quarta-feira, 14 de março de 2012

Que futuro nos preparam ?

A actual situação, apesar de fantasiosas palavras optimistas e frequentes «garantias» sem fundamento, é muito séria e não é visível predisposição para procurar, de forma ousada e lógica pistas para soluções sólidas e sustentáveis para os superiores interesses nacionais.

O ex-primeiro-ministro grego Georgios Papandreou, com a experiência vivida no seu País, considera que Portugal corre o risco de seguir o mesmo caminho da Grécia se não houver uma solução europeia para a crise.

A nível dos poderes financeiros mundiais, «Com a declaração da Grécia em incumprimento restrito ou selectivo e um leilão de credit default swaps ligados à dívida helénica marcado para a próxima segunda-feira, Portugal ocupou o primeiro posto do «clube da bancarrota». O foco de atenção dos investidores vai, agora, virar-se para Lisboa.»

Por cá são frequentes e variados os alertas para a necessidade de decisões corajosas e bem preparadas para bem dos portugueses. Agora em Coimbra, no debate seguido à apresentação do livro "A Classe Média: Ascensão e Declínio", do professor Elísio Estanque, da Faculdade de Economia de Coimbra, são merecedoras de reflexão as palavras de José Pacheco Pereira e de Manuel Carvalho da Silva de que se reproduzem algumas:

De Pacheco Pereira, antigo deputado do PSD e professor universitário:

"Isso é, quanto a mim, o maior risco para a nossa democracia. Não é tanto que haja um golpe militar, ou que haja uma tentativa autoritária", disse, frisando que o ambiente de crise o favorece, com "uma forte deslegitimação do sistema político, dos políticos e dos partidos".

Democracia e demagogia "são completamente diferentes, mas muito parecidas", pois "ambas têm uma forte presença daquilo a que podemos chamar opinião popular", com a segunda a recorrer muito aos meios que a Internet propicia.

"Estamos a atravessar um momento de muitos perigos. Essa possibilidade demagógica e populista virá pela televisão, por alguém que será simpático para um número significativo de pessoas e que fale a linguagem anti-política", afirmou, salientando que tanto pode ser de direita como de esquerda e até pode passar por eleições.

Na sua perspetiva, "o populismo ganha eleições e depois governa-se sem lei ou com pouca lei. E como há uma grande desagregação do sistema judicial e uma grande desagregação da autoridade do sistema judicial, uma desagregação, no fundo, do primado da lei, está criada essa cama".

Se "a cama está posta", diz que é uma questão de ver "quem se deita nela", pois já "houve tentativas que não vingaram".

Quanto á actual obsessão pela austeridade, defendeu que "há que ser ponderado, e que ter em consideração não apenas questões de ordem económico-financeira, mas questões de natureza social e política", e acrescentou que no final pode não haver capacidade para introduzir dinamismo na economia, pela destruição de "uma classe média frágil".

De Carvalho da Silva, ex-director da CGTP e investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra:

Advertiu que o empobrecimento dos estratos considerados da classe média não esconde um outro facto, a "pobreza imensa" que existe.

"Este empobrecimento do emprego, das condições materiais das pessoas, dos salários, da retribuição do trabalho, vem associado a um empobrecimento da democracia, quer pela perda de dimensões do Estado Social, quer pela perda de liberdades na sociedade".

Na sua perspetiva, "uma pessoa que fica mais pobre fica menos livre e a democracia portuguesa está a ser muito atingida por este processo".

Defende que "o caminho é o "de recomposição de outra utilização e outra distribuição da riqueza".

Vítor Gaspar:

Para compor o ramalhete, recorda-se que, lá para o topo da pirâmide do Poder, Vítor Gaspar, à falta de qualquer hipótese de solução que tivesse formulado para desenvolver a economia e a felicidade dos portuguese, referiu a sua fé em que a história garante que a crise passa !!!.

Tal tipo de fé não se trata de medida apontada por nenhum economista célebre e, para quem gosta de História, é sabido que as crises foram sempre resolvidas pela força do cano das armas, com sacrifícios de vidas e de património e criação de deficientes que passaram a viver à custa do erário.

E, por falar em fé, a sua colega da Agricultura declarou em Janeiro a sua fé em que Fevereiro trouxesse chuva. No entanto a seca que vem desde Novembro, ainda não terminou.

Parece que ninguém sabe para onde estamos a ser levados embora, frequentemente, ouçamos governantes a «garantir» que…

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