quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

A GUERRA ESTARÁ IMINENTE!

A guerra estará iminente?
(Publicada no Semanário O DIABO em 26 de Dezembro de 2018)

Li, há dias. O artigo “Fukuyama enganou-se redondamente”, do Major-General Carlos Branco, no ‘Jornal Económico’. Gostei da análise elaborada, mas acho que o título é demasiado duro para o filósofo que deixou à Humanidade uma possibilidade desejável, uma sugestão e uma proposta às grandes potências, para orientarem todos os seus projectos e planos no sentido da Paz e da Harmonia universal.

Mas, infelizmente, os destinos dos Estados não estão em mãos de competentes e com boa formação ética, e nada as levou à rejeição dos maus instintos primários da vaidade e da ambição de poder financeiro e de imagem social de ostentação e arrogância sobre os mais fracos.

O maior obstáculo surgiu logo após a II Guerra Mundial quando, com a aparência de uma estranha interpretação de democracia, foi criada a ONU, com um Conselho de Segurança em que, entre 193 parceiros, foi dado poder ditatorial a 5 (cinco), que se consideraram vencedores da II GM, a quem é permitida a arrogância de serem membros permanentes do CS, com direito a veto. Isto significa que nada poderá ser decidido para bem da paz mundial sem a concordância destes cinco imperadores.

Uma decisão tomada sem que a maioria dos restantes membros se tivesse oposto, foi a imposição da “desnuclearização” a todos os Estados, excepto aos cinco. Não se pode pôr em dúvida o enorme perigo do emprego de armas nucleares, principalmente após as modernizações e aumentos de potência que têm recebido. Mas, como qualquer lei, esta decisão devia ter sido geral e obrigatória, devendo os cinco dar o exemplo, destruindo as que tinham, de forma bem testemunhada por grupos de cientistas nomeados pelo conjunto dos restantes estados membros da ONU, com liberdade ilimitada para observação de todos os possíveis esconderijos e com a máxima segurança, para dar credibilidade ao assunto. Mas os cinco não caem nessa e, daí, a conclusão do artigo atrás referido de que a próxima guerra mundial pode ocorrer dentro em pouco, dada a agressividade já em curso entre os poderosos, quer com ofensas verbais quer com ostentação de poderio militar.

Perante esta aberração, em ambiente que pretende ser democrático, a Coreia do Norte quis evidenciar tal erro e mostrou ter direito a ter uma arma nuclear. Por esta denúncia da anormalidade atrás referida, feita por este pequeno país sem grande poder financeiro, bem merecia o Prémio Nobel, não pelo fabrico da bomba mas pela atitude de evidenciar a caricata decisão do Conselho de Segurança com discriminação entre os cinco e os restantes, Se a arma é perigosa nas mãos dos outros, não o é menos na mão de cada um dos cinco.

Não esqueçamos as ameaças à Coreia do Norte, com exercícios militares de grande poderio nos mares seus vizinhos. Não devemos esquecer: a “bomba mãe de todas as bombas”, recentemente explodida pelos EUA no Afeganistão, sem depois serem referidos quaisquer efeitos benéficos de tal arrogância; a Guerra contra o Iraque e a Líbia, com efeitos altamente nocivos para ambos estes Estado que ainda não recuperaram; os bombardeamentos à Síria com apoio da Grã-Bretanha e da França a pretexto de pretenso uso de gases tóxicos; as saídas ostensivas da América dos acordos de Paris, do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA), do acordo comercial com a China, do acordo nuclear com o Irão, etc. E, pelo outro lado, não esqueçamos o recente agravamento entre a Rússia e a Ucrânia, e a criação de uma completa base aérea russa na Venezuela, na proximidade dos EUA. Qualquer guerra pode eclodir devido a qualquer erro de interpretação e pequeno incidente.

As convulsões sociais que estão a ocorrer no Ocidente, consequentes da “ideologia de género” e completa e artificial igualdade de todas as pessoas, podem complicar todas as análises e vir em apoio da conclusão retirada no referido artigo. ■

António João Soares
11 de Dezembro de 2018

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terça-feira, 18 de dezembro de 2018

INCÊNDIOS E O OBSERVATÓRIO

Incêndios e o observatório
(Publicada no Semanário O DIABO em 18 de Dezembro de 2018)

Achei merecedora de reflecção a notícia de que foi «aprovada lei para remunerar Observatório independente dos incêndios» e na qual consta que o observatório é composto de 10 membros, sendo 60% da escolha do Presidente da AR e que vão ser “equiparados a dirigente superior de 1º grau para efeitos remuneratórios”.

Parece que se está a abusar da quantidade destes apoios ao Governo e há dias passou-me pela vista uma lista de tal género de entidades, com nomes variados, talvez para camuflar a quantidade, além de «observatórios», «comissões», «autoridades», «agências», «polícias», «entidades reguladoras», «instituições», etc. Com tantas entidades a fornecer informação, sugestões e propostas ao Governo para serem adoptadas medidas tendentes a melhorar dificuldades existentes ou situações de perigo eminente, é estranho que o Primeiro Ministro tenha dito que nada sabia da situação de perigo existente na estrada de Borba devido às pedreiras, o mesmo tendo declarado antes em relação ao roubo de Tancos e aos fogos de Pedrógão Grande e suas consequências e medidas de apoio à população.

Na lista atrás referida, havia casos de, para um mesmo fenómeno, existirem vários observatórios, alguns sem condições de apoio de secretariado para poderem fazer algo com interesse. Parece serem soluções apenas para garantir salário mensal aos protegidos sem capacidade de trabalho. Este caso faz recordar, pela antítese, aquele que deu lugar à criação da ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica) durante 2005 para entrar em funções no início de 2006, e que resultava da conveniência de eliminar a sobreposição de vários serviços que perderam utilidade por darem aso a que cada um recusasse aceitar trabalho de cidadãos que se lhe dirigiam, aconselhando-os a dirigir-se a um dos outros. E eram muitos: Inspecção-Geral das Acitividades Económicas, Direcção-Geral de Fiscalização e Controlo da Qualidade Alimentar, Agência Portuguesa de Segurança Alimentar, etc. E se, antes, os problemas se iam agravando sem solução, a ASAE, tem feito apreensões de «toneladas de uvas transportadas sem documento de acompanhamento obrigatório», e vários produtos alimentares em más condições higiénicas, equipamentos de conservação, artigos de vestuário contrafeitos, etc. A sua actividade mantém-se regular e rigorosa desde transporte irregular de vinhos ou produtos vitivinícolas, ao incumprimento dos requisitos de higiene no transporte de produtos alimentares, a ausência ou irregularidades nas rotulagens de produtos alimentares, a falta de controlo metrológico obrigatório, a falta de número de controlo veterinário, a falta de requisitos no transporte de pescado, a temperatura não regulamentar e a falta de comunicação intracomunitária”. Vale mais um válido do que muitos incapazes.

