sábado, 22 de dezembro de 2012

Lições persuasivas são úteis

Por vezes não basta o despertador anunciar a hora de acordar, sendo indispensável algo que desperte totalmente os demasiado dorminhocos e os que estão sob o efeito de pesadelos totalmente irreais.

A notícia deputada dos Verdes recorda a Passos promessas de recuperação em 2012 mostra que não é fácil fazer sair da neurótica obsessão que pretende criar um infundado optimismo, usando argumentos de que não pretende mais recordar-se, por não serem aceites e responde de forma menos formal, correcta, cortês e democrática , mas arrogante e autoritária quando é colocado perante afirmações anteriores.

Por outro lado tal arrogância e preocupação de impor os seus desejos irreais levam a ignorar a força dos números dificilmente contraditada que conduz à notícia de que receita fiscal acentua queda em Novembro.

Perante isto e as vozes de que eles precisam de uma boa lição que os faça «cair na real», recordei-me de um caso ocorrido há pouco mais e 30 anos, em Évora. Os polícias andavam a ficar desmotivados porque qualquer infractor que fosse levado à presença do juiz era de imediato por este devolvido á liberdade e os agentes policiais, ficavam a ouvir um discurso de que não havia provas credíveis de flagrante delito e que houve abuso de autoridade, etc. Como isto se repetia diariamente e as infracções de roubo, agressões, etc se tornavam mais frequentes, alguém dentro da esquadra pensou em dar uma lição ao juiz, o caso foi apresentado ao chefe, de forma pormenorizada, ele achou viável e deu conhecimento ao comando distrital que acabou por dar o seu assentimento, embora de forma informal.

Foram a casa do juiz, na sua ausência, e trouxeram um saco cheio de bibelôs de estimação.

Quando o juiz chegou a casa, deu pela falta das suas «preciosidades» e telefonou logo ao comandante distrital que lhe respondeu correctamente: Há por aqui muitos larápios, capazes disso e de muito pior, como o meritíssimo bem sabe, pois todos os dias lhe são presentes alguns que acabam por ser postos em liberdade e ficam mais incentivados a continuar com as suas infracções. Esta de irem a casa do meritíssimo é realmente o cúmulo do seu avontade. Iremos procurar com o máximo empenho descobrir e procurar recuperar os seus objectos.

No dia seguinte o Juiz já foi mais severo para os casos que lhe foram presentes. E assim continuou, até que passado alguns dias (duas ou três semanas), a polícia considerou que o juiz aprendeu a lição e o comandante acompanhado por um agente que carregava o saco, dirigiu-se a casa do meritíssimo, para ele ver se algum dos objectos encontrados numa casota dos arredores lhe pertencia. O juiz ficou encantado ao ver que o primeiro objecto era seu, e por ai fora… eram todos seus, e estavam ali todos os que lhe tinham sido furtados. Perguntou quem foi o ladrão como descobriram, etc? A resposta foi : O meritíssimo compreende que não devemos revelar um informador para não deixarmos de poder contar com a sua prestimosa colaboração.

Isto mostra que uma boa lição, persuasiva é eficaz para trazer à realidade muitas pessoas que vivem de sonhos, distantes da realidade.

Imagem de arquivo

4 comentários:

Táxi Pluvioso disse...

Já dizia José Sócrates que um primeiro-ministro é um profissional do otimismo, e também tem que mentir um pouco para que o povo se vá habituando, por exemplo: dizem que o corte estrutural nas despesas do Estado, pensões e salários, será de 4 mil milhões, ora, qualquer pessoa que tenha uma calculadora, ou saiba soma e subtrair, chegará à conclusão que esse corte será de 10 mil milhões, mas para não nos parecermos com a Grécia, com a Irlanda, com o Chipre, com a Roménia, etc. aponta-se para um valor mais pequeno e mais lá para a frente diz-se que serão cortados outros 4 mil milhões, que patati patata, e depois mais outro tanto, que patati patata, isto chama-se bem governar, o povo tem que ser iludido.

Venho desejar um BOM NATAL

A. João Soares disse...

Caro Taxi Pluvioso,

A sua ironia tolerante encerra muita sabedoria sedimentada ao longo das experiências da vida.
Mas o que é tristemente irónico é a democracia criada na velha Grécia ter sido transformada de tal forma que ao elegermos aqueles que era esperado serem os nossos representantes e defensores, estamos a escolher os nossos carrascos que nos levam ao cadafalso com loas de enganos e ilusões para termos uma morte suave. Aplicam suave e progressivamente as técnicas da eutanásia. Pelo andar da carruagem esta passará a ser aplicada compulsivamente a todos os não produtivos, por idade ou por doença que fique «demasiado» pesada ao SNS.

Isto não é fantasia, pois repare-se nesta notícia Hospital nega “exame caro” e também a preocupação de as Finanças quererem saber, através da declaração do IRS, quais os filhos que são mais custosos em aspectos de saúde e de ensino, quem sabe se para essa informação vir a ser utilizada para uma selecção futura dos que devem ser eliminados por menos produtivos?

Caro Amigo, apesar das promessas optimistas, estamos a entrar numa época terrivelmente difícil.

Abraço de Boas Festas
João

Táxi Pluvioso disse...

Tem graça que cite essa notícia, pois eu já estive para escrever ao Cavaco (para que ele informe o Governo, eu vou logo ao maioral, embora a última vez que lhe escrevi, ele mandou-me para uma comissão da bófia), como dizia, escrever ao Cavaco para que se suspenda a assistência médica à população consoante a idade. Primeiro, deixa-se morrer os com mais de 90, depois 80, 70, 60, 50, etc. até o Estado português ter adequado as suas despesas às receitas existentes. Isto tinha duas grandes vantagens: resolvia o défice na Saúde e reduzia a despesa das pensões (que é o grande bico de obra e que vai levar uma grande talhada em 2013 quando o Governo achar que é hora de informar a população), ou seja equilibrava o Estado social.

Redobro os meus votos de BOM NATAL

A. João Soares disse...

Caro Taxi Pluvioso,

Pode ser que a tendência esboçada mude de rumo. porque se for mantida e continuarmos a ser governados por neuróticos obsessivos fixados em números sem pensarem que eles representam problemas das pessoas e estas é que devem merecer a máxima ponderação, acabaremos por ter a «eutanásia por imposição» aplicada a qualquer cidadão activo logo que necessite do primeiro apoio de saúde.
Já há dias escrevi num comentário o seguinte:
... infelizmente, a frieza e a insensibilidade dos governantes prenunciam que tais instituições venham a ser criadas não para ajudarem a viver os últimos anos de vida mas para reduzirem estes ao mínimo, por se tratar de pessoas não produtivas e que são um peso social.

Espero que isso não venha a ser decretado nos próximos 20 ou 30 anos e que quando for comece, não por critérios de idade como sugere, mas com critério de peso para o Estado, isto é, primeiro vão os que têm reformas douradas acumuladas e só no fim chegam aos que menos recebem do Estado ao fim de cada mês. Nestes valores inclui-se o custo das mordomias de muitos reformados.

Boas Festas e Abraço
João