domingo, 17 de maio de 2009

Jovens que recuperarão Portugal

Ao pesquisar neste blog a palavra «jovens», encontram-se muitas referências a casos de jovens promissores que suscitam esperanças num Portugal renovado, mais próspero, com mais justiça social e bem-estar para a generalidade dos portugueses.

São as gerações mais jovens e as vindouras que terão sobre os ombros a pesada responsabilidade da recuperação de Portugal que tão danificado tem sido com más governações, servidas por políticos que pensam mais em si próprios do que no País que os elegeu. É vulgar ler-se e ouvir-se que «isto» tem que levar uma grande volta. Ela tem que ser conduzida pelos que ainda não estão viciados pelas actuais rotinas da sociedade, pelos que pensam pela própria cabeça e concluem que é preciso romper com procedimentos e hábitos nocivos, para reconstruir uma sociedade mais justa onde todos tenham direito à sua quota-parte de felicidade e não vejam outros a viver lautamente à custa da exploração dos desprotegidos pelo sistema.

Transcrevo na íntegra o artigo seguinte que merece ser lido atentamente até ao fim:

Alunos com vocação para a excelência

JN. 090517. 00h50m. Por HELENA NORTE

Distinguem-se pelas notas, mas não é isso que os faz estudar. Gostam de aprender, têm sede de conhecimento e são automotivados. Não correspondem ao estereótipo do "rato de biblioteca" e têm vida para além dos estudos, envolvendo-se em diversas actividades. Os métodos de estudo variam muito e não parecem ser determinantes para o sucesso. O prazer de saber mais é que os diferencia.

Método de estudo: "O método não é o mais importante. Estudar com prazer é que faz toda a diferença. Tenho uma paixão por aprender. Não estudo para tirar boas notas, isso é a consequência de saber."

Nos corredores da Faculdade de Medicina do Porto, já consta que não aparecia um aluno tão brilhante desde o tempo de Sobrinho Simões (eminente investigador na área do cancro). Ana Catarina Gomes está no 3.º ano com uma média invejável, destacando-se claramente como a melhor aluna da faculdade.

Ainda não tinha dez anos quando leu "Contos exemplares", de Sophia Mello Breyner, e a mensagem marcou-a inolvidavelmente: é preciso apreciar o que nos é oferecido, no momento, e não deixar para depois, porque quando voltamos atrás, já nada é igual. Para Ana Catarina, isso significa não desperdiçar qualquer oportunidade de aprendizagem.

Quando entrou em Medicina, com uma média de 20 valores do Secundário, tinha esperança de passar despercebida entre tantos bons alunos. Mas, rapidamente, deu nas vistas. Logo no 1.º ano, teve nota máxima no "cadeirão" de Anatomia. Desde então, colecciona prémios e mantém a média perto dos 19 valores. Quem a não conhece, julga que ela só vive para os estudos, mas Ana Catarina considera-se uma jovem normal, que gosta de sair e fazer amigos.

Os excelentes resultados que obtém nos exames não são o objectivo, mas a consequência. "Estudo pelo prazer de saber e discordo deste sistema de ensino centrado nos exames. Afinal, o objectivo é aprender ou fazer exames?"

Não faz noitadas a estudar em cima dos exames. Prefere estudar regularmente três horas por dia. Mas os seus dias não se resumem ao estudo. Nada diariamente uma hora, colabora num laboratório de investigação, estuda Inglês e Canto (já fez o curso completo de Piano), anda a aprender danças de salão e ainda tem tempo para fazer voluntariado no Instituto Português de Oncologia do Porto. Televisão não vê e com a Net não perde muito tempo.

Ana Catarina nunca precisou de estímulos para estudar. O perfeccionismo e o empenho exacerbados que dedica a tudo - "Quando faço alguma coisa, seja cortar uma unha ou dissecar um cadáver, gosto que fique perfeito" - são as bases da auto-motivação desta aluna que gostaria de fazer investigação na área do cancro da mama.

Método de estudo: "Estar atento às aulas e nunca sair da sala com dúvidas. E resolver muitos problemas, é assim que gosto de estudar"

Herdou os genes da Matemática do avô materno que, desde pequeno, o desafiava a resolver problemas. Nas viagens de carro, a mãe costumava fazer perguntas ao irmão mais velho e era Pedro quem respondia. Resultado: no Secundário, somou vintes e já ganhou três medalhas de ouro nas Olimpíadas de Matemática e outras distinções internacionais.

"É mesmo paixão. O que mais me fascina é resolver problemas novos, em que é preciso ser criativo, e não tanto fazer exercícios que consistam em aplicar a matéria dada", sublinha Pedro. Essa é, aliás, o método de estudo que prefere. Talvez por isso, Português seja a disciplina que menos gosta e a que tem a classificação mais baixa (19).

