quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Vale do Douro desprezado

É difícil compreender as linhas orientadoras, se as há, da acção dos governos que temos suportado. Não foi por acaso ou para dar nas vistas que aqui sugeria elaboração de um «Código de bem governar», aceite por todos os partidos representados na AR, com vista a fazer convergir todos os esforços para o objectivo de desenvolver Portugal, para benefício da população em geral.

Ocasionalmente ouve-se políticos, como acordados de um sonho fortuito, a falar do ambiente, mas depressa esquecem esse entusiasmo fátuo. Um exemplo disso foi dado pelo actual PM, quando era ministro do ambiente, mas esgotou-se a defender a co-incineração e nem se apercebeu que, para ser favorecido o projecto do Freeport, foi autorizado um corte «ad hoc» na área protegida do vale do Tejo.

Agora, após mais de quatro anos de governação surge a notícia de que está o « Parque Natural do Douro sem vigilantes». Na argumentação balofa a que estamos habituados, poderão os governantes dizer que confiam no civismo da população e no seu sentido ecológico responsável (!!!) o que não passaria de mais uma falácia, pois não se pode esperar do povo exemplos generalizados que os próprios governantes não dão nem seguem.

E apetece perguntar qual tem sido o papel da Quercus e de outras organizações afins, acerca deste abandono de uma região que tem muito valor pela defesa da diversidade das espécies, pela beleza turística e pela sua economia em vinhos, olivais e amendoeiras.

Haja coerência na gestão dos verdadeiros valores nacionais que não se compadecem com desleixos e abusos de mãos gananciosas. Apoie-se a campanha «Limpar Portugal» e interprete-se essa limpeza no sentido mais lato que for julgado conveniente.

4 comentários:

Maria Letr@ disse...

Amigo João Soares,
Pegando já pelo final do seu texto, parece-me existir uma outra organização paralela a 'Limpar Portugal' mas, muito sinceramente, quando li isso não estava com tempo para verificar bem do que se tratava. Li, porém, que tal limpeza estará marcada para o dia 30 de Outubro e não creio possível haver 2 eventos com a mesma finalidade, senão às tantas limpam políticos e tudo o que lhes aparecer, sujo, na frente.
A propósito do tema principal do texto, seria uma boa ideia propôr à Ná que, nos bons e muito úteis textos que escreve sobre os lindos recantos de Portugal, inserisse uma nota sobre aquilo que, em cada localidade, estivesse mal, propondo mesmo soluções para a sua correcção, segundo consultas suas feitas sobre esses casos.
Beijinhos.
Maria Letra

A. João Soares disse...

Eis uma boa sugestão.
Ela certamente não rejeitará o desafio. Conhece bem os problemas da região.

Um abraço
João

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Amigo João e querida Mizita,

Como sempre amigo João, um excelente texto onde estão bem patentes as suas preocupações ambientais, e não só.
Bem haja por isso... e vá pondo muito sal nestas feridas...vai pelo menos ardendo, doendo a alguns!!!

Quanto à proposta da Mizita, embora neste momento esteja um pouco limitada em questões de tempo (tenho um trabalho entre mãos ainda inacabado)e na iminência de aceitar um emprego, como intérprete a full-time (estou em negociações), podem contar comigo, como sempre, haverá sempre algum tempo.

Beijinhos

A. João Soares disse...

Cara Amiga Ná,

Sobre o turismo no Douro, vem jhoje no JN uma notícia interessante que, por ser pequena, transcrevo aqui

Só Madeira e Algarve batem região
JN. 090818. 00h30m. EDUARDO PINTO

O Douro está a ser mais procurado. Nos meses de Maio e Junho registaram-se taxas elevadas de ocupação hoteleira. Entre as entidades regionais de Turismo nacionais, só ficou atrás do Algarve e da Madeira.

A Turismo do Douro revelou, ontem, que a região que tutela foi mais visitada por turistas nacionais e estrangeiros no passado mês de Maio, tendo registado taxas de ocupação de camas na ordem dos "40% nos dias úteis e dos 60% nos fins-de-semana". A contabilidade mostra que naquele mês ficou à frente dos pólos turísticos da Serra da Estrela, Leiria-Fátima, Oeste, Litoral Alentejano, Porto Santo e Alqueva. Este último foi o que mais se aproximou do Douro, com taxas de ocupação de 37%. Ao fim-de-semana, a região duriense conseguiu mesmo ficar à frente das áreas regionais de turismo do Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve e a Região Autónoma dos Açores. Em Junho, a procura caiu ligeiramente por causa do apelo pelo sol e praia, mas subiu nos fins-de-semana, comparativamente a Maio, tendo-se registado ocupações de 63,6%. Desta vez, a Madeira conseguiu melhor resultado, com 66% em idênticos dias.

Os números de Maio e Junho levam o presidente da Turismo do Douro, António Martinho, a concluir que "a região está a ser cada vez mais procurada" e que tal facto "é bom para os empresários de hotelaria e restauração que investiram no Douro".

Este sucesso é "gratificante", diz Martinho, dado a aposta feita na promoção do Douro como destino alternativo ao sol e praia. É o caso da candidatura à lista mundial das Maravilhas da Natureza, o que deu mais visibilidade internacional. O medo de viajar para o estrangeiro, por causa da Gripe A, também terá contribuído para a opção de alguns turistas nacionais.

Um abraço
João