segunda-feira, 5 de maio de 2008

A política como trampolim

Recebi por e-mail o texto que a seguir transcrevo. Revela alguns exemplos do «fervor patriótico» que levam estes heróis para a política!!!

Amor à Pátria? Talvez apenas uma forma de enriquecer, através de umas atenções ao poder económico que, depois retribui com uns «tachos dourados».

Por isso é que os jovens mais válidos não se sentem atraídos pela política, por que, tendo valor, não precisam de tais favores para se realizarem !!!!!!!!!!!!!

A política afinal, ao contrário do que diz Cavaco Silva, atrai os jovens, mas não por amor a Portugal, por vontade de governar correctamente e engrandecer o País, mas apenas como trampolim para objectivos que de outro modo estariam fora do seu alcance.
(Ver A política não é atractiva e Cavaco, Jovens e a democracia).

Quem tiver correcções ou aditamentos a fazer, deve utilizar o espaço de comentários, mas não é aconselhável a identificação como anónimo sem assinar no fim do texto que escrever.

Eis o texto referido:

Para que se saiba

Fernando Nogueira:
Antes -Ministro da Presidência, Justiça e Defesa
Agora - Presidente do Banco Comercial Português em Angola

José de Oliveira e Costa:
Antes -Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais
Agora -Presidente do Banco Português de Negócios

Rui Machete:
Antes - Ministro dos Assuntos Sociais
Agora - Presidente do Conselho Superior do Banco Português de
Negócios; Presidente do Conselho Executivo da Fundação
Luso-Americana de Desenvolvimento

Armando Vara:
Antes - Ministro adjunto do Primeiro Ministro
Agora - Vice-Presidente do Banco Comercial Português

Paulo Teixeira Pinto:
Antes - Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros
Agora - Presidente do Banco Comercial Português (Ex. - Depois de 3 anos de 'trabalho', Saiu com 10 milhões de indemnização !!! e mais 35.000€ x 15 meses por ano até morrer...), mais uns 'trocos' como consultor e professor

António Vitorino:
Antes -Ministro da Presidência e da Defesa
Agora -Vice-Presidente da Portugal Telecom Internacional; Presidente da Assembleia Geral do Santander Totta - (e ainda umas 'patacas'
como comentador RTP)

Celeste Cardona:
Antes - Ministra da Justiça
Agora - Vogal do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos

José Silveira Godinho:
Antes - Secretário de Estado das Finanças
Agora - Administrador do Banco Espírito Santo

João de Deus Pinheiro:
Antes - Ministro da Educação e Negócios Estrangeiros
Agora - Vogal do Conselho de Administração do Banco Privado Português.

Elias da Costa:
Antes - Secretário de Estado da Construção e Habitação
Agora - Vogal do Conselho de Administração do Banco Espírito Santo

Ferreira do Amaral:
Antes - Ministro das Obras Públicas (que entregou todas as pontes sobre o Rio Tejo a jusante de Vila Franca de Xira à Lusoponte)
Agora - Presidente da mesma Lusoponte, com quem se tem de renegociar o contrato e não tem responsabilidades directas sobre a manutenção das pontes sob a sua jurisdição. É só 'meter ao bolso'.

etc etc etc... a lista é um 'endless roll...'
O que é isto ?
- Não, não é a América Latina, nem Angola. É Portugal no seu esplendor.

Será, então:
cunha patriótica?
gamanço legal?
ou, simplesmente são: sem vergonha!

...e depois este Estado até quer que se declarem as prendas de casamento e o seu valor ! Não é acintoso? Ultrajante mesmo? Pois... Ouvi uma vez que 'quem elege, é quem derruba', mas, pelos vistos, a nós, portugueses, faltam-nos as forças. Por isso, só reclamamos e choramos e fazemos apelos como este:

A 'vaca' está quase seca, mas eles insistem no mamanço...
(fim do texto do e-mail)

1 comentário:

A. João Soares disse...

Do meu amigo Manuel PM, recebi por e-mail este comentário, o qual mereceu a resposta que se lhe segue

João, Exceptuando a CGD nenhum outro dos lugares é de nomeação de responsáveis políticos. O Estado só é accionista da Caixa G de Dep. Se um dono de empresa resolve contratar alguém que desempenhou funções públicas, ALGUMAS ELECTIVAS, como é o caso de alguns, ninguém tem nada com isso. Eu passei à reserva com 50 anos, sem pensão completa, naturalmente, e fui nomeado por responsáveis privados para gerir empresas durante 10 anos. Empresas privadas, no caso de algumas do mesmo ramo de actividade em que tinha trabalhado no exílio. Talvez a diferença é que não deu para enriquecer, mas isso é um detalhe.
Custa-me ver nomes como o de Elias da Costa, filho de um Almirante com o mesmo nome, que é competente e sério, metidos neste rol. Claro que considero que a anterior administração do BCP (Jardim Gonçalves, Paulo T. Pinto e os outros) assaltou, literalmente, o Banco que geriam, mas, ao que parece, dentro dos limites que os accionistas (feitos com eles) maioritários autorizavam, logo, legalmente.
Há dias, um general reformado que encontrei e me disse que estava "envelhecendo e empobrecendo". Disparei, mas, valha-me Santo António, Tenente-coronel do Regimento de Infantaria 19, então tu não enriqueceste a trabalhar e agora, na reforma, é que querias ficar rico... "Não, queria ficar na mesma", respondeu. Pensa na Natureza, argumentei. Na mesma empobrece-se.
O mundo, o Universo, está em expansão, logo quem não se expande, regride. As empresas e os patrimónios que não aumentam perdem valor... Mas como não há generais de astronomia nem de administração militar... duvido que ele tenha percebido a ironia.
Vai um abraço do
Manel.


Caro Manuel,
A troca de ideias e de opiniões, quando feita com respeito pelos outros, é enriquecedora.
Aqui, penso que o que está em causa não é as empresas não terem direito de escolher o que há de melhor, mas, sim, quanto isso não poderá representar de «gratidão» pelos favores recebidos dos políticos quando tinham poder de decisão ou de influência.
João Cravinho, apesar de não ser um exemplo muito linear, foi bem claro quando referiu a corrupção, o tráfico de influências e o enriquecimento ilegítimo.
Se todos esses «tachos dourados» fossem justificados pela competência, isso significava que Portugal, apesar do desconsolo geral e dos desabafos em jornais e na Internet, tem sido governado por aquilo que o País tem de melhor em saber, competência, inteligência, honestidade, seriedade, experiência de gestão, patriotismo e amor ao País.
E, então, seria de lamentar que, apesar de serem os melhores, tenham deixado o País entrar em crise quase permanente, criado um défice anormalmente alto e, em ambiente europeu tivesse ficado tão atrás da Irlanda e da Grécia seus companheiros, há uma dúzia de anos, na cauda da Europa Ocidental. E estes dois Países, hoje, têm o salário mínimo nacional, respectivamente, 3,6 e 1,6 vezes o nosso.
Há algo nesta paisagem que precisa ser muito bem explicada e a que as tuas palavras bem intencionadas não deram esclarecimento cabal.
Não podemos ocultar que é cada vez maior o fosso entre os mais ricos e os mais pobres e que estes vivem cada vez com mais dificuldades.

Um abraço
A. João Soares