quinta-feira, 29 de maio de 2014

POLÍTICA DE ACORDEÃO

Já é tradicional a imposição do aperto do cinto durante a primeira parte do mandato governamental para acumular dinheiro que, na proximidade das eleições seguintes, permita aliviar e criar uma falsa ideia de situação confortável fruto do bom desempenho do governo, que gere melhor votação. Mas esta táctica manhosa, nem sempre, dá resultado porque o povo não dorme e, apesar dela, o Poder tem mudado de partido.

A situação actual torna difícil o cálculo adequado a esse apertar-alargar, pelo facto de haver três actos eleitorais com curtos intervalos. As acções e os efeitos são difíceis de planear e de avaliar, Nas «europeias» as promessas de recuperação económica, que chegou a chamar-se «milagre económico», foram demasiado confusas, e com pouca clareza, muitos avanços e recuos e contradições. Agora, a derrota eleitoral deverá servir de lição para o futuro próximo. Para tais manobras, foi criada com o dinheiro sacado aos contribuintes, uma almofada financeira para fazer face a esse esforço resultante do alargar o cinto e posterior criação da ilusão de ter sido ultrapassada a crise.

Dessa almofada estão a sair medidas ao jeito de publicidade:

1) Na Educação, depois da luta inglória contra os professores com provas de avaliação de desempenho, etc,, são agora prometidas aos docentes algumas melhorias.
2) Nos médicos, depois da guerra contra médicos, enfermeiros e farmacêuticos, surge agora a promessa de contratar mais médicos de família.
3) Na Administração Interna até se dão ao luxo de oferecer novas fardas aos polícias sem lhes ser retirado o subsídio de fardamento
4) Na Defesa, depois da demorada paragem nas promoções, necessárias para o bom funcionamento da estrutura humana das carreiras estabelecidas, foram agora desbloqueadas as promoções,

Mas, atenção às realidades quer materiais quer humanas, pois, principalmente, a posição das pessoas já não parece ser a da apatia e indiferença tradicional. Mesmo a abstenção nas eleições já não é indiferença, mas posição de luta, como já se diz ao querer evitar que os partidos recebam tanto dinheiro consequente dos votos entrados nas urnas.
O povo já não está totalmente adormecido e pode estar a germinar algo de mais visível e talvez mais violento.
A política do acordeão já está a ficar demasiado visível para passar despercebida, e deixa de servir de fumaça ou de lavagem ao cérebro. É urgente analisar a sociedade moderna, actual, e formalizar um sistema mais adequado às características da sociedade de hoje.

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