Para proceder à prevenção de incêndios e proporcionar rápido e eficaz combate antes de os que possam surgir se tornarem difíceis de extinguir, o meu amigo Dr. José Rebelo apresentou na tese de mestrado um trabalho muito interessante sobre a forma de os bombeiros saberem do incêndio no primeiro momento e iniciarem logo a deslocação e o combate. Agora, encontra-se a realizar o doutoramento na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa cujo tema é: Instrumentos de Gestão de Risco de Incêndio Florestal. Em Janeiro, irá iniciar um estágio (6 a 12 Meses) no Instituto de Meio Ambiente e Segurança Humana das Nações Unidas (UNUEHS) em Bonn (Alemanha).

A colaboração dada à Protecção Civil por uma competência como esta é menos pesada no orçamento e mais eficaz do que uma dezena de ex-jotinhas à procura de salário à custa dos contribuintes. ■

António João Soares
11 de Dezembro de 2018

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terça-feira, 11 de dezembro de 2018

REDUZIR OS ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Reduzir os acidentes rodoviários
(Publicada no Semanário O DIABO em 11 de Dezembro de 2018)

É raro o dia em que não aparecem notícias de acidentes rodoviários, com mortos e feridos. É grave. Como será possível reduzir esse perigo tão trágico para muitas famílias. A GNR está cumprindo a sua missão. Mas não pode eliminar o perigo que a realidade nos evidencia. Há que esclarecer a população para usar de sensatez e precaução a fim de evitar tais tragédias. A GNR pode controlar o excesso de velocidade ou o grau de alcoolémia, mas isso não é tudo.

O excesso de velocidade, só por si, pode não causar acidente, quando se aproveita uma recta, sem risco de colisão nem de despiste, etc. mas, em caso de acidente, agrava extraordinariamente os efeitos pessoais e materiais. A sensatez e a precaução permanente é indispensável, uma quebra de atenção à condução, ao movimento da circulação, às curvas, etc, pode ser fatal para o condutor, para os que com ele viajam e para outras viaturas que circulam na estrada.

A mais pequena distração, com programas de rádio, com o telemóvel, com a conversa dos companheiros, ou com o que se vê nas margens da rodovia, pode causar acidente.

Há que «educar» as pessoas que conduzem e que as acompanham. Os esclarecimentos devem começar em casa com as crianças, continuar nas escolas primárias, nos diversos graus de ensino, nos conselhos difundidos pelas Forças de Segurança, pelas seguradoras, pelos órgãos de Comunicação Social, e pelas instituições que contactam pessoas, como religiões, clubes desportivos, organismos culturais, etc.

E os cuidados preventivos não se resumem ao condutor como operador da máquina, mas também como responsável pelo estado de manutenção dela. Ao mínimo sintoma de que algo não está nas melhores condições de funcionamento, deve procurar recuperar o bom estado de manutenção e de funcionamento. Por vezes um simples aperto ou ajustamento pode evitar uma imobilização em plena via ou uma falha de travões que origine acidente ou desobediência no comando da direcção ou da caixa de velocidades, etc. Um bom conhecimento da máquina permite decidir se uma reparação é urgente ou pode ser adiada até ao fim da viagem.

Trata-se de um problema social, humano e, por isso, cada pessoa deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para reduzir este perigo que ameaça a nós todos e aos nossos familiares. Devemos divulgar a necessidade de respeito pelo próprio, pelos seus familiares e amigos e por todos os seres vivos. Quando esse respeito estiver generalizado, deixará de haver acidentes e ameaças a pessoas, a animais e ao ambiente e a vida será maravilhosa em harmonia e em segurança. Não nos cansemos de agir para bem da humanidade.

E o Governo, tal como tem tentado fazer para reduzir os fogos florestais, deve usar todas as suas disponibilidades e as das autarquias para esclarecer as pessoas a fim de diminuir a quantidade de vítimas de acidentes rodoviários.

Tal como em outros sectores da vida nacional, tem se sentido a falta de programas na TV nacional a ensinar pormenores de condução e de manutenção das viaturas em bom estado. O conhecimento do funcionamento da mecânica automóvel é indispensável para a sua boa utilização e condução. Aprendi muito nas aulas de física no Liceu, na cadeira de motores dada pelo mestre Faria Leal, nos programas de TV (quando a TV tinha programas úteis) e na prática de muitos anos. Tive que conduzir uma viatura pesada com a embraiagem inoperacional, durante cerca de 15 Km em picada africana e metia as mudanças com alteração da rotação do motor para não danificar a caixa de velocidades.

Trave-se a tragédia nas estradas.

António João Soares
4 de Dezembro de 2018

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terça-feira, 4 de dezembro de 2018

ORGANIZAÇÃO COERENTE E SIMPLES

Organização coerente e simples
(Publicada no Semanário O DIABO em 4 de Dezembro de 2018)

Uma organização, além de outras características, deve ser simples, clara e coerente com o objectivo pretendido e os seus factores. A simplicidade é uma virtude indispensável que deve ser respeitada por qualquer instituição pública ou privada. A complexidade desnecessária é desaconselhada por encarecer os custos de funcionamento, por criar confusão e aumentar a burocracia que dificulta ou impossibilita a inovação e a produtividade, pondo em risco os objectivos desejados. A simplicidade da estrutura organizativa deve repercutir-se na preparação das decisões, as quais deverão seguir uma metodologia semelhante à referida no artigo “Preparar a decisão” n’O DIABO de 27/9/2016 e, por estarmos em democracia, para que os objectivos sejam bem recebidos e alvos de luta para serem bem conseguidos e para que os factores e os condicionamentos da decisão a tomar sejam bem interpretados e nada fique esquecido, há vantagem em que as pessoas e os serviços relacionados com o cumprimento da decisão sejam ouvidos durante a elaboração do estudo a fim de este ser devidamente preparado com análise exaustiva de todas as condicionantes. Quem está dentro do problema tem muito a dizer e a sugerir. Vale mais esse contributo oportuno do que a posterior crítica que fere a competência de quem preparou a decisão ou assumiu a sua autoria.

