sábado, 12 de junho de 2010

Situação a precisar de boa terapia

Transcrição seguida de NOTA:
Insustentável
Jornal de Notícias 12-06-2010. Por Pedro Baldaia

O presidente da República considera que a situação do país é "insustentável", enquanto o primeiro-ministro considera que não, que é apenas "difícil, como no resto da Europa. Quem tem razão é Cavaco, mas Sócrates dá uma ajuda, porque de facto a situação é insustentável em toda a Europa. Tem razão Sócrates quando destaca do discurso presidencial o apelo à união, ao compromisso, entre políticos, patrões e trabalhadores, para tirar este país desta crise onde cresceu.

O país não entrou em crise, o país tem-se desenvolvido em crise. Em crise de valores, em crise de justiça social, em perda de legitimidade da classe política. É insustentável sair desta crise económica sem cuidar de construir outro país. É insustentável manter esta Europa sem fazer dela uma federação com direitos e obrigações iguais para todos.

Temos de ser mais exigentes na produção de riqueza e na sua distribuição, sem demagogias, mas também sem medo de ser politicamente incorrecto e exigir que os especuladores que acumulam não possam esconder a cara atrás das leis do mercado.

É insustentável que os próximos governos se limitem a fazer o que fizeram todos os governos desde que Portugal aderiu à União Europeia. Não chega receber de Bruxelas e despejar pelo país. São precisas ideias. Ideias que não tiveram Cavaco, Guterres, Durão, Santana e Sócrates. Uns melhor e outros pior, limitaram-se a conduzir a direito.

É preciso gente nova, gente que não tenha medo de perder eleições na tentativa de ganhar um país mais justo e solidário.

NOTA: Uma interessante abordagem do problema. Neste blog podem ser encontrados textos que dão mais amplitude à análise da situação «insustentável». Podem ser pesquisados pelas palavras: ruptura, jovens, código, crise, reestruturação, governar, interesses nacionais, etc.

4 comentários:

Luis disse...

Caro João,
Mais um post muito actual e alertando para o essencial. Os que deviam ser responsáveis até por vezes, poucas, têm palavras acertadas mas quanto a actos ficam-se nas "baias"!
Era bom que começassem a ligar as boas palavras aos actos para sairmos desta crise que se arrasta há muitos anos. Começa a ser uma crise também do "regime"!
um abraço amigo.

A. João Soares disse...

Caro Luís,

O artigo termina com a solução. É preciso gente nova, que não tenha medo de acabar com tudo o que esteve na origem da crise que reestruture o funcionamento da vida nacional, para não continuarmos a ser pasto dos parasitas que apenas querem enriquecer, sem olhar a meios. Tudo é válido e abusam das imunidades e impunidades, fazendo legislação que permite criar excepções à lei geral em todas as instituições públicas empresas públicas e empresas que servem de asilo a políticos na reforma.

Um abraço
João
Saúde e Alimentação

Anónimo disse...

Acabo de ler e o que me ocorre?
a)Fernando Nobre, candidato a PR;
b)Dois partidos 'virgens' das últimas duas décadas de Bloco Central, mas pelos vistos incapazes de dar um salto para a sociedade de mercado.
Constituir alternativa de facto.
Poderão porventura, estar interessados em manter-se nos estatutos actuais?
Cumpts
Bmonteiro

A. João Soares disse...

Caro Barroca Monteiro,

Isto dá muito que pensar. Sugiro que visita o post com o mesmo título em Do Mirante e veja os comentários de muita qualidade que lá estão.
Portugal precisa de uma cirurgia ou de uma terapia de urgência aplicada com força e determinação. Vejamos o que as gerações mais novas querem preparar para o seu próprio futuro.
É preciso talvez não a guilhotina, mas um pesticida, um insecticida, um raticida que limpe Portugal das sanguessugas que lhe estão a saquear todos os valores.

Um abraço
João
Do Mirante