Pedro atribui as notas brilhantes ao facto de ter sedimentado bem os conhecimentos, de ano para ano. "Nunca deixei lacunas no meu percurso. Sempre consolidei bem os conhecimentos a todas as disciplinas."

Além de inteligência e estudo q.b., este estudante de 18 anos soma outros ingredientes fundamentais ao sucesso: ambiente familiar estável e estimulante e equilíbrio emocional, alcançado com uma diversidade de actividades - joga ténis, futebol, estuda piano e canto e gosta de sair e divertir-se.

"Gosto de estudar pelo prazer do conhecimento. Para entrar no curso que quero - Matemática aplicada à Computação -, não precisava de ter uma média tão alta."

Método de estudo: "Faço uma boa preparação para encarar os exames com confiança. À partida, acho sempre que vai correr tudo bem. E coloco-me na veste do professor e tento imaginar o que ele valoriza mais"

Direito na Universidade de Coimbra foi a escolha de Marta depois de ponderar vários cursos da área das Humanidades. "Foi a opção mais racional", explica, "porque é um curso que permite uma formação bastante alargada". Não quis trilhar o caminho dos pais e da irmã que são médicos e não se arrepende. Gosta muito do que estuda e é a melhor aluna de Direito e está entre os melhores de Coimbra.

Equilíbrio entre estudo e prazer e autoconfiança, construída com uma boa preparação, são os factores determinantes para enfrentar os exames, na visão de Marta.

"Não vou às aulas todas. Se fosse, não teria vida", realça. Para esta estudante do 4.º ano, com média superior a 18, é fundamental continuar a jogar ténis, ir ver a Académica ao fim-de-semana, conviver com a família, namorar e divertir-se com os amigos.

Planos para o futuro? "Ainda está tudo em aberto. Vou fazer mestrado, mas ainda não sei em que área, e não decidi se, a seguir, faço doutoramento ou começo a trabalhar."

Método de estudo: "Não tenho um método de estudo especial. Não gosto muito de ler teoria, prefiro fazer exercícios que me desafiem e mantenham-me desperto. E não deixo acumular as matérias".

Tiago é um jovem normal, que gosta de cinema, de jogos de computador e de sair com os amigos. Não corresponde ao estereótipo do "rato de laboratório" e, no entanto, é o melhor aluno da Universidade de Aveiro.

Embora sempre tenha tirado boas notas - ingressou no ensino superior com 18.35 valores -. só quando chegou a Aveiro, oriundo de uma pequena aldeia de Pombal, é que percebeu que poderia ser um aluno de excelência.

Mecânica é uma paixão antiga. Ainda era miúdo e já o fascinava perceber os mecanismos dos brinquedos. Era habitual, ele e o irmão desmontarem os carros e pegar nas peças e transformá-las veículo com novas funcionalidades. Quando chegou ao 9.º ano, e porque não tinha a certeza se poderia prosseguir os estudos na universidade, optou por um curso profissional de Mecânica.

A exigência do Ensino Superior aguçou-lhe o empenho e os resultados não tardaram a aparecer - detém a média de 18,28.

"Se não tiver trabalhos para fazer e se não for fim de semestre, não preciso de estudar todos os dias. Saio das aulas e estou com os meus amigos. Mas, quando é preciso, dedico-me totalmente ao estudo", frisa este futuro engenheiro para quem "há sempre tempo para tudo. Até para decidir o futuro, embora já esteja a trabalhar em projectos na área da simulação de processos de estampagem.

Tiago Jordão Grilo, 20 anos
3.º ano do curso de engenharia mecânica da Universidade de Aveiro
Prémios: Doutor Vale Guimarães (melhor aluno da UA); bolsa de mérito (aproveitamento escolar excepcional); bolsas de estudo (melhor caloiro e aluno do 1.º ano)

Ana Catarina Gomes, 20 anos
3.º ano de medicina na Faculdade de Medicina do Porto.
Prémios: diversos prémios por ter sido a melhor aluna a anatomia, fisiologia, biologia celular e molecular, genética, história da medicina, etc, melhor aluna do secundário.

Marta Nunes Vicente, 21 anos
4.º ano do curso de direito da Universidade de Coimbra
Prémios: prémio "Marnoco e Sousa" e prémio"Guilherme Moreira", atribuídos pela faculdade direito da Universidade de Coimbra

Pedro Sousa Vieira, 18 anos
12.º ano na área das ciências exactas. Pretende seguir matemática aplicada à computação, na Universidade Técnica de Lisboa.
Prémios: 3 medalhas de ouro nas olimpíadas portuguesas de matemática; diversas medalhas em competições internacionais.

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