E, para gerir com eficiência, é preciso uma informação permanente da evolução dos condicionamentos dos diversos sectores da organização. Esse conhecimento da realidade permite tomar decisões adequadas a prevenir percalços, evitar acidentes, e decidir os passos seguintes a fim de obter melhores resultados. No recente acidente na estrada de Borba houve conhecimento dos perigos prováveis mas a imprudência e a falta de sentido de responsabilidade do autarca e do ministério que, quatro anos antes, reconheceu a situação de risco que conduziu à tragédia ocorrida agora.

Ao contrário das atitudes desleixadas e desrespeitadoras dos direitos humanos que deram lugar à tragédia ocorrida recentemente na estrada de Borba, os concelhos de Aveiro e de Oliveira do Bairro tomaram uma decisão exemplar de cortar o trânsito na rua do Ribeirinho, que liga os dois municípios, quando a circulação automóvel foi colocada em perigo, devido a chuvadas que provocaram arrastamento de solos e destruição de parte da «passagem hidráulica» ali existente. Os dois municípios comprometeram-se, em cooperação, à elaboração do projecto, já em fase de conclusão, de intervenção para construção da nova passagem hidráulica, e prevê-se que os trabalhos para execução da obra tenham início ainda durante o mês de Dezembro. Esta decisão concretiza o que atrás foi dito, pois demonstra sentido de responsabilidade e respeito pela segurança das pessoas.

Mas, infelizmente vemos o governo, responsável pelo que acontece no País, a fechar os olhos às realidades que exigem intervenção urgente e, depois, se desculpar por ignorância do que se passa, como nos fogos de Pedrógão Grande, o roubo de Tancos e, agora, a tragédia de Borba.

E quanto à preparação de decisões é significativo o que está a sensibilizar os bombeiros a propósito da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), e da Autoridade Nacional de Protecção Civil que não os convence. Isso insere-se na tendência para criar instituições sem utilidade visível a não ser a de dar salário aos ex-jotinhas, as quais tomam designações variadas como actividades, agências, observatórios, comissões, polícias, entidades reguladoras, etc. São muitas dezenas e, do muito que custam aos contribuintes, não são vistos resultados na melhoria da qualidade de vida das pessoas, nem aumentam a informação do Governo sobre as realidades. ■

António João Soares
27 de Novembro de 2018

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terça-feira, 27 de novembro de 2018

GERIR PARA UM FUTURO MELHOR

Gerir para um futuro melhor
(Publicada no Semanário O DIABO em 27 de Novembro de 2018)

O passado pertence à história e apenas serve, na gestão quotidiana, como experiência, para aproveitarmos o mais positivo e evitar repetir os erros que levaram a maus resultados. Não devemos hesitar e recear planos de longo prazo, perdendo tempo e oportunidades a repisar o lamaçal do pântano. As grandes obras demoram muito tempo desde a ideia inicial até os resultados estarem bem visíveis. Assentam num plano abrangente que parte de um estudo cuidadoso, abarcando todos condicionamentos, de forma a reduzir a necessidade de, durante a execução, serem feitos aditamentos de relevo. Depois, esse plano geral deve ser traduzido em pequenos planos sectoriais destinados aos técnicos responsáveis por cada aspecto particular da obra, para agirem na sua especialidade de forma convergente com o desejado resultado geral da obra. E, para ser realizado adequadamente, devem ser feitas directivas com esboços de maneira a que os obreiros finais de cada pormenor possam agir com segurança e perfeição.

Daqui deduz-se que desde o artista autor da globalidade da obra até ao mais simples operário, existe uma escala de valores humanos diversificada, o qual precisa de possuir uma formação, preparação, fiável para as funções que terá de desempenhar, com competência e sentido de responsabilidade, a fim de cumprir com a máxima eficiência a parte que lhe cabe na construção da obra.

Isto aplica-se à construção de um palácio, ou de uma catedral, de uma moderna urbanização ou de um paquete de cruzeiros e também à gestão de uma grande empresa ou de um Estado.

Do escalonamento das tarefas e das responsabilidades diferenciadas deduz-se que a preparação e formação dos responsáveis pelos diversos graus de técnica não terá de ser igual mas, sim, adequada à sua função. O ensino no regime anterior tinha uma estrutura dentro de tal espírito, com um ensino médio dividido numa parte mais científica e outra mais dedicada à técnica, com escolas industriais, escolas comerciais e escolas agrícolas. Mas, depois, foi decidido, insensatamente, tornar o ensino todo igual, orientado para a parte científica e desprezando a preparação técnica, e sem flexibilidade para satisfazer alunos especiais com vocações para técnicas diversas. Queixam-se agora de muitas desistências dos estudos, de desmotivação, de fracassos, por serem desprezados e não estimulados os gostos e as vocações dos alunos. Nas tardes de 4ª-feira e aos sábados, havia actividades variadas, da escolha dos alunos, em que se descobriam vocações úteis para a vida posterior. E, agora, quanto a actividades económicas, é referido um desemprego vultuoso de jovens com estudos de grau elevado mas que não têm nem preparação nem vocação nem vontade de encarar tarefas necessárias para empresas com algum tecnicismo ou mesmo com características pouco exigentes. E o desenvolvimento da economia nacional, para bem de todos os portugueses, exige ensino e formação adequada a fim de em cada profissão e escalão haver pessoas com preparação adequada e vontade de realizar as tarefas indispensáveis para haver produtividade e o país poder ter competitividade na economia mundial de forma a poder desenvolver a exportação em nível remunerador.

Infelizmente, além de terem sido extintas as escolas secundárias de carácter técnico, acabaram também na TV as palestras apresentadas por bons técnicos como o Engenheiro Sousa Veloso em problemas agrários, José Megre na manutenção técnica de automóveis, Júlio Isidro no aeromodelismo, etc., etc.

E para cúmulo, em vez de o Estado incentivar os jovens desempregados a aceitarem formação e oferta de trabalho de muitas empresas, está a pensar-se na entrada de imigrantes, sem critério de selecção e com apetência para boas condições de vida superiores às de muitos cidadãos. ■

António João Soares
20 de Novembro de 2018

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segunda-feira, 19 de novembro de 2018

PORTUGAL ALGEMADO

Portugal algemado
(Publicada no Semanário O DIABO em 20 de Novembro de 2018)

Portugal precisa de governantes com vistas estratégicas à altura, por exemplo, do Infante D. Henrique, Vasco da Gama ou Duarte Pacheco. Mas, em vez de homens de vistas largas e sentido de planeamento como os que fizeram os descobrimentos e deram novos Mundos ao Mundo, temos pequenos e hesitantes surfistas que não se afastam da praia. E, em vez de engenheiros que vêem para lá do horizonte, como os que planearam as estradas A1 e A2 que ligaram o Minho e Trás os Montes ao Algarve ou que criaram obras públicas essenciais para o País, temos apenas calceteiros e pedreiros que não se afastam muito de casa com medo de avançar.

