sábado, 26 de junho de 2010

Tarefa de um governante

Parece que as funções dos governantes devem ser governar o País, defender os interesses nacionais, isto é, garantir o melhor futuro para a Nação, os portugueses, em todos os sectores das suas actividades. Governar é cuidar, especialmente dos pobres, dos que mais sofrem, dos humilhados e ofendidos. Governar é cuidar todos os dias para que a população possa ter uma vida com boa qualidade e tenha confiança nos destinos do País e esperança no futuro dos seus descendentes. Para isso é preciso definir o objectivo a atingir, a estratégia a seguir para essa finalidade, analisar seriamente as necessidades e tomar decisões oportunas, adequadas e coerentes com a estratégia, para se fazer uma gestão rigorosa dos recursos que devem ser sempre considerados escassos.

Como gerar a confiança e a esperança?

Ela aparece na mente das pessoas perante actos governativos correctos, honestos, bem intencionados, dentro dos valores éticos do espírito de servir a população e o País. São as medidas correctas bem definidas, bem controladas e continuadas que poderão criar esse estado de espírito positivo que só pode ser gerado pela boa governação.

Porém, o PM disse na AR que A tarefa de um político é dar uma palavra de confiança. Trata-se de uma afirmação redutora e que traduz a visão errada, assente na palavra, que conduziu á grave crise que atravessamos. Ela mostra a intenção de iludir o povo com mais mentiras para lhe criar falsas esperanças. Em vez de acções e de medidas concretas e correctas, de realizações sensatas, para bem do povo que iriam inspirar confiança, jogam com meras palavras que, por mais eruditas que sejam, para pouco servem a não ser iludir o povo já demasiado explorado e sacrificado pela ganância de um conjunto de exploradores dos recursos nacionais em proveito próprio. De palavras já estamos fartos e descrentes. Elas fazem parte das manhas de vendedores da banha da cobra.

Vale a pena reflectir no diagnóstico da evolução da crise e nas medidas de emergência a serem tomadas sem demora, conforme dito em A crise está a começar, disse Jacques Attali, e lutar contra a situação nacional vigente em que somos levados a acreditar que a incompetência é geral e que os políticos não conseguem merecer a nossa confiança porque parecem ser um bando formado pela escória da sociedade, chicos-espertos, deslumbrados, que se candidataram e conseguiram iludir o povo e sacar-lhe o voto. Isto passa-se com os de todos os partidos que, desde há décadas, vêem afundando o País, salvo eventuais excepções.

Os nossos netos terão de pagar as dívidas que as gerações dos pais e avós lhes deixam em herança. Há que seguir o raciocínio de Attali e tomar as medidas mais acertadas para salvar Portugal e a Europa. Mas livremo-nos de palavras balofas sem conteúdo que apenas criam ilusões, não evitam as crises nem as curam quando surgem. Antes de falar deve pensar-se se isso é mais importantes do que o silêncio.

Imagem da Internet.

6 comentários:

Mentiroso disse...

É pouco. Falta o resto.
Continuando a ver o ladrão de botas e a ignorar e até mesmo aplaudir o assassino, só poderemos continuar a agravar o mal que já existe. Os resultados estão bem à vista e as alusões que encobrem as causas são bem piores do que as as que encobrem esses resultados.

Quanto aos que cá ficarem, filhos e netos, não estarão e irão eles pagar os procedimentos dos pais? Difícil de compreender que se lamentem por terem obtido aquilo por que se aplicaram em obter. Não é de crer que se pudesse ter esperado algo diferente. Nem um fugido do Júlio de Matos o pensaria!

A. João Soares disse...

Caro Mentiroso,

E o pior é que as possíveis soluções estão sabotadas. Na UE, há uma cumplicidade geral com uma polícia de intervenção pronta a actuar em qualquer parte do continente. Attali teve dificuldade em indicar um político capaz de equacionar o problema e apresentar uma solução e esse não tem poder político para tomar decisões.
Será que esperamos que venha o Bin Laden resolver a questão? Essa não será a melhor solução.

Abraço
A. João Soares

Pedro Coimbra disse...

Palavras de confiança, que ocultem a realidade, soam a atestados de burrice passados a quem são dirigidas.
Era algo que gostaria que o nosso PM entendesse de uma vez por todas.
É melhor não mascarar a situação real, é melhor pedir a ajuda de todos, o empenhamento de todos, para a ultrapassar.
Viver na ilusão foi precisamente o que trouxe o Mundo até este caos económico e social.
Já é tempo de dizer basta e de nos vermos livres de vendedores de ilusões.
Um abraço

A. João Soares disse...

Caro Pedro Coimbra,

As suas palavras são muito sábias. É preciso tomar decisões correctas e urgentes. Mas, como diz Attali (ver post anterior), «estamos a lidar com os políticos que são do século XX. Estão um século atrasados.»
Vemos o PM a aconselhar camuflagem, fumaça, areia para os olhos, mentira, na continuação dos erros que originaram a crise.
O próprio PR com a sua preparação académica podia e devia ter interpretado os sinais que anunciavam a crise e «ensinar» com persuasão as soluções. Será que ele previu? E sabia o que devia ser feito? Se previu e sabia, então porque não agiu em conformidade?
Conclui-se que todos os sábios do País, se os há, estão cúmplices no desastre. Foram coniventes com os causadores dos desmandos que estão nas causas.

Um abraço
João
João

Luis disse...

Caro João,
Ernâni Lopes no Programa Plano Inclinado indica pistas, algumas delas por ele experimentadas com exito para resolver a crise. O que acontece é que os actuais (des)governantes não querem ou não sabem como fazer!!!
Um abraço amigo.

A. João Soares disse...

Caro Luís,

Sem ética é impossível viver em sociedade, e muito menos gerir um País. Falta-lhes sentido de Estado, sentido de responsabilidade, sem noção dos deveres que têm para com os cidadãos, contribuintes, eleitores, sem respeito pelo dinheiro público.

Enfim, não são uma elite de que o povo se possa orgulhar, cujo exemplo deva ser seguido.
Não governam o País, governam-se a si próprios e defendem os interesses próprios dos ses cúmplices, apaniguados, coniventes, companheiros do bando.

Haja políticos sérios, honestos, dedicados ao País e com coragem moral e intelectual para tomar as decisões correctas. Mas haja também um código (os 10 mandamentos) da política, que meta um pouco de ética na actividae dos políticos.

Um abraço
João