quarta-feira, 27 de abril de 2011

Aceitar versus reclamar

Trago aqui o comentário que ontem coloquei no post muito interessante de Celle PROVOCAÇÃO: TU ACEITAS???, por julgar merecer maior visibilidade do que no espaço em que está.

Este post é de grande interesse e elevado nível e muito dignifica o blogue. Parabéns Amiga Celle.

O texto alia o plano teórico ao prático das relações entre pessoas e instituições, incluindo os aspectos familiares.


Nos casos concretos, aceitar ou reagir é um dilema que deve resolver-se de forma correcta, através do melhor entendimento.

Nas relações entre as pessoas, deve seguir-se a norma: Respeitar os outros como queremos ser respeitados, não fazer aos outros o que não queremos que nos façam.

Aceitar, tolerar, ilimitadamente acaba por ser uma atitude patológica, de masoquismo com foros de martírio suportado voluntariamente. A fim de contribuirmos para um relacionamento social saudável devemos compreender os outros, as instituições, mas exigirmos respeito por nós próprios, pelos nossos direitos e não permitir que alguém abuse do seu poder em nosso prejuizo. Isto conduz-nos ao acto de reclamar.

Reclamar serenamente, mas com a intensidade e consistência adequadas de modo a impedir a continuação e a repetição dos actos lesivos dos nossos direitos. Reclamar ou criticar deve ter sempre como finalidade contribuir para que se dê o melhor rumo aos assuntos em questão. Toda a crítica deve conter, mesmo que apenas implicitamente, uma sugestão positiva, construtiva.

Por vezes, comete-se o erro de aceitar continuadamente até ficarmos com o saco cheio e depois, sob o efeito da ira, reclamar sem racionalidade, sem proporcionalidade com o motivo da ocasião e tal excesso acaba por fazer perder a razão ao reclamante. Há, por isso, que reclamar atempadamente com a serena força da razão e exigir que o respeito mútuo seja restabelecido ou nem sequer chegue a ser quebrado.

E se reclamar é considerado um direito, tem que passar também a ser tido como um dever, porque tal atitude contribui para o melhor relacionamento na sociedade e para a mais equitativa justiça social. Mão compete ao homem perdoar ou castigar mas apenas compreender e exigir que se cumpra a norma referida no início desta reflexão. Reclamar ou criticar não deve ser feito de forma foleiro, ressabiada, crispada, mal-educada, infantil e sem sentido de responsabilidade, no estilo evidenciado por José Lello.


Imagem do Google

3 comentários:

Zé Povinho disse...

Muitas vezes discordamos mas não temos grande chance de reclamar, e mesmo reclamando é raro alguém estar disponível para nos ouvir. É certo que se tudo se aceitar sem reclamar, nada mudará, porque o poder tende a ser cego, surdo e mudo, limitando-se a impor a sua vontade.
Abraço do Zé

A. João Soares disse...

Caro Zé Povinho,

As suas palavras traduzem uma realidade concreta. Mas cabe a todos nós alterar este estado de coisas. Imagine que nas legislativas, todos os que se abstiveram nas anteriores, irão agora reclamar de outra forma a sua discordância do regime que nos suga as energias, indo votar em branco.

Os menos atentos dirão que é a mesma coisa. Mas não é: em vez de se dizer que houve uma maioria de indiferentes, apáticos, comodistas, cobardes, etc, dirão que uma maioria foi às urnas para mostrar que não confia em nenhuma das listas candidatas.

Isto não altera a distribuição dos votos tal como a abstenção não altera. Mas mostra uma posição activa, visível, de que não se vê que seja a mudança de partido no Poder que alterará o rumo maldito que Portugal está a seguir.

Votar numa lista que tenha um foleiro, crispado ou um «fanador» de gravadores ou indivíduos que na sua autarquia cometeram irregularidades que os levam a ser arguidos, é ser conivente ou cúmplice com tais desmandos. Há que ter muito cuidado no acto de votar, é preciso saber em quem se vota, quem faz parte das listas, se se concorda com a sua idoneidade.

Um abraço
João
Saúde e Alimentação

Táxi Pluvioso disse...

Toca a aceitar, isso é a essência da democracia, o povo vota, faz festa, e os escolhidos governam, ou fazem o que lhes der na gana.