E essa carência não se nota só no poder actual, pois há dias, o líder do partido mais votado nas últimas legislativas disse, com ar ufano e arrogante, que as suas palavras não são como o iogurte que apenas tem uma validade de trinta dias mas, pouco depois, verificou-se realmente que elas não são comparáveis ao iogurte porque, muitas vezes, nem sequer têm validade de trinta horas, a não ser que queira manter as palavras por simples teimosia, sem lógica e racionalidade.

A necessidade de preparar o futuro com vontade de acertar, usando as melhores metodologias de preparação das decisões, exige rapidez porque não se pode perder tempo que é dinheiro e não é recuperável. E vemos, no dia-a-dia, que o tempo é desperdiçado com miudezas secundárias e laterais, esquecendo os assuntos essenciais que, por incompetência, timidez ou cobardia, servem para enganar o povo, tornando ineficazes serviços que deviam merecer alta prioridade para melhor se preparar a qualidade de vida das pessoas, na educação, no ensino, na saúde, na justiça social, na segurança, etc.

Essa incapacidade é assumida ao tentarem evitar comparações com os momentos mais altos da nossa história, atacando os homens mais válidos do passado, há muito falecidos. E foge-se à análise dos assuntos determinantes com «infantilidades» laterais. Por exemplo, o governo fala do envelhecimento da população, da falta de mão de obra e da natalidade, mas toma medidas conducentes a que esta não melhore, antes se agrave, como a legalização de «casamentos» entre pessoas do mesmo sexo que, sendo contra a natureza, nem devia ter esse nome, e são pessoas que recusam a procriação ou a natalidade e preferem a masturbação mútua. Além disso, está a procurar difundir-se, nas crianças a “idiotologia” do género, com ideias que só podem ser consideradas como destinadas à destruição da cultura ocidental ou, mesmo, da antecipação do apocalipse, ou aniquilação total da humanidade. Até uma ministra, recentemente empossada, teve o arrojo de evidenciar a sua anormalidade e de querer adaptar a cultura nacional ao seu gosto, desprezando o gosto nacional pelas melhores tradições e hábitos que vêm do antecedente. A cultura nacional não é coisa que possa manipular-se ao gosto de qualquer tirano, pois foi criada lentamente, acumulando-se com comportamentos das pessoas, ao longo dos tempos. Ora governar é agir em benefício do povo e não forçá-lo para uma via que ele pode não estar interessado em seguir. Para os grandes projectos de desenvolvimento, deve conhecer-se a vontade do povo e não lhe impor nada que o contrarie, como ditam as regras democráticas. Não deve haver muitas hesitações em fazer mudanças mas, para elas serem aceites, devem ser apropriadas e explicadas por forma a obter o consentimento e a colaboração dos seus destinatários, isto dentro dos mais elementares princípios da democracia de que muito se fala mas que poucos parecem conhecer e estar dispostos a aceitar e pôr em prática.

Com a corrente imposta por falsos sábios que se referem à falta de inteligência do povo e a submissão a ela pelos governantes indecisos, Portugal está a ser aguilhoado arriscando a sua sobrevivência.■

António João Soares
13 de Novembro de 2018

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quarta-feira, 14 de novembro de 2018

«FAKE NEWS», COMO EVITÁ-LAS?

Fake news, como evitá-las
(Publicada no Semanário O DIABO em 13 de Novembro de 2018)

Desculpem, mas faço esforços para não me deixar influenciar por notícias falsas, procurando raciocinar sobre cada “idiotologia” que me chega a fim de tentar descobrir o que é verdadeiro e o que devo recusar. Mas, infelizmente, há muita gente, que era suposto assumir a responsabilidade das suas funções, mas deixa-se arrastar por manobras difíceis de aceitar, como se o “politicamente correcto” estivesse a seu lado.

Na terceira semana de Outubro, três perigosos criminosos fugiram, rocambolescamente, do tribunal onde iam ser ouvidos por terem roubado, usando meios violentos, diversos idosos tendo na sua posse quarenta mil euros em notas de 500€. A polícia conseguiu mostrar dedicação e competência, ao conseguir, em menos de 24 horas, proceder à sua recaptura. Mas nos jornais apareceu uma fotografia dos três detidos fotografados sob a guarda da polícia. É certo que a publicação da imagem não correspondeu aos princípios e regras da polícia e logo apareceu uma quantidade de apologistas da moderna “idiotologia” a denegrir a Polícia e a lamentar a falta de respeito pelos criminosos, procurando esquecer que estes desrespeitaram de forma imoral e selvagem as vítimas dos seus roubos, e foram poucas as pessoas que elogiaram os agentes da autoridade pela forma meritória como os detiveram evitando que mais inocentes fossem vítimas das suas acções condenáveis, pelo menos por algum tempo. Os agentes da segurança interna nacional, das pessoas e do património, mostraram que podemos ter esperança na forma como cumprem a sua missão para podermos viver com mais esperança de estar mais seguros.

Mas estamos numa época em que há “especialistas” na destruição de valores éticos, sociais, culturais, históricos, que se agarram a qualquer pormenor que lhes possa servir para amachucar a imagem de instituições que devem ser respeitadas. Neste caso, a Polícia foi o alvo.

Não surpreende tal animosidade contra a Polícia por parte de tais “especialistas”, mas do ministro da Administração Interna esperava-se que fosse dada prioridade ao elogio à rapidez e competência da actuação dos agentes, embora depois dissesse que não ficou bem terem permitido a fotografia. Mas seguiu a linha dos ideólogos do anarquismo e destruidores do sistema cultural e limitou-se a ameaçar os agentes com processos disciplinares e criminais. Será falsa a notícia que refere esta reacção do ministro? Afinal, quem merece mais respeito, os bandidos ou os agentes da autoridade?

Em fins de Outubro, quando se discutia no Parlamento o OE para 2019, uma deputada procedia cuidadosamente à pintura das unhas, o que foi fotografado e publicado em jornais, como falta de dignidade e de respeito ao local e ao momento. Já foram vistos deputados a dormir, ou entretidos com os seus computadores a verem coisas divertidas. E já foi publicado que deputados registam a presença e saem para a sua vida privada na empresa em que trabalham. Serão notícias falsas?

