quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Cancro da mama e investigadores portugueses


Mais um caso exemplar de competência e capacidade de investigação surge no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto e foi levado ao conhecimento do mundo da ciência através da revista britânica «Oncogene». Motivo de satisfação para os portugueses e, principalmente, para todas as mulheres do palneta. Transcreve-se o artigo:


Identificada molécula responsável por metástases do cancro da mama
Público. 01 de Dezembro de 2009. Por Romana Borja-Santos

Imagine um polvo e um mexilhão. Este fica agarrado às rochas e, por mais fortes que sejam as ondas, não sai do mesmo lugar. O polvo, por outro lado, espalha os tentáculos e aproveita a sua elasticidade para se esticar ao máximo. É mais ou menos esta a diferença entre o cancro da mama que não tem metástases e aquele que invade a pele e outros órgãos. O "polvo" responsável por este tipo de cancro mais agressivo é uma molécula chamada caderina-P e foi identifica por investigadores portugueses num estudo agora publicado na revista britânica "Oncogene".

Os investigadores do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimut) descobriram que quando uma mulher apresenta níveis elevados desta proteína tem um pior prognóstico e tende a reagir pior às terapêuticas administradas, o que acontece em um terço dos casos. "Percebemos que sempre que a caderina-P é expressa nos carcinomas as doentes tinham piores prognósticos", explicou ao PÚBLICO Joana Paredes, que liderou a equipa responsável pelo projecto.

Uma caderina é uma molécula ou proteína responsável pelo mecanismo hemofílico de adesão celular. "Funciona como um fecho éclair", exemplifica Joana Paredes. Quando a caderina-P é muito elevada as células, nomeadamente as cancerígenas, ficam com uma organização interna diferente. Isto é, desprendem-se mais facilmente, tornam-se invasivas e podem entrar na circulação, acabando por afectar outros órgãos onde formam metástases.

Contudo, segundo a investigadora portuguesa é possível desenvolver anticorpos que bloqueiem o aumento desta proteína e que permitam, assim, controlar o aparecimento de metástases. Joana Paredes destaca também que o comportamento desta caderina é oposto ao da caderina-E, associada ao cancro gástrico. Quando os níveis desta proteína são baixos os doentes têm pior prognóstico. Na P, os efeitos são exactamente o contrário e é perante altas quantidades que a célula é induzida a produzir "enzimas que degradam a matriz de suporte".

Em Portugal, surgem todos os anos 4500 novos casos de cancro da mama e registam-se 1500 mortes.

2 comentários:

Luis disse...

Caro João,
Nunca é demais elogiar quem merece e neste caso até levanta a nossa auto-estima de português! Valha-nos isso!
Um abraço amigo.

A. João Soares disse...

Caro Luís,

Tem sido esse o meu objectivo. Criticar não é apenas o sadismo de dizer mal, de demolir. Acho mais importante as pistas para as soluções necessárias, o realce de casos exemplares que devem ser imitados. Procuro estar atento e, se acho algo que precisa ser melhorado, refiro-o sempre com boa intenção, colocando acima de tudo o interesse das pessoas, principalmente das mais desfavorecidas que são vítimas de incompetências ou aubusos de quem tem o dever de as proteger e dirigir no bom sentido.

Um abraço
João