quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Confusão na Segurança Interna

No dia 18, às 14h33, veio a público que a comissão de revisão do Conceito Estratégico de Segurança e Defesa Nacional apresentou uma proposta segundo a qual as tarefas da Segurança seriam assim distribuídas: GNR no combate aos crimes violentos e PSP no policiamento de proximidade.

No mesmo dia, às 19h37, surgiu a notícia de que o novo conceito de segurança e defesa nacional leva direcção da PSP a ponderar demissão o que não passava de uma atitude digna de quem não queria ser o coveiro da Instituição a que tinha dedicado muito de si.

No dia 20, às 3h10, aparece a notícia de que o Ministro Miguel Macedo desconhecia proposta de restruturação das polícias

Perante as palavras atribuídas ao ministro, isto cheira a surrealismo e mais parece que a primeira notícia apenas se destinava a servir de balão de ensaio para testar a forma como a reforma proposta seria aceite pelas Forças de Segurança. É que não é curial que uma comissão paga com o dinheiro público e constituída por 25 nomes, entre os quais Adriano Moreira, Severiano Teixeira, Jaime Gama e Ângelo Correia, tivesse a leviandade de colocar o ministro em curto-circuito e enviado para a Comunicação Social a proposta antes de esta ser vista, estudada e despachada pelo ministro.

Penso que não pode concluir-se haver suspeitas de falta de adequado esclarecimento, lealdade e honestidade ou de falta de sentido das responsabilidades e sentido de Estado da parte da Comissão, dados os nomes sonantes que contém.

Algo de muito confuso se passa neste assunto para originar esta «bagunça». Será que a missão dada a tal comissão foi devidamente enunciada, definindo o que, como, quando e para quê?

Imagem de arquivo

5 comentários:

Mariazita disse...

Querido amigo João
Ao contrário do que tenho feito todos os anos, desta vez não fiz e não entreguei aos visitantes do meu blog a habitual mensagem de Natal. (O motivo nem vale a pena referir...) Limitei-me a agradecer e retribuir a quem me visitou.
A excepção que abro para este blog não se dirige ao blogueiro, apenas, mas também, e em especial, ao amigo.

Tenho passado por cá de vez em quando (mesmo antes do seu último email, ao qual, mea culpa, ainda não respondi).
Como sabe, gosto de o ler - já desde os tempos das "cartas aos jornais" (que tenho guardadas), já lá vão uns bons anos- 6 ou 7...
Para comentar é que raramente tenho alguma ideia, e, ultimamente, é só mesmo muito raramente.
Mas, enfim, tudo há-de melhorar, assim espero.

Não vou tecer comentários a este seu post, mas não resisto a dizer:
Mas que grande bagunça! (não sei se é, mas aparenta ser...)

Desejo, a si e a todos os seus, um Natal muito feliz, e que o Novo Ano nos seja mais favorável do que o que vai terminar.
Beijinhos com amizade

José Lopes disse...

Todo este governo está uma trapalhada. Aqui está mencionado o caso das polícias, mas ainda hoje tivemos o da TAP, por exemplo...
Cumps

A. João Soares disse...


Querida Amiga Mariazita,

Há muito tempo que não ouvia referências às cartas que escrevi para os jornais, por isso lhe enviei uma colecção em que devem estar quase todas, pelo menos desde que tenho computador. Espero que cheguem em condições de serem lidas.

Agradeço as suas palavras e retribuo os votos de Feliz Natal e de bom Ano Novo, e que este lhe traga e aos seus familiares tudo o que mais desejarem.

Beijos
João

A. João Soares disse...

Caro José Lopes,

Dão-nos a ideia de que são amadores e brincam com coisas serias, tomando decisões e prometendo coisas ainda não pensadas nem estudadas. E com tais leviandades arriscam o património nacional e as vidas dos cidadãos que neles confiaram e seria bom que tivessem razão para voltarem a confiar.

Tenho aqui insistido que eles deviam perder uns minutos a pensar na metodologia de preparar as decisões, de pensar antes de decidir, mas parece que eles estão convencidos de que sabem tudo e não precisam de aprender mais.

Abraço e Feliz Natal
João

A. João Soares disse...

Depois de conversas com pessoas inseridas no sistema da segurança, impõe-se um esclarecimento:

O conteúdo da proposta corresponde a distribuição de missões, de tarefas, doutrinariamente correcta e em uso em muitos países da Europa, entre uma força de natureza militar, a GNR e uma policia civil, a PSP. Há países em que a PSP efectua as suas missões de proximidade sem armas, sendo, em caso de necessidade, imediatamente apoiada por forças mais preparadas para enfrentar situações de violência.
O Problema português surgiu durante os últimos anos, de confusão nas atribuições das duas forças, como se fossem idênticas. O primeiro passo foi a má interpretação de ambas terem estado sob um mesmo comando, o que apenas poderia ser aceitável para garantia de coordenação de actuação de forças complementares, embora diferentes.

Convém, por isso, esclarecer que a razão deste post foi o absurdo de a proposta ter sido referida em público antes de o ministro dela ter tido conhecimento. Se o ministro falou verdade, não pode deixar de mandar averiguar e tomar as medidas adequadas sobre o indivíduo, da comissão ou de algum gabinete do ministério, que agiu de forma incorrecta, colocando-o em posição desagradável. A «confusão» referida é esta e não o conteúdo da proposta.