domingo, 9 de novembro de 2014

GUERRA FRIA E DISSUASÃO EXIGEM ATENÇÃO PERMANENTE


Em Berlim, por ocasião da comemoração dos 25 anos da Queda do Muro que dividia a Alemanha, o ex-líder soviético Mickail Gorbachev explicou que a Rússia e a Ucrânia colocaram o mundo à beira de uma nova Guerra Fria. Este conceito que pesou sobre a Europa e no Mundo, durante quase meio século, consistia numa paz frágil, situada no fio da navalha em equilíbrio precário, com receio de uma eclosão a qualquer momento por uma simples deficiente interpretação de qualquer sinal duvidoso quanto a possível ameaça.

Agora tal receio, exigindo permanente observação do mínimo sinal, agravou-se com o frequente sobrevoo por bombardeiros russos dos mares que circundam a Europa. Os aviões portuguese tiveram que intervir por duas vezes, devido à passagem não identificada de esquadras russas sobre as águas de responsabilidade das nossas forças. O mesmo se passou, com os meios navais em relação à presença de um navio hidrográfico russo .

Este jogo de exibir e ostentar força exige extremo cuidado, havendo que evitar erros de apreciação. É sabido que toda a guerra é precedida por um jogo de exibicionismo de força, com intenção de dissuadir o adversário e exigir cedências, numa negociação de alto risco. Mas nesse jogo de bluff há o perigo de uma deficiente interpretação. Por exemplo, foi esse perigo que originou a guerra do Iraque iniciada em 20 de Março de 2003. Saddam estava a ser pressionado para abandonar o Poder e, perante a presença de grande volume de foras dos três aramos concentradas na embocadura do Golfo Pérsico, estava a levar a sério as manobras dos EUA, e tinha em preparação a sua retirada para um de dois palácios que lhe foram oferecidos na Líbia e na Arábia Saudita mas, a dada altura, embora o espaço aéreo estivesse fechado, chegou um avião francês com representantes de empresas petrolíferas para renovarem os seus contractos de exploração. Perante este à vontade francês, Saddam, foi levado a pensar que as manobras americanas eram apenas bluff e não estavam realmente decididas a intervir. Por isso, não cumpriu a imposição que lhe fora feita, e que teria de ser efectuada em prazo fixo. O resultado foi, no fim desse prazo, ser iniciada a invasão. Portanto, o bluff que precede uma guerra não deve ser menosprezado. É preciso ter muito cuidado. Estes voos e outros exercícios são testes que devem ser levados a sério por ambos os lados.

E perante tal ostentação de força pelos russos, a NATO pretende responder de forma convincente, como se viu pel estilo das intercepções dos meios aéreos e navais atrás referidos. E, além disso, e atendendo a sugestões dos países da Europa de Leste, vai ser realizado em 2015 um exercício da Nato, Trident Juncture 2015, em grande escala, perto da Fronteira Leste, classificado como “operação de músculo”, na simbologia militar, e que é destinado a exercer um grande efeito dissuasor perante potenciais inimigos. Isto representa uma mensagem clara da NATO, em tempos de crise. No entanto, este jogo musculado exige precauções das duas partes, tornando claro que não se pretende mais do que manter a convivência pacífica e evitando situações duvidosas que possam conduzir a erros não desejados.

Não esqueçamos que a guerra fria posterior à II Guerra mundial teve momentos de grande tensão, mas foi conseguida a paz possível.

Imagem de arquivo

1 comentário:

Zé Povinho disse...

Com a Eurpa ocidental a conquistar países outrora da órbita soviética, a Rússia responde com as armas que sempre utilizou, onde sobressai o medo da guerra. Os bombardeiros eram antigos, o navio hidrográfico inofensivo, mas foram um sinal de quem não gosta de perder a influência que já teve. A Europa deve tentar ter políticas inclusivas relativamente à Rússia, o que não é nada fácil, mas deve ser explorado.
Abraço do Zé