segunda-feira, 3 de março de 2008

O consumidor pobre é o mais explorado

As despesas correntes, obrigatórias, constituem uma percentagem dos rendimentos muito maior nos pobres do que nos ricos, pelo que qualquer aumento de preços vai aprofundar e alargar o fosso entre os menos e os mais favorecidos. Se dois agregados familiares com igual número de pessoas gastam 90 nas despesas correntes, o que ganha 100 gastou 90% do seu salário e o que ganha 500 gastou apenas 18% do seu salário. E há preços com aumentos exorbitantes, não apenas o do pão.

Vou relatar um caso concreto. Em 29 /2 comprei no JUMBO de Cascais lâmpadas de 40W Philips das que agora estão a ser aconselhadas para poupança de energia e protecção ecológica, ao preço de 6,89€. Hoje 3/3 tive de voltar ao JUMBO de Cascais e vi que as mesmas lâmpadas custam 8,99€.

Fazendo contas, verifica-se que o preço foi aumentado, durante o fim-de-semana e mudança de mês, de 30,48%.

Poderá perguntar-se porquê? A resposta será certamente relacionada com a grande publicidade feita a estas lâmpadas, que resultará numa maior procura que o JUMBO aproveita para obter maiores lucros. A ganância e a falta de controlo dos interesses dos consumidores, principalmente os mais carentes, permite estes abusos.

Depois desta constatação, nunca mais comprarei nada no JUMBO, sem antes comparar os preços com os de outros vendedores. O consumidor deve abrir os olhos para evitar ser explorado de forma tão despudorada. E deixo aqui este alerta para os visitantes desta folha.

4 comentários:

Mariazita disse...

Caro João
Quem dera que isso acontecesse só no Jumbo de Cascais, meu amigo. Mas não. O mesmo se verifica em qualquer lugar onde se vá fazer compras. Os preços aumentam de dia para dia, sem pré-aviso. Em contrapartida, os ordenados mantêm-se congelados há 2 ou 3 anos, e às vezes ainda sofrem reduções. A cada dia que passa as dificuldades aumentam. A verdade é que a crise é real, e mundial. Tomemos, como exemplo, o que se passa na construção civil, que está atravessando uma crise como não se via há muitos anos. Isto acontece em Portugal.
Em Espanha, nos arredores de Madrid, um empreendimento em construção há 2 anos, está laborando a meio gás porque os apartamentos não se vendem. Não há dinheiro. Como consequência, muitos trabalhadores portugueses que lá se encontravam, estão regressando porque não há trabalho. Os apartamentos, que custam 526 mil euros, com 140 metros quadrados de área, às portas de Madrid, não podem considerar-se caros, se comparados com os de Lisboa, no Campo Pequeno, cujos preços variam entre 1 e 4,5 milhões de euros.
Não parece, portanto, tratar-se de preços exageradamente altos, mas antes falta de capacidade económica dos possíveis compradores.
Nos Estados Unidos o panorama é idêntico. As casas mantêm-se à venda por tempo indeterminado.
O pior de tudo isto é não se vislumbrarem perspectivas de melhores dias.
A solução será “apertar o cinto” ainda mais.
Esperemos que não nos aconteça o mesmo que ao burro do inglês – quando estava quase habituado a viver sem comer, o danado do bicho morreu!
Saúde, e...dinheiro p'rós copos!
Beijinhos
Mariazita

A. João Soares disse...

Cara Mariazita,
Agradeço o seu comentário. Parece ver este caso com conformismo. É certo que o mundo está em crise económica, mas isso é mais uma razão para nos insurgirmos contra bancos, seguradoras e grandes empresas que se gabam de aumentar os lucros, o que só acontece porque roubam os clientes de forma descarada. Um aumento de 30% num fim-de-semana é um escândalo, e este é ainda maior porque os governantes, para estarem nas boas graças dos donos do capital, não impedem que isto aconteça.
Esse aumento significa que, com o dinheiro com que se compravam 4 lâmpadas, passam a comprar-se apenas 3.
Escândalos destes têm que ser denunciados. E como fala de preços no estrangeiro, em defesa do JUMBO, transcrevo as palavras da nossa amiga Gisele:

Oi, amigo,
Ontem mesmo o meu filho comprou exatamente esta lâmpada, da mesma marca, economica etc...e pagou R$ 10,78 .......o que equivale, em euros, a €. 4,228 euros.

De outras marcas, poderia pagar até mais barato.

Convém vir ao brasil e fazer umas comprinhas ehehehehe

Sempre que quiseres saber como fazer o câmbio, entre no site http://economia.uol.com.br/cotacoes/cambio.jhtm

Apareça mais vezes com os seus comentários bem escritos e com profundidade.
Beijos
João

Mariazita disse...

Caríssimo João
Conformista, eu ??? Se eu falasse calão, diria - sou uma refilona do caraças! Como não falo calão, direi apenas que me farto de refilar contra tudo e mais alguma coisa.
Neste caso concreto apenas quis fazer notar que há, de facto, uma crise mundial. Não sei se o terei feito da forma mais clara...
E como poderia estar conformada vendo o poder de compra da maioria de nós a diminuir de dia para dia, e ao mesmo tempo assistir à roubalheira dos senhores especiais? Sim, porque só pode ser especial quem recebe verdadeiras fortunas por não fazer nada, ou pior ainda, fazer asneiras, e meter ao bolso o dinheiro dos pobes contribuintes. Especial na arte do gamanço.
Lá estou eu a meter-me por caminhos
que prefiro deixar para os especialistas...
Deixe-me só fazer um pequeno reparo: não ataque os pobrezinhos dos bancos. Eles só arrecadam uns quntos milhõezitos ao fim do ano! Entretanto, até comunicam aos seus trabalhadores - não aos especiais -
que "este ano o seu aumento vai ser zero". E têm a delicadeza de o comunicar por escrito. Olhe que isto não é blá blá, tenho conhecimento, de fonte segura, de um caso. E com certeza não foi excepção...
E mais não digo.
Já tinha lido o que a nossa amiga Gisele escreveu. Mas não podemos comparar assim os preços...Tenho um amigo brasileiro que ficou espantado quando eu lhe disse quanto ganha cá um funcionário público equiparado a ele, que também é funcionário público. Disse-me logo que queria vir para cá...mas arrepiou caminho quando soube, por exemplo, quanto custa alugar uma casa! É tudo relativo.
Aparecerei, com todo o gosto, sempre que me pareça que "posso" dizer alguma coisa...
Beijinhos
Mariazita

A. João Soares disse...

Cara Mariazita,
É sempre bem vinda a este cantinho de desabafos. E nem é preciso esforçar-se muito. Pode deixar comentários em todos os posts, mesmo que não queira fazer um texto muito elaborado. Já vi melhor o seu link e vai direito ao seu blog. Está a dominar perfeitamente esta ferramenta que está a causar muitos engulhos àqueles que não gostam da liberdade de expressão dos outros.
Beijos
João