segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Embuste é ofensivo, coveiro não

Os políticos mostram carecer de civismo e de ética e, por vezes, abusam na forma descortês, como se tratam quando se sentem num palco com o apoio da plateia, ou perante a televisão vista por todo o País.

Hoje almocei com um socialista ferrenho que sente a necessidade de ostentar esse defeito (ferrenho) por pensar servir assim melhor de apoio ao filho que é deputado. Estava muito ácido por a líder do PSD ter dito que o PM é o coveiro da Pátria.

Durante a conversa houve concordância em que tais palavras foram muito duras e foi levantada a comparação da palavra «coveiro» com a palavra «embuste» com que o PM invectivou a deputada do PEV, em plena Assembleia da República.

Houve quem dissesse com ironia que a líder do PSD não teve razão porque o coveiro actua mais depressa e com mais competência. E quanto a esta última qualidade reportava-se ao anúncio na pág. 26922 do DR, oriundo da Câmara Municipal de Lisboa relativo ao concurso externo de ingresso para coveiro, cujo vencimento anda à roda de 450 euros mensais, sendo o método de selecção baseado numa prova sobre variados conhecimento relacionados com as funções. O coveiro assim seleccionado é, sem dúvida, competente e conhecedor do ofício.

Por outro lado, o embuste (mentira artificiosa, patranha, ardil, engano, enredo) a que o PM se referiu constitui uma ofensa para todos os partidos com assento na AR pois se trata de uma situação legal, à luz do pacote de regulamentações da AR, subordinadas à Constituição da República, da responsabilidade de todos os partidos.
Certamente que, apesar da liberdade de linguagem com que os políticos se mimoseiam, o PM não teria pensado nessa palavra antes de a pronunciar. Errar é humano.

Por outro lado, o PM encontrava-se numa posição de subordinação em relação à AR, aos partidos, aos deputados, pois a AR é o 2º órgão de soberania e o Governo é o 3º, e vai a S. Bento prestar esclarecimentos à AR sobre os actos da governação, carecendo de autoridade para hostilizar os partidos e os deputados da oposição. Ofensas aos juízes da parte de arguidos só têm sido vistas nos julgamentos de Avelino Ferreira Torres.

Parece, portanto não haver razões para repudiar a comparação ao coveiro por parte de quem acha natural a ofensa em plena AR a todos os partidos que aprovaram a legislação vigente que foi qualificada de embuste.

Como o País seria mais civilizado se os políticos dessem exemplos de mais civilidade, urbanidade e decoro nas suas relações em público!!!

4 comentários:

Pata Negra disse...

Este assunto é para entreter os cangalheiros, não a família do defunto!
Um abraço lapidar

A. João Soares disse...

Caro Pata Negra,
E, desta forma, se perde tempo precioso, sem analisar devidamente os principais problemas do País. Não se ouvem da boca dos políticos argumentos convincentes a favor ou contra qualquer solução. Ficamos sem dúvidas que eles querem apenas os jogos florais entre os partidos e não estão interessados naquilo que deve interessar às condições de vida da população.
E o País não se desenvolve e os impostos servem apenas para gáudio dos boys.
Abraço
A. João Soares

Anónimo disse...

Caro João,
É tão verdade o que dizes que após debates muito ruidosos e acalorados na AR passados na TV se podem ver os mesmos, que antes se degladiavam, a tomarem um cafésinho muito alegres rindo numa galhofa como se nada se tivesse passado. Mas aí não havia TV que mostrasse essa sua súbita mudança.

A. João Soares disse...

Caro Luís,
É uma autêntica palhaçada do pior gosto. Em vez de procurarem dignificar-se e conquistar o respeito e a confiança da população, fazem o contrário, comportando-se como rufiões da pior espécie.
Só lhes falta dizer em público os piores palavrões com consta que dizem em privado diante dos seus servidores.
Que respeito esperam do povo, depois destes maus exemplos? Mas, na realidade, a formação profissional (como políticos)e o currículo da carreira política não deixa esperar melhor.
Um abraço
A. João Soares