quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Novo Aeroporto de Lisboa, para meditar

Tinha acabado de colocar o post anterior, quando, por acaso soube que já tinha sido decidida a localização do NAL (Novo Aeroporto de Lisboa).

É um tema que foi aqui abordado em vários posts desde 20 de Dezembro de 2006, sempre com a isenção com que pretendo abordar todos os temas e sempre apontando para os cuidados a ter antes de ser tomada uma decisão (análise completa e cuidada dos dados actuais e de todos os factores incidentes no problema tendo em vista a finalidade do estudo e da acção, elaboração das várias modalidades de solução, seu estudo pormenorizado, sua comparação, a fim de ser feita a escolha da melhor quanto a vantagens e inconvenientes).

Sempre me pareceu, atendendo a múltiplas opiniões fundamentadas, nomeadamente de pilotos que utilizaram a pista da Ota, que esta não seria a melhor solução. Agora a localização do NAL já está decidida em Alcochete e esta decisão, além dos factores técnicos e financeiros, merece ser aplaudida e ser objecto de reflexão, por vários motivos.

1. O primeiro ministro, que gosta de se considerar teimoso, ousou enfrentar os estudos anteriores e as pressões que o arrastavam para a Ota e decidir pela orientação deduzida dos estudos mais recentes e completos, no espírito das teorias de preparação da decisão acima referidos. Com efeito, manter teimosamente uma posição tão criticada por pessoas entendidas e pela opinião pública, poderia eventualmente vir a ser considerado heroicidade, mas o mais provável era tornar-se réu da opinião dos vindouros por crime contra os interesses do Estado. Portanto, o primeitro-ministro reconheceu que estava a laborar em erro, o que é humano, e rumou para aquilo que se apresenta como melhor solução. É uma prova de bom senso a ter em consideração, embora lhe traga dificuldades nas lutas da baixa política partidária.

2. Também o ministro Mário Lino, depois das posições ridículas em defender o indefensável e em condenar uma solução que apenas pecava por não ter sido devidamente apreciada, veio agora fazer «mea culpa». Foi pena que, logo de início, não tivesse tomado a iniciativa de mandar estudar todas as hipóteses de solução possíveis, para poder escolher a melhor. Agiu de ânimo leve como «papagaio» do Governo a dar tudo por uma posição insustentável.

3. Ambos os aspectos anteriores, mostram-nos que não devemos venerar religiosamente, de olhos fechados, qualquer político, porque o que ele diz, pode não estar correcto e ele próprio poderá sensatamente inverter a sua posição. Errar é humano e não há político que o não seja, sendo alguns humanos em demasia.

4. Como todo este processo se desenrolou por pressão das opiniões de cidadãos devotados ao bem de Portugal e foi essa pressão que levou os políticos a reverem o problema, conclui-se que o povo deve estar consciente do seu poder e manifestar sempre a sua opinião acerca daquilo que se passa. É uma característica da democracia e tal já ficou bem visível quanto a decisões do ministro da Saúde o que o levou a «recuar» em medidas erradamente tomadas. Será bom que a comunicação escrita, falada ou na Internet, saiba utilizar o poder de que dispõe para bem de Portugal e não perca oportunidades de alertar os governantes para melhores soluções.

5. Não há homens infalíveis e é bom que os poderosos se convençam de que não são donos da verdade total.

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