segunda-feira, 30 de setembro de 2013

LEITURA DAS ELEIÇÕES


Passos esteve certo quando disse que há sempre uma leitura nacional a fazer das eleições e parece que a grande lição a tirar é que deviam ter sido tomados em consideração muitos alertas vindos de cidadãos descomprometidos e interessados num futuro melhor para os portugueses. Os resultados das eleições obrigam a reconhecer que:

- A forte derrota do principal partido do Governo, está relacionada com a pouca atenção dada pelos governantes às pessoas que vêm sofrendo há mais de dois anos as agruras de uma austeridade sempre crescente sem lhes ser devidamente explicada a razão da solução tomada em vez de outras possíveis, nem serem mostrados resultados positivos do sacrifício que lhes foi pedido.

- A teimosia obstinada sem esclarecimentos das decisões tonadas aparentemente por capricho, «custe o que custar», as palavras «garanto que…», «asseguro que…», desmentidas pelos factos pouco tempo depois, criaram a péssima sensação que agora foi evidenciada, como expressão do descontentamento e como protesto. Para isso também contribuíram as promessas e previsões fantasiosas rapidamente desmentidas.

- O resultado da ida às urnas reflectiu bem «a desilusão, o desencanto e a falta de confiança dos cidadãos nos partidos políticos tradicionais. E estes não podem deixar de refletir sobre a forma como funcionam e como se relacionam com o mundo real.»

- Também se conclui que os portugueses não são tão obtusos como, por vezes, se pensa e não se deixam arrastar por demagogia, populismo nem palavras bonitas mas sem conteúdo convincente. Os candidatos que usaram técnicas de vendedor de banha de cobra foram «rejeitados pelos eleitores que, por mais descontentes que possam estar, não perderam a noção da realidade.»

- Pode não haver consequências imediatas na estrutura do poder mas, a partir de agora nada será como dantes. Há que evitar a continuação de erros e falsidades, de corrigir a «podridão dos hábitos políticos» (referida por Rui Machete), há tornar mais simples e barata a estrutura do Estado e das autarquias, para reduzir a burocracia ao essencial, combater a corrupção, o tráfico de influências, as negociatas lesivas do bem público, as promiscuidade entre a acumulação de interesse públicos e privados, etc

Parece poder concluir-se que a teimosia do «custe o que custar» de Passos está a custar muito ao PSD depois de ter custado imenso aos portugueses. Estes não estão tão apáticos como se pensava. Mostraram que estão prontos a reagir a abusos do poder. Convém evitar que utilizem formas de reacção mais desaconselhadas. Além de outras fontes foram aproveitados os seguintes textos:

- «Há sempre uma leitura nacional a fazer» das eleições, diz Passos
- A mensagem das eleições 
- A derrota pesada de Passos Coelho

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