quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Decisores e assessores

Transcrição seguida de NOTA:

A Prova dos Nove dos nossos políticos
Destak. 02-09.2010. Por Isabel Stilwell. Editorial

Se os chefes dessem a importância devida ao papel da secretária, ou os políticos ao dos assessores, uns e outros teriam muito mais cuidado nas suas escolhas.

Deles depende em absoluto, a sua própria imagem, e quanto mais emproado, maldisposto e bipolar for o chefe/político, mais devia investir em que quem dá a cara por ele tivesse as qualidades opostas. Alguém que pudesse, a todo o instante, esconder esses defeitos, e vendê-lo como uma pessoa difícil, mas de coração de ouro; competente, mas com problemas pessoais em vias de resolução; inteligente, mas temporariamente embrutecido pela crise económica.

Ou seja, criaturas heróicas, capazes de engolir sapos e manter a lealdade, e capazes de levar quem as rodeia a acreditar que «aquele cretino não deve ser assim tão mau, porque pelo menos sabe escolher a equipa».

Infelizmente os chefes mais broncos, sejam patrões de uma multinacional, de uma empresa pública, políticos em lugares de destaque, ou donos de um estabelecimento comercial tendem a seleccionar os seus assessores à sua imagem e semelhança, o que se não é de estranhar, resulta numa desgraça a dobrar.

É como se um dissesse mata e outro esfola, aumentando exponencialmente, a cada minuto que passa, o ódio de quem tem de trabalhar para eles. Felizmente, nestes casos, quando finalmente o de cima é despedido, a secretária segue-lhe os passos, o que abre uma clareira de esperança em qualquer empresa.

Sinceramente, se fosse de uma dessas agências de ratting que anda por aí a avaliar o futuro da nossa economia, mensageiro do FMI ou investidor estrangeiro, o primeiro levantamento que faria era o da qualidade das secretárias do País. Proponho mesmo que, nas próximas eleições, os debates televisivos sejam entre as secretárias e os assessores dos nossos políticos e gestores porque, afinal, são eles a prova dos nove da sua qualidade (ou falta dela).

NOTA: Este texto suscita reflexões com alguns pontos comuns ao texto do capítulo Decisores e Assessores do livro Tempos Difíceis aqui citado em 01.08.2010.

Imagem da Net.

2 comentários:

Saozita disse...

Boa tarde, caro amigo João Soares.
A Isabel relativamente à imagem tem toda a razão, no que deveriam ser as secretária(o)s e assessores de políticos! Por outro lado é bom que assim sejam as escolhas à imagem e semelhança dos patrões, caso não o fosse, o povo que anda enganado pelas mentiras e retórica dos políticos, passaria a andar mais enganado aínda.

Tenha um bom dia.

Bj.

Sãozita

A. João Soares disse...

Amiga Sãozita,

Há duas maneiras de encarar os assessores.

Na actualidade são de total inutilidade, servindo apenas para arranjar tacho ao menino sem competência para a competição privada e preparando-lhe currículo para uma carreira de político à semelhança das desgraças que já conhecemos. Aumentam exponencialmente as incapacidades do chefe, apoiando e aplaudindo todas as suas asneiras para ser bem visto e colher os benefícios do apoio do padrinho.

A solução correcta, com moral e com ética seria a do assessor admitido por concurso público, com saber e idoneidade, que soubesse estudar os problemas e preparar as decisões, com uma metodologia do tipo Pensar antes de decidir, o que os levaria a serem altamente positivos para o País, evitando decisões do chefe tomadas por capricho ou impulso imponderado. Evitariam os muitos erros que têm sido feitos e que levam o Governo a recuar. Não seriam úteis apenas na imagem dos chefes, mas evitariam a estes muitos erros que saem caros ao País.

Infelizmente a realidade é que os assessores são meninos desvalidos que encontram asilo no gabinete de um amigo que lhes dá carro, bom ordenado, mordomias, poder de influência cujo tráfico lhes é rendoso e caminho de acesso a cargos de maior projecção, na máquina do Estado e na civil como o «boy» que no ministério esteve ligado aos chipes das matrículas e que depois foi para a empresa que os vende ao Estado!!!

Compreendo bem a oportunidade do artigo Da Isabel Stilwell, embora o aspecto que lhe deu não evidencie certos pormenores que merecem ser realçados.

Beijos
João
Só imagens