E as que se referem a deputados que vivem em Lisboa e declaram a residência fiscal num local o mais afastado possível da capital a fim de terem direito a mais alto subsídio de deslocamento? E as que se referem a deputados das ilhas que atestam muitas viagens à terra, sem saírem de Lisboa? Serão notícias falsas?

E a candidata a líder da JotaS com problemas na sua declaração de graduação académica e com muitos milhares de euros recebidos de autarquias do partido por “serviços” nelas prestados? Serão notícias falsas? ■

António João Soares
6 de Novembro de 2018

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segunda-feira, 5 de novembro de 2018

A TECNOLOGIA ESCRAVIZA

A tecnologia escraviza
(Publicada no Semanário O DIABO em 06 de Novembro de 2018)

Os séculos passaram, o conhecimento aprofundou-se, as tecnologias permitem melhorar o nível da civilização, mas a maioria das pessoas está cada vez mais dependente de ideias tóxicas, que alguns pseudo-intelectuais distribuem, sem cerimónia, a todos os que têm acesso à comunicação social e redes electrónicas. E isto não se passa apenas com o povinho menos esclarecido, pois há governantes e doutores a evidenciarem sintomas e indícios de tal toxicidade.

Há dias foi a encenação de Tancos que serviu para expandir o tóxico de que o Exército embarcou numa manobra de apagamento da sua imagem de dignidade que parecia bem consolidada. Depois, veio a aversão à PSP que tem sido duramente vilipendiada devido a uma fotografia de três criminosos fugidos do tribunal em que iam ser ouvidos e que, num prazo curto foram recapturados por agentes daquela força de segurança que tem por missão a defesa de todos os cidadãos. A rapidez da recaptura devia ter sido motivo de elogio da competência e do espírito de missão que evitaram que os criminosos fossem fazer mais atropelos contra a segurança das pessoas, como tinham feito antes. Poucas pessoas se manifestaram com apreço. Houve alguém que lançou uma campanha de acusação à fotografia porque ela era crime contra o direito de privacidade dos criminosos que têm mostrado não respeitar qualquer direito das suas vítimas. E nisso embarcou muita gente de mente atrofiada, vítima da toxicidade difundida pelos fanáticos da ideologia anti-social que pretende demolir todos os valores da Humanidade. Até o Ministro da Administração Interna, em vez de elogiar a rapidez e eficiência dos seus agentes policiais, embarcou na campanha demolidora do respeito que eles devem merecer da Nação, reduzindo o seu discurso à fotografia que não devia ter sido vista nos jornais.

Critica-se o PM por ter aceite o pedido de demissão de um ministro de quem se disse que concordou com a encenação dos acontecimentos atribuídos a militares no caso Tancos e, antes, houve quem o aplaudisse por manter o MDN e o CEM dizendo que mereciam a sua confiança, mas logo se iniciaram campanhas demolidoras contra estas entidades, dizendo que a decisão pecou por tardia. Ele acabou por encarar a realidade com coragem, ultrapassando possíveis inconvenientes eleitorais e tomar a decisão lógica, certamente convicto de que “errar é humano” e “vale mais tarde do que nunca” e aceitar os pedidos de demissão e fazer a escolha de substitutos. Teimar na protecção de amigalhaços é positivo mas não deve ser demasiado nem incondicional.

A tecnologia sujeita o ser humano e regras e condições impostas pelo uso da máquina mas, quando usada na comunicação, ela presta-se a violência psíquica de domínio de multidões, com a agravante de estas, subjugadas a forças insistentes e poderosas, se transformarem em cordeiros obedientes que se deixam arrastar para situações dramáticas, como explica a juíza brasileira Andrea Barcelos no vídeo que explica a ideologia do género e a cultura da morte e deixa visualizar os primeiros passos para um apocalipse, mais moderno do que o profetizado na Bíblia.

No Brasil as eleições presidenciais mostraram a força de tal ideologia. Na primeira volta, um candidato mostrou ter muita aceitação por defender a ordem, a segurança, o respeito pela dignidade das pessoas, a legalidade para terminar com a série de abusos que permitiram a uma minoria explorar impiedosamente a maioria. Mas o seu opositor pôs em marcha uma estratégia, não com a ostentação das suas capacidades e intenções, mas com a demolição da imagem do rival, pintando-o como ditador, autoritário, fascista, etc., ocultando que a alternativa seria a continuação dos erros recentes, a instabilidade social, a violência, a insegurança e os atropelos à dignidade das pessoas.

Com a liberdade dada a tais procedimentos o futuro seria muito problemático. ■

António João Soares
06-11-2018

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sábado, 3 de novembro de 2018

GOVERNAR É ZELAR PELAS PESSOAS E PELO TERRITÓRIO

Governar é zelar pelas pessoas e pelo território
(Publicada no Semanário O DIABO em 30 de Outubro de 2018)

Governar consiste num esforço intenso e persistente orientado para melhorar a qualidade de vida da população, como em tempos se dizia, “tudo a bem da Nação”. Para o bom desempenho de tão importante missão, cada decisão deve ser precedida por adequado estudo, seguindo uma metodologia semelhante à que ficou explicada no texto “preparar a decisão” publicado aqui, em 27-9-2016.

Para isso, há que evitar falsos videntes ou profetas evangélicos que estejam mais interessados em demolir tudo o que existe, sem terem uma visão realista, clara do futuro que é pretendido. A teoria de tais “sábios” é arrasar tudo e “depois se verá”. Mas as mudanças não podem ser feitas por impulso, às cegas.

A missão de governar é muitas vezes parecida com a marcha a corta mato em terreno acidentado, em que é essencial evitar precipícios e outros obstáculos, como o que emerge de algumas faculdades em que se procuram professores e educadores, eivados de vícios doutrinários semelhantes aos que já foram relegados pela Rússia, pela China, por Cuba e outros Estados e que estão a dar péssimo resultado na Venezuela e noutros países governados por míopes que não conseguem vislumbrar nem imaginar, com algum pormenor o futuro a que estão a abrir as portas. É certo que o passado não deve ser copiado e tornado presente e futuro, porque “parar é morrer”, mas dele devem aproveitar-se os lados bons e tirar conclusões, mesmo dos erros acontecidos, para se criar uma sociedade nova e saudável, perante os condicionamentos actuais e previsíveis. É imperioso que se procure evitar que a democracia continue a degenerar e a degradar-se com tendências trágicas geradoras de corrupção e pobreza insuportável, aspectos em que Portugal parece estar a aproximar-se do fim da escala de valores ou a caminho de um fim apocalíptico. Para evitar percursos trágicos, devem seguir-se exemplos de alguns nossos parceiros na EU, como República Checa, Eslovénia, Eslováquia, repúblicas bálticas, Croácia, Hungria, Polónia, etc.

