sexta-feira, 2 de março de 2012

Gaspar não previu e está em pânico...

A notícia Gaspar em pânico com quebra abrupta das receitas da Segurança Social e do IRS, mesmo apenas pelo título, faz recordar a frase de Camões «não louvarei capitão que diga não cuidei». Pois é Sr. Ministro, como é possível não ter previsto estas quebras e outras, depois de decretar uma austeridade feroz que secou as fontes dos impostos?

E a lógica faz prever que isto não fica assim, vai inchar! Se fizer bem as contas, há-de notar que o IA (Imposto Automóvel) também baixou pois a quebra das vendas, segundo as notícias, foi de cerca de 50%. A queda do IVA, apesar dos aumentos brutais dos produtos alimentares, também deve ser notável pois as lojas estão paradas por falta de poder de compra dos potenciais clientes e algumas já fecharam, indo aumentar o desemprego e reduzindo o IRC e o IVA.

O trânsito automóvel tem vindo a reduzir-se e, em consequência, os combustíveis estão a vender menos, do que resultará diminuição dos respectivos impostos. Os desempregados, deixando de receber, fazem reduzir a colecta do IRS.

Estas rápidas observações de um leigo parecem lógicas e, por isso, admira que o Sr. ministro se espante com as quebras dos impostos. E tudo leva a crer que isto vai piorar. A solução não está no agravamento da austeridade mas em a economia aumentar a produção de bens vendáveis e exportáveis e, para isso, não bastam palavras bonitas sobre estágios e novas instituições de emprego que conduzem a nomeações, para o seu enquadramento, de «boys» do clã, que serão os únicos beneficiados com tal tipo de redução de desemprego.

Não é novidade e muitas vezes tem sido escrito em vários locais que este tipo de problemas de gestão ou de governação precisam de soluções abrangentes de todos os sectores que interagem com aquilo que é mais visível. Mexer apenas no aparente e deixar o resto a apodrecer só agrava a situação na sua globalidade.

Por tudo isto, não entre em pânico Sr. ministro. Está a ceifar a seara que começou a semear há já mais de oito meses. O pior é que os 10 milhões de portugueses que têm vindo a ser explorados continuarão a ser as vítimas dos governantes que tiveram e têm.

Imagem de arquivo

2 comentários:

Anónimo disse...

A cara dele não engana:estamos em presença de um ET que não sabe lidar com a realidade!...
O pior é que há mais como ele que não conhecem o país em que vivem...

A. João Soares disse...

Caro Comentador
Transcrevo um comentário aqui colocado há dias, por se aplicar a este caso:
O mal vem de longe, pois realmente desde há 38 anos, principalmente desde o descalabro depois da entrada para a CEE, O itinerário tem sido uma rampa para o abismo. Os portugueses, em geral, somos culpados porque não soubemos usar a democracia para fazer parar o descalabro. Agora, com a viciação dos partidos e dos políticos, é cada vez mais difícil o povo sair da sonolência ou coma induzido para inverter a queda.
Os opinadores com algum peso e influência e os políticos limitam-se a falar e não apontam saídas. Os sábios economistas ficam-se pela repetição de teorias que já fizeram história mas não impediram a crise nem apontam soluções inovadoras adequadas ao problema actual, real, concreto.
Temos que dar crédito a Paul Krugman quando diz: a crise na Europa e no mundo deve-se ao fracasso dos economistas
Tem sido aqui escrito, várias vezes, acerca da arrogância e ostentação de intelectualidade, por vezes muito discutível de possuidores de graus académicos obtidos depois de trocas de influências e assinados «ao domingo».
Sem ter a ver directamente com o tema do post mas a confirmar as palavras anteriores, provam o complexo dos políticos em relação a graus de cultura, na firma como foi decidido sobre o túnel de Belas na CREL devido a uma pegada de dinossauro, sobre a compra da «pedreira do galinha» na Serra de Aire devido a pegadas de dinossauros, e sobre a paragem das obras de construção da Barragem de Foz Côa devido a «gravuras rupestres». Estes problemas vistos agora vêm dar razão aos muitos defensores de soluções diferentes.

Enfim, temos de concordar com Paul Krugman e generalizar para o conjunto dos políticos (salvo eventuais excepções) que se têm oferecido para gerir os destinos do País.

Vítor Gaspar tem mostrado que, como a maior parte dos políticos, desconhece as realidades da vida dos portugueses e, para agravar as coisas, sabe fazer contas mas não compreende os problemas a que as aplicar e ignora as influências que elas acabam por ter na vida das pessoas, da economia nacional.
Aplica-se-lhe o que a professora brasileira Maria da Conceição Tavares quanto à má aplicação de modelos matemática a uma ciência que deve ser social, dedicada às pessoas, a Economia Política.
Cumprimentos
João