quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Ensino, Prioridade à estatística

Depois de ler o post de Tiago Soares Carneiro no blog «Democracia em Portugal» sobre este tema, que muito me sensibilizou, embora o assunto não fosse inesperado, encontrei o seguinte artigo no JN que vem dar mais força ao problema de, em questão de ensino, se dar prioridade aos efeitos das estatísticas em prejuízo da preparação dos jovens para poderem ser melhores agentes da economia nacional. Sem uma boa preparação escolar dos jovens, torna-se impossível o desenvolvimento do País e o aumento do bem-estar da população e, por isso, de um futuro mais desafogado de Portugal.

Alunos chumbam menos mas não sabem mais

As taxas de retenção nos ensinos básico e secundário baixaram, mas especialistas duvidam que os alunos saibam mais. Chumbar é tarefa cada vez mais difícil para os professores, numa escola que dizem ser pouco interessante e exigente.

"A carga burocrática quando se pretende reter um aluno, sobretudo no ensino básico, é muito grande e maior do que era há uns anos atrás. Não nos atirem areia para os olhos porque estes resultados não significam uma melhoria real das aprendizagens", assegura o presidente da Associação de Professores de Português (APP), Paulo Feytor Pinto.

Em declarações à Lusa, também o director do Centro de Investigação em Educação (CIED) da Universidade do Minho, José Pacheco, refere que a descida do insucesso escolar tem sido operada, nos últimos anos, por mudanças ao nível da avaliação, tendo-se transformado o chumbo de um aluno "num processo complexo e burocrático" para os docentes.

"As elevadas taxas de retenção que se registavam há uns anos atrás eram incomportáveis para qualquer Governo, por causa da comparação dos resultados a nível internacional. Agora reter um aluno é um processo difícil, o que faz com que, estatisticamente, haja uma diminuição significativa dos chumbos. Só resta saber até que ponto isso corresponde a uma melhoria das aprendizagens", afirma o investigador.

Segundo dados divulgados pelo Ministério da Educação, a taxa de chumbos no ensino básico e secundário atingiu este ano o valor mais baixo da última década, com a maior diminuição a registar-se no terceiro ciclo.

5 comentários:

A. João Soares disse...

Comentário que deixei noutro blog:
Realmente, os nossos governantes com a sua inabilidade, conseguem inverter o fito da sua missão. Esquecem que a Educação tem por finalidade dar saber aos jovens e prepará-los para uma vida activa inovadora, produtiva, positiva, e voltam-se para a vulgaridade de fabricar estatísticas convencidos de que enganam o mundo, mas acabam por apenas se enganam a si próprios e aos cidadãos mais papalvos.
Há tempos li esta frase muito explicita: Há poucos anos atrás, um aluno começava o ano lectivo chumbado e tinha que trabalhar muito para passar no fim do ano; agora o aluno começa o ano passado e o professor tem de fazer muito esforço e ter muito trabalho para o chumbar se ele nada souber.
É a triste realidade do actual Governo.

Mariazita disse...

Meu caro João
Surpresa mas feliz por vê-lo aqui, reparei que havia comentários ao post "Aviso aos visitanrtes e comentadores". Fiquei, assim, a saber que vamos continuar a poder visitá-lo diariamente, como faço.
É certo que nem sempre comento...mas venho sempre ler as novidades. (os contadores de visitas deviam ter um registo identificativo das pessoas que nos visitam...)
Sobre o post de hoje:
Penso que é do conhecimento geral que os melhores resultados escolares apresentados não correspondem a um efectivo maior aproveitamento.
A realidade é que actualmente é quase impossível reter um aluno.
As dificuldades que o professor atravessa para o fazer são praticamente intransponíveis.
Dou-lhe este exemplo:
Uma mãe, muito próxima de mim, tem uma filha que começou por ser mal preparada desde o 1º.ano de escolaridade, a que se chamava 1ª.classe...
Tem vindo a ser "empurrada" de ano para ano.
Por várias vezes, em diversos anos, a mãe falou com as professoras, pedindo para que não a pssassem de ano, porque tem consciência de que a criança não está preparada para transitar de ano.
Até agora não conseguiu!
Lá continua, coxa, e assim seguirá certamente até à universidade.
Isto diz tudo, não?
Assim é fácil apresentar bons resultados escolares...
E mais não digo. Este assunto irrita-me demais!
Beijinhos
Mariazita

A. João Soares disse...

Cara Amiga Mariazita,
A sua frase «Assim é fácil apresentar bons resultados escolares...» dá muito que pensar. Esses números não podem chamar-se «resultados», por que não passam de uma falácia, um ludíbrio. Os resultados poderiam ser aferidos por exames elaborados por uma entidade independente, realizados com uma vigilância honesta e classificados por equipas isentas e sem terem de prestar contas ao Governo. É certo que temos estudantes muito válidos que vão fazer boa figura no estrangeiro, mas essa minoria, muito seleccionada, não constitui uma amostra aleatória válida. A média seria mais reveladora do resultado da qualidade do ensino.
Mas isso seria credível num País com outra gente, outro povo, outros políticos.

Sempre vou para fora, com um dia de atraso

Beijos
João

Anónimo disse...

Estou sem palavras! O "faz de conta" continua... Nas próximas eleições há que dar a resposta adequada pois pior do que sem vindo a ver é difícil que apareça!!!!

A. João Soares disse...

Caro Luís, Admiro a tua esperança em que isto melhore! Isso e saudável.
Mas já passei essa fase. Agora o meu partido é o voto em branco, sem um risco que é para não ser nulo e para significar que não sou comodista e me dou ao incómodo de ir à mesa de voto, para lhes dizer que não tenho confiança em qualquer político.
Já aqui escrevi ideias para métodos de regeneração da administração pública do País. Se não querem tornar mais sã a gestão da vida pública do País, então que contratem um estrangeiro, tal como faz a SPF que trouxe o Scolari e os clubes que trazem treinadores que pensam ser bons.
Um abraço
João