Para reduzir a pobreza e aumentar o crescimento, o desemprego deve ser diminuído de forma bem ponderada, começando por mentalizar os jovens com o velho ditado “só manduca quem trabuca”, ensinar o essencial para um trabalho produtivo, através de formação profissional e apoio a vocações reveladas. A produtividade deve ser incentivada e, em conformidade com os lucros da empresa, ser recompensada com proporcional aditamento ao salário. Porque o aumento dos lucros não se deve totalmente aos administradores mas, em grande parte, ao esforço dos trabalhadores mais dedicados e produtivos.

Os governantes devem dar o exemplo da sua dedicação aos melhoramentos da vida nacional, concretamente dos cidadãos, com mais eficientes serviços públicos de saúde, educação, segurança pública, justiça e devem evitar fazer promessas que, se não forem concretizadas, descredibilizam e afastam o respeito e apreço que devem merecer aos cidadãos. Numa conversa relacionada com o Orçamento do Estado, foi referido que há repetição de promessas já feitas em anos anteriores, o que evidencia que não foram cumpridas e retiram credibilidade a quem as fez e a quem tem o desplante de as repetir.

Depois de esboçar este texto soube que, no dia 20, houve uma festa de recriação histórica da batalha do Forte de Alqueidão, em Sobral de Monte Agraço contra os franceses da terceira invasão, como justa homenagem à resistência do povo português e elogio da estratégia militar, por nesse dia de 1809, Lord Wellington ter entregue ao coronel Fletcher um memorando em que explicava a estrutura das linhas de Torres Vedras, como linha avançada para a defesa afastada de Lisboa. Boa lição de planear com vistas largas à distância de espaço e tempo. ■

António João Soares
23 de Outubro de 2018

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sexta-feira, 26 de outubro de 2018

RESPEITAR ANIMAIS MAS PRIORIDADE ÀS PESSOAS

Respeitar os animais mas dar prioridade às pessoas
(Publicada no Semanário O DIABO em 23 de Outubro de 2018)

Amoral, a ética, o civismo, exigem que se respeite os outros da forma que se deseja ser respeitado. O desenvolvimento da sensibilidade ecológica tem sugerido respeito pelos animais e pela Natureza em geral que, de certa forma, se devem integrar no conceito de “outros”.

Porém, topamos, com indesejável frequência, excessos de zelo em relação aos animais ditos irracionais, em oposição com o desleixo na apreciação dos direitos das pessoas. A lei condena violências contra animais, carências de tratamento veterinário e abate, o que é aplaudido pelas pessoas que gostam de animais e os tratam como se fossem pessoas de família. Mas, pelo contrário, há defensores acérrimos da eutanásia que ficaram irados por esta não ter sido autorizada (foi rejeitada no Parlamento em 29-5-2018), e há ausência de apoio concreto a muitas pessoas idosas, crianças ou fragilizadas em diversos aspectos. Há falta de moral e ética e de condenação dissuasora, para evitar a violência doméstica e a quantidade de crimes de homicídio, ultimamente tão frequentes. Há deficiente funcionamento da saúde, da segurança pública, da segurança social, da Justiça, etc.

Em defesa das pessoas devia haver um conjunto de acções que contribuam para reduzir os acidentes rodoviários que tantas mortes e ferimentos têm causado, deixando famílias sufocadas com sofrimento. A GNR, através do controlo de velocidade e de grau de alcoolemia, cumpre uma missão importante, mas não pode eliminar os perigos que a realidade evidencia. É indispensável que se esclareça a população para usar de sensatez e precaução a fim de evitar tais tragédias. A consciência da moral e da ética social é fundamental, para o respeito pela vida do próprio condutor, dos familiares e amigos que o acompanham e dos outros utilizadores da estrada.

O excesso de velocidade, quando usado com consciência e sensatez, só por si, não provoca acidente. Mas quando falha a sensatez e há uma quebra de atenção, mesmo que rápida, à condução, ao movimento na estrada, às curvas, ao estado do piso, pode ser fatal para os ocupantes da viatura ou para outros utentes da estrada. Uma pequena distracção com o programa de rádio, o telemóvel, a conversa dos companheiros, ou com o que se vê para lá da berma, pode ser causador de acidente.

Para garantir mais segurança e menos acidentes, é preciso “educar” as pessoas que conduzem e as que as acompanhem, isto é, toda a população. Isso tem que ser levado a efeito pelas escolas primárias, pelos diversos graus de ensino, por conselhos difundidos pelas Forças de Segurança, pelas seguradoras, por todas as instituições que contactam pessoas, como religiões, clubes desportivos e outros, organismos culturais, comunicação social, etc.

Trata-se de um problema social, humano e, por isso, cada um de nós deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para reduzir esse perigo que ameaça a todos. Ao escrever isto estou a cumprir esse dever e desejo que cada um dos leitores me imite por todos os meios ao seu alcance. O Governo e serviços públicos têm o dever de respeitar os direitos dos seres humanos que vivem na sua dependência, tal como se preocupam com a redução dos fogos florestais, com medidas preventivas adequadas.

E, dentro do tema desta reflexão, a prevenção de incêndios defende também os animais que vivem e se alimentam de produtos da floresta, além das pessoas e dos seus haveres. Para ela ser eficaz, exige iniciativas do Governo das Autarquias, e de empresas locais em divulgação de conselhos aos residentes e de acções adequadas e bem orientadas.

E nestes assuntos de respeito por pessoas e pela Natureza, como em tudo mais, deve ter-se cuidado com os processos de decisão que devem ser sustentados em avaliações económicas, financeiras e de ordenamento do território. ■

António João Soares
16 de Outubro de 2018

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terça-feira, 16 de outubro de 2018

ALERGIA AOS MILITARES

Alergia aos militares
(Publicada no Semanário O DIABO em 16 de Outubro de 2018)

Há notícias públicas de que o Hospital das Forças Armadas sofre degradação das instalações, de várias carências sendo, agora, as mais indesejáveis relacionadas com o sistema de água quente e com o funcionamento da cozinha. O hospital deve obedecer a normas legais, mas não tem condições para tal, estando em incumprimento. Já em Julho de 2016 foi transmitida ao Presidente da República, em visita que ali fez, a necessidade de obras diversas, para o que deviam ser libertas verbas cativas. As diabólicas cativações! Isto vem juntar-se às carências das Forças Armadas quanto a equipamentos militares, desde a espingarda automática a armas pesadas e viaturas de combate.

