quarta-feira, 9 de julho de 2008

Bragança não admite perder helicóptero

O presidente da Câmara de Macedo de Cavaleiros, Beraldino Pinto, não admite perder o helicóptero de emergência que o ministério da Saúde lhe tinha prometido. Se o "heli" for cancelado, o autarca considera que os protocolos celebrados com o Ministério da Saúde devem ser anulados e repostos os serviços encerrados, voltando à situação de antes deste Governo. Um contrato não pode vigorar se uma das partes recusa cumprir os compromissos assumidos.

O presidente do INEM admitiu, em declarações à "Antena 1", que podem ser desnecessários os helicópteros de emergência previstos para o Alentejo, Trás-os-Montes a Beira Alta.

Para maior esclarecimento do problema ler aqui, aqui e aqui.

Certamente, os transmontanos veriam o problema resolvido se imitassem os «poderosos» da Região Oeste que, sob a ameaça de «birrinhas» (ver post anterior), obtiveram o chocolate de apenas 197 milhões de euros. Ou será que o número de eleitores de Trás-os-Montes não é tão significativo como o daquela região? O que conta são os votos. É esse o factor que conduz à desertificação do interior: poucos votos levam a ausência de benefícios e, depois, a população emigra e reduz mais os eleitores, e a espiral de atraso agrava-se cada vez mais.

Será que a promessa do helicóptero de emergência não significa mais para a gente de Bragança de que a promessa de um aeroporto na Ota tem para os habitantes do Oeste?

3 comentários:

A. João Soares disse...

Comentário recebido por e-mail, em virtude de a autora ter tido impossibilidade de o enviar pela via normal:

Meu querido amigo

Tudo isto está muito mal equilibrado.

Quando se ouve falar de Portugal notamos que só se dá ênfase a certas localidades esquecendo-se porém de que todos fazemos parte do mesmo país.

Em todas as áreas vemos ser utilizada a mesma politica de desigualdade camuflada por palavras "doces" que não têm outro propósito senão enganar e convencer aqueles que estão menos informados e até os que estão, mas que por serem incapazes de pensar que poderiam agir de maneira tão abusiva quanto os governantes, acabam por se deixar ir na onda acreditando nas lindas palavras e promessas que eles proferem.

Por vezes chego mesmo a pensar que se devia fazer um leilão a Portugal e que passássemos a pertencer a outro país mandante. Talvez assim pudéssemos levantar a cabeça e retomar, de alguma forma, o orgulho com que os nossos antepassados formaram a grande nação a que outrora pertencemos.

Muitos beijos com amizade e admiração pelo seu trabalho.

Alexandra Caracol

Anónimo disse...

Portugal é Lisboa e o resto é paisagem. Desde que me conheço como pessoa que ouço esta frase e cada vez faz mais sentido!
Eu continuo é com a mesma dúvida: como é possível termos um país com apenas 250 Km entre o mar e fronteira e haver tanta disparidade??!!! Está tudo na orla marítima!

A. João Soares disse...

Caro AP,
A sua pergunta é muito interessante e convinha que os políticos pensassem nela e dessem solução às disparidades entre o litoral e o interior. Houve vários factores históricos para isso:
1)o facto de o povoamento inicial ter sido feito por fugitivos do centro da Europa que não puderam enfrentar os «bárbaros» e só pararam nas praias;
2)o facto de a independência da Espanha, criou com esta uma situação de conflitualidade permanente que levou muita gente a afastar-se da fronteira, à excepção dos contrabandistas;
3)isto levou a termos mais apetência pelo mar, os descobrimentos, a emigração para o Brasil e as Américas, as pescas, a marinha mercante;
4)A economia de exportação convinha ser desenvolvida perto dos portos, e a agricultura nunca foi rentável no interior com terreno pedregoso e montanhoso.
5)Tudo isto tem sido agravado por inépcia dos políticos que, à caça de votos, se interessam pelas áreas onde a densidade populacional é maior.
Hoje, que há possibilidades de comunicação, seria fácil criar incentivos para desenvolver vários sectores da economia no interior e atrair mais população às cidades dali. Com um território tão pequeno é de loucos não o aproveitar melhor.
Mas, em vez de incentivos para atrair, pensa-se na fraca rentabilidade dos serviços e encerram-se os poucos que ali existiam. A maior desgraça de Portugal é ser gerido por políticos ignorantes, incompetentes, desonestos que levam os poucos recursos existentes à exaustão e ficaremos todos na miséria.
Abraço
A. João Soares