos tachos em grandes empresas, com prioridade para as que têm algum capital público.

E, desta forma, os CCCC continuarão a ser explorados, porque todos os interesses estão contra eles e nada está a seu favor. Como dizia o humorista Camilo de Oliveira, «toma que é democrático»!!!

3 comentários:

Anónimo disse...

Caro A. João Soares,

Concordo inteiramente com o seu raciocínio e, muito em especial, com a parte em que refere que as vítimas são os CCCC (magnífica, esta!). Num sistema político tão viciado como o nosso, as empresas actuam livremente, sem qualquer espécie de controlo por parte do Estado. Neoliberalismo oblige...

Um abraço amigo
Contracorrente

A. João Soares disse...

Caro Jorge Borges,
Os CCCC são as eternas vítimas do sistema político incapaz de defender os direitos da população.
A evidenciar a importância da contestação, tem interesse este artigo do JN de 071207 Proposta da ERSE pode ser inviável
Um abraço

PintoRibeiro disse...

Eu, um CCCC, portanto.
Bom fim de semana, abraço,