A ausência de preocupação de órgãos do Governo não admira, ao ver o desprezo tido para com os militares bem visível no desrespeito pela dignidade e alto significado das guardas de honra. Há tempos, o Ministro da Defesa passou revista a uma GH sem gravata, com a camisa desabotoada e, mais recentemente o PM repetiu esse desacato na chegada a Luanda, tendo passado revista a uma Guarda de Honra, sem gravata, camisa desapertada, calças de ganga e mocassins, ao lado de um governante local dignamente apresentado. E estas ‘gaffes’ protocolares foram cometidas perante militares que, como é regulamentar, estavam rigorosamente uniformizados, formados disciplinadamente, fazendo o manejo de arma regulamentar, com postura correcta, compenetrados do momento cerimonioso.

Li, há tempos, que os políticos detestam os militares, tal como uma dona de casa desprovida de beleza evita contratar uma empregada com formosura, a fim de, quando juntas, não se sujeitar a comparações que lhe sejam desfavoráveis.

Essa imagem parece real ao vermos as atitudes reincidentes dos políticos. Conta-se que o CEME, na sequência da polémica acerca de problemas com alunos do Colégio Militar, pensou pedir a demissão do cargo e que repetiu essa disposição, quando da confusão do roubo de material de guerra em Tancos e, mais recentemente, do problema da demissão do comandante do Regimento de Comandos. Mas a sua disponibilidade para aceitar a sua substituição foi rejeitada pelo PM, que gostou de continuar com a sua colaboração por ser um general progressista!

Nisto recordamos uma frase antiga mas adaptada à realidade nacional actual: “se os não puderes vencer, junta-os a ti” E, assim, as Forças Armadas estão a ser progressivamente destituídas do prestígio e da aura de que sempre usufruíram desde o tempo do Condestável Nuno Álvares Pereira, e a transformar-se numa coisa desprezível e incómoda sem independência para a sua organização, disciplina e justiça, com generais promovidos por critérios políticos, em vez de o serem por decisão do Conselho Superior do Ramo, bem como a escolha para funções de responsabilidade, com base na confiança política em vez do critério de valor militar.

E, desta forma, as Forças Armadas, em vez da sua ética patriótica de defender Portugal, acima de tudo, mesmo com sacrifício da própria vida, seguem uma tendência degradante de se sujeitar ao “politicamente correcto”. Com governos eivados de tais preconceitos, Portugal não pode ir longe e não pode esperar eficiência de umas Forças Armadas sem dedicação total da parte do seu pessoal, por ele se sentir desprezado pelos governantes.

E, apesar deste desmazelo e degradação nacional, ouvem-se repetidamente os despropositados slogans do PR “nós somos os melhores do mundo”. Das primeiras vezes em que este apelo à valorização dos portugueses foi pronunciado talvez tenha tido algum efeito mas, agora, dá para rir e esquecer. A fase em que estamos da degradação nacional já não se atenua com palavras, sendo indispensáveis acções bem preparadas e reformas estruturais bem estudadas e aplicadas com rigor. ■

António João Soares
9 de Outubro de 2018

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terça-feira, 9 de outubro de 2018

PRAXE ACADÉMICA

Praxe civilizada
(Publicada no Semanário O DIABO em 9 de Outubro de 2018)

Têm surgido notícias pouco agradáveis da praxe académica em Coimbra e em Évora em que os caloiros são menosprezados, talvez como vingança das praxes sofridas em anos anteriores, pelos seus colegas mais antigos. E assim, com esta mentalidade de retaliação, se mantém a degradação da imagem dos homens e mulheres de amanhã, alguns destinados a cargos em que devem tornar-se merecedores de respeito e admiração da generalidade da população.

Por outro lado, em Coimbra aparece uma ideia de usar a praxe para melhorar a adaptação e inserção dos caloiros. Essa evolução tornará a praxe útil para incentivar os caloiros a um relacionamento saudável e construtivo com os colegas mais experientes, com vista a serem melhores utilizadores das bibliotecas e arquivos, por forma a tornarem-se melhores alunos e posteriores investigadores, cientistas e professores, enriquecedores dos valores culturais nacionais. E, ao mesmo tempo, aprenderem a cultivar a solidariedade para com os outros, porque a felicidade de cada um de nós depende, em grande parte, daquela que ajudarmos a criar nos outros, à nossa volta.

Nas condições tradicionais, a praxe não ajuda ninguém e apenas contribui para que no próximo ano seja ainda mais degradada e geradora de ódios e outros sentimentos rejeitáveis, e para gerar técnicos com deficiente preparação humanista e de convivência.

A propósito da preparação dos jovens oriundos da Universidade, recordo um caso que, há alguns anos, me chocou, quando eu ainda perdia tempo a ver TV. Um programa, com intenções culturais, constava de colocar uma pergunta ao candidato previamente inscrito que ansiava ganhar o prémio anunciado. Neste caso, o candidato era uma jovem que se descreveu como finalista de Direito que desejava fazer o doutoramento e vir a ser catedrática. Com esta definição, à partida, esperava-se que a sua cabeça, bem recheada de sabedoria, lhe garantisse o prémio que desejava. A pergunta era “qual é o rio que passa pela cidade de Leiria, Tejo, Lis ou Ave?”. O conteúdo do seu cérebro teve oportunidade para brilhar, até porque o assunto estava ao alcance de qualquer miúdo com a instrução primária em que se aprendiam os rios de Portugal, os seus afluentes e o seu curso desde a nascente à foz. A candidata hesitou e timidamente optou pelo Tejo. O apresentador do programa tentou ajudar e, entre outras coisas, disse que o Tejo passa por Santarém e Lisboa e, ao ver que ela continuava distante da resposta certa, perguntou se alguma vez tinha ido a Leiria, ao que ela respondeu que tinha passado por lá, provavelmente pela auto-estrada. Depois de outras tentativas de ajuda, ela confirmou a resposta definitiva: Tejo.

Contra esta descuidada preparação da juventude, de onde sairão as pessoas de amanhã de quem o Estado espera as mais correctas acções, úteis e oportunas, para o máximo desenvolvimento económico, social e cultural, pergunta-se quais são as medidas previstas pelo Governo através do Ministério da Educação? Se nada for deito, de forma eficaz, o futuro dos cidadãos fica condenado à mais dramática degradação.

