quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Situação imprópria para cardíacos

Transcreve-se artigo com retrato da situação trágica em que Portugal vem sendo enterrado, devido a governações erradas:

Distribuição corta mais de 12 500 empregos desde a chegada da troika
Ionline. Por Sandra Almeida Simões, publicado em 20 Dez 2012 - 03:10

Sector encerrou 24 lojas até Setembro deste ano. Volume de vendas caiu 97 milhões no terceiro trimestre.

O sector da distribuição está a ser fortemente afectado pela crise económica. A perda de poder de compra das famílias reflecte-se em quebra nas vendas, encerramento de lojas e cortes nos postos de trabalho.

Este ano o sector está a dispensar em média 16 colaboradores por dia. No total, a Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) estima uma destruição de 6 mil empregos. A confirmar-se esta previsão, o sector perderá 12 600 postos de trabalho em dois anos, já que em 2011 os operadores dispensaram 6593 colaboradores. A perda de emprego na distribuição nestes dois anos em que Portugal está sob o programa de assistência económica e financeira internacional inverteu a tendência dos últimos anos, em que o sector assumia um papel importante na criação de emprego. De acordo com relatórios da APED, entre 2005 e 2010 chegaram a ser criados mais de 38 mil postos de trabalho.

O sector da distribuição moderna encerrou 24 lojas entre Janeiro e Setembro deste ano. Dessas, 18 fecharam portas no segmento não alimentar e seis na área alimentar. Para 2013 prevê-se um agravamento da crise do consumo em Portugal, com uma quebra mais acentuada na perda de rendimento dos portugueses. “Em 2013 teremos mais encerramentos que aberturas”, avançou Ana Isabel Trigo Morais, directora-geral da APED, ontem durante a apresentação do ranking e do barómetro de vendas do sector. Este inevitável encerramento de lojas arrastará ainda mais funcionários para o desemprego. “Vemos com receio o ano de 2013”, desabafa a directora-geral da APED.

De Julho a Setembro deste ano, o volume de vendas fixou-se em 6269 milhões de euros, uma quebra de 1,5% ou 97 milhões face aos mesmos meses do ano passado. Esta redução só não foi maior porque a área alimentar registou um crescimento de 1,1%, enquanto em sentido inverso as vendas no segmento não alimentar caíram 5,8%.

De acordo com os dados da APED, os portugueses estão a cortar sobretudo em artigos de entretenimento e papelaria (-12,2%), vestuário (-8,3%) e bens de equipamento (-4%). Só em vestuário, as associadas da APED venderam menos 44 milhões de euros face ao período homólogo. Nos bens de equipamento, os produtos de marca branca registaram um decréscimo de 12,4%, ao mesmo tempo que a venda de pequenos electrodomésticos caiu 9,8%. Do outro lado do barómetro estão os bens em telecomunicações, em que os portugueses gastaram 55 milhões de euros entre Julho e Setembro, mais 4 milhões de euros que em igual período do ano anterior.

A APED destaca ainda a venda de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), que decresceu 0,9% no terceiro trimestre, para 107 milhões de euros. Para o quarto trimestre deste ano, a associação prevê um recuo de 2% no total de vendas no sector. “As perspectivas para o Natal são de quebra de vendas”, referiu Ana Isabel Trigo Morais.

Para contrariar o cenário de crise a partir de Janeiro, a APED pensa que os operadores vão continuar “a desenvolver uma forte política de promoções e a apostar nos descontos para ajustar as propostas de valor ao bolso das famílias”. O factor mais importante na decisão de compra são as promoções, os descontos, os cupões e os talões.

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