domingo, 19 de setembro de 2010

Opção pelo défice para atrair eleitor

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O complexo Evita

O principal motivo de sobrevivência política de José Sócrates é que entre obrigação perante o País e a devoção ao eleitor, prefere sempre o eleitor. Além dos interesses que estão acima desta dicotomia. Então, entre o equilíbrio das contas e o despesismo da subsidio-dependência, o Governo opta pelo défice, pelo deslize da encosta do orçamento abaixo, até pelo pagamento de juros mais levados. De subsídio em subsídio até à bancarrota do Estado.

Sócrates sabe que a sobrevivência do seu Governo, com todos os casos e trapalhadas e desorientação deste final de semana, após a aceleração da subida dos juros das obrigações do Tesouro, depende da preferência política do eleitor (não do povo, mas do eleitor isolado). Eleitor que, sofrido nos seus compromissos financeiros, prefere,até ao incumprimento das prestações pelo primeiro-ministro (que até agora não lhes falhou!), alguém que lhe mantenha o subsídio, a pensão e o salário, acima do que sabe o País pode pagar, do que um governante que lhe diminua esses benefícios em nome da sustentabilidade do Estado. Essa preferência pelo eleitor pode ser denominada de complexo Evita.

Se a Espanha, e até a Grécia, mostram uma poupança face à despesa orçamentada, o Governo socialista português esconde os números porque os que tem são desagradáveis aos mercados financeiros que esperavam responsabilidade. E, como os devedores incumpridores que não pagam a prestação imposta pelo banco e depois, para espanto dos credores, afiançam pagar uma prestação ainda maior, para evitar a insolvência, assim faz o Governo que não foi fiel no pouco e promete ser fiel no muito. Quanto mais o Governo adia o corte na despesa, maior a redução da despesa tem de ser, para sossegar os mercados e instituições cada vez mais alarmadas com a deriva financeira do Governo socialista português.

Publicado por António Balbino Caldeira em Do Portugal Profundo em 18-09-2010.

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