segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Como se gera a dívida pública

Transcrição de artigo do blog «Kerodicas»

Estado paga 99,500€ por um site baseado em open-source

Para quem não sabe, no passado dia 5 de Outubro passaram-se 99 anos da Implantação da República em Portugal. Ainda antes das comemorações oficiais, em Julho, foi lançado um site, o Centenário da República (uma antecipação à comemoração do centenário da data em 2010), cujo agora se sabe que o custo total foi de 99, 500 euros, apesar de ser totalmente baseado em ferramentas open-source, ou seja, totalmente grátis.

O site baseia-se nomeadamente no CMS (Content Management System) Drupal, totalmente gratuito, e utiliza o tema Zen, igualmente gratuito.

Por mais adaptações visuais e modificações que a empresa responsável possa ter efectuado no site, o que é certo é que tanto o Drupal como o Zen já ofereciam uma base bastante sólida e completa para trabalhar, portanto é deveras exagerado este valor final do projecto. São quase 100 mil euros!

Quantia essa retirado dos cofres do Estado, onde, adivinhem, sim, está o dinheiro dos contribuintes.

A empresa responsável pelo projecto é a Henrique Cayatte – Design, Lda, e o seu Presidente é também, por mera coincidência, Presidente do Centro Português de Design.

Agora fica a questão: valerá este investimento a pena? Não será em tempos de crise algo demasiado “casual” (sim 100,000 não é quase nada nos milhões dos cofres do Estado, mas seguindo essa linha de pensamento…)?
Este artigo foi publicado no dia 30 Novembro, 2009 às 23:16.

7 comentários:

Bruno disse...

Conheço quem faça sites bem mais complexos, por cerca de 400 a 500 euros, e com manutençao vitalicia assegurada por apenas mais 100 euros por ANO!

Mas ao Exmo Sr. presidente do Centro Portugues de Design, nao poderiamos nunca pagar um valor tao simbolico!

Alias, por um site tao bem construido, e conseguido... com os mapas do sapo e calendario, e mais algumas aplicaçoes que devem ter dado imenso trabalho, acho que o estado portugues deveria ter atribuido um extra, alem dos 100 000 € base, por serviços extraordinarios prestados à nação!

A. João Soares disse...

Caro Bruno,

Infelizmente muitas das despesas públicas são empoladas porque servem para enriquecer os amigos. Há muitos gabinetes de «estudos» que não funcionariam se não fossem as encomendas dos «donos» do Estado. Isto não é dizer mal. Quando se falou o escândalo de quererem o aeroporto na Ota, o argumento mais repetido e sem lógica era que havia centenas de «estudos» a defender que essa era a melhor solução. Pergunta-se porque foram encomendados tantos estudos para reforçarem a solução teimosamente desejada pelos ocupantes do poder. Afinal nem eram estudos sérios ou então porque acabaram por decidir pelo Alcochete?
O mesmo se passou com o Magalhães, encomendado sem concurso público. e com este site aqui referido e com muitas outras despesas. Os contribuintes que paguem e não refilem.

Um abraço
João

Bruno disse...

Eu refilo. e o carissimo Joao tambem refila!
por isso comecei a seguir este seu cantinho, desde que o descobri!
muito obrigado por isso, pelas suas ideias e por nos permitir assistir e comentar os seus pensamentos e descobertas!
um abraço!

A. João Soares disse...

Caro Bruno,

Permita que corrija a sua afirmação. Não refilo. Apenas, a propósito de notícias que me chegam, analiso as coisas em função dos bons princípios e deixo sugestões mais ou menos claras para que Portugal venha a ter melhores dias.
Proc8uro, nessas sugestões, não deixar de ser isento e apartidário, tendo em vista apenas um futuro melhor para todos os portugueses.

Um abraço
João Soares

Luis disse...

Caríssimos,
Pessoalmente também não compreendo o valor por que foi pago tal site! Calculo que o tal senhor seja amigo do peito de quem encomendou tal site ou então que este seja tão "ignorante" e "irresponsável" que não se tenha apercebido do preço disparatado apresentado...
Há coisas que custam a "engolir"...
Um forte abraço.

Maria Letr@ disse...

Claro que tudo isto é possível porque não há quem acabe com uma fila de "tachos" feitos em série, que me parece terem duração vitalícia. Nos meus "Contos da Avó Mizita", eu até pretendi arranjar uma forma de acabar com o "tacho Mor", não acredito é que dê resultado, porque a história é para crianças.
Um abraço.
Maria Letra

A. João Soares disse...

Querida Amiga Mizita,

Não há solução pacífica para acabar com esta pouca vergonha. Eles têm o poder de decisão e ao bando já é tão numeroso que é indestrutível. Resta a solução da violência, que na Itália já mostrou as garras.
Os políticos deviam pensar que o povo acaba por se cansar de ser abusado e deviam começar a ser mais sérios. Os casos do rei D. Carlos (1-2-1908), John Kennedy 22-11-1963, Anwar el Sadat (6-10-1981), Indira Gandhi (31-10-1984), Olof Palme (28-2-1986), Rajiv Gandhi (21-5-1991), Berlusconi, deviam ser motivo para meditação. Se alguns eram inocentes, isso só mostra que a violência raramente é justa. Depois paga o justo pelo pecador.
Veja-se o caso escandaloso da despesa para construir um mastro de bandeira em Paredes por um milhão de euros.
Não há controlo e muito menos justiça aplicada aos políticos.

Beijos
João