Uma sugestão para valorizar a praxe. O praxador, com base num trabalho que está a fazer ou que deseja vir a fazer, apresenta ao caloiro uma pergunta e exige que a resposta contenha referência das fontes consultadas. Isto pode vir a ser útil ao autor da pergunta, mas é, de certeza útil ao caloiro porque experimenta consultar as fontes adequadas, como enciclopédias, internet, etc. O praxador pode também servir-se de temas culturais diversos exigindo respostas imediatas ou alguma investigação. Deixo aqui esta ideia que seria conveniente para servir de estímulo a outras formas de fazer praxe com utilidade para o arranque da formação académica do caloiro que inicia uma vida nova. ■

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segunda-feira, 1 de outubro de 2018

DESNUCLEARIZAÇÃO E O CS DA ONU

A desnuclearização e o CS da ONU
(Publicada no Semanário O DIABO em 2 de Outubro de 2018)

A Coreia do Norte conseguiu fabricar mísseis balísticos e arma nuclear com capacidade para atingir qualquer ponto dos EUA, o que irritou o presidente Trump que a ameaçou e lhe aplicou sanções económicas ao ponto de o presidente Kim Jong-un se dispor a prometer destruições das suas instalações de fabrico dos referidos armamentos e concordar com um encontro que se realizou em 12 de Junho em Singapura e que terminou com um acordo, em condições vagas e com compromissos que ficaram fora do papel, em que se prevê a desnuclearização da península Coreana, e os dois países se comprometem com a “paz e prosperidade” na região.

Depois desse encontro, ambas as partes fizeram pequenos gestos, mas os seus desejos ainda não estão satisfeitos. A Coreia do Norte já desmantelou algumas instalações e declara-se disponível para desmantelar os equipamentos ainda existentes que podem ser utilizados para produzir arma nuclear mas, em troca, quer obter concessões adequadas da parte de Trump.

O problema reside em a Coreia ter violado a decisão do Conselho de Segurança (CS) da ONU para garantir a desnuclearização. Mas esta decisão é discutível, porque sendo a arma nuclear brutalmente destruidora é lógico que seja eliminada dos arsenais de todos os Estados, mas mesmo de todos. Ora quer Trump, quer Putin não mostraram intenção de dar o bom exemplo. Porquê esta discrepância de uns as poderem ter e outros não? Tudo resulta da estrutura e dos conceitos anti-democráticos do funcionamento do CS.

Com efeito, o Conselho de Segurança das Nações Unidas é um órgão da ONU cujo mandato é zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional. “É o único órgão do sistema internacional capaz de adoptar decisões obrigatórias para todos os membros da ONU, podendo inclusive autorizar intervenção militar para garantir a execução de suas resoluções”. Mas os 15 Estados membros do Conselho não são iguais em deveres e direitos, pois cinco deles são membros permanentes e com poder de veto. Portanto, qualquer decisão tem que ter a aprovação dos cinco poderosos, o que não é democrático. Assim, a decisão da desnuclearização, na prática dela resultante, não é “obrigatória para todos os membros da ONU” pois os cinco membros ignoram-na impunemente.

A Coreia e o Irão estão, actualmente sob pressão dos EUA, por quererem beneficiar da energia nuclear e os EUA, sem autoridade moral para isso, não querem que façam uso dela para o fabrico de armas. Ora se ela a desnuclearização é “obrigatória para todos os membros da ONU”, os “poderosos” devem começar por dar o exemplo, destruindo, de forma visível e testemunhada, todas as armas que possuem e, depois, criarem um sistema de supervisão e de penalização contra qualquer iniciativa de nuclearização.

Com tais abusos dos “donos” do CS, a ONU perde o direito ao respeito das pessoas e dos Estados e as suas decisões deixam de ter o acatamento que deviam merecer. Um Estado não pode dar-se ao luxo arrogante e prepotente de negar a outros aquilo que considera legal para si, a arma nuclear, e que mostra disposição de a utilizar contra quem o contrariar em qualquer dos seus caprichos.

O Mundo pacífico que é desejado pelas pessoas de boa fé exige que se respeitem as liberdades, os direitos de cada Estado, que todos, sem excepção, respeitem as decisões do CS e a sua qualidade de mais alta autoridade internacional, e que seja revisto o seu estatuto anacrónico que lhe retira credibilidade e se presta a abusos. Só com um estatuto lógico e respeitável, a ONU pode “zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional”, evitando conflitos e mediando negociações. ■

António João Soares
25 de Setembro de 2018

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terça-feira, 25 de setembro de 2018

PORTUGAL EM PERIGO!

Portugal em perigo!
(Publicada no Semanário O DIABO em 25 de Setembro de 2018)

O perigo faz parte da vida e é preciso evitá-lo, principalmente, quando nos apercebemos das suas causas possíveis ou já conhecidas de situações ocorridas. Qualquer acção tem vantagens e inconvenientes e há que ter cuidado para evitar estes, tomando medidas preventivas e desenrolando os planos de acção da forma menos arriscada. Isto é: escolher, de entre todas as acções possíveis para atingir o objectivo, aquela que mostrar melhor índice de vantagens/inconvenientes. Mas há perigos imprevistos que não podem ser evitados, e para os quais devemos estar preparados para, no momento, adoptar o comportamento mais adequado para reduzir os danos, como é o caso de inesperadas alterações meteorológicas, ou sismo, ou tufão, ou incêndio, etc. E, em assuntos sociais, há os perigos que se desenvolvem ao longo do tempo e, se não são encarados oportunamente, podem causar danos muito indesejáveis.

Um partido como, em maior escala, uma nação, não tem dono e todos devem ser incentivados a colaborar activamente na conquista de objectivos colectivos, destinados ao bem comum. Para isso, esses objectivos devem ser definidos após análise das estratégias a seguir, e auscultada, mesmo que discretamente, a opinião geral. E, assim as pessoas, tratadas com respeito pelas suas ideias, terão entusiasmo pela causa comum e dispõem-se a colaborar com eficiência no desempenho das tarefas indispensáveis para aquilo que é seu, para o seu objectivo.

Em democracia, os governantes e os líderes de partidos e de outras instituições de interesse público ou colectivo, ao serviço dos cidadãos, devem agir segundo a vontade destes com real espírito de equipa, sem jogos ocultos, e explicando ou dando contas dos seus actos. Desta forma, as pessoas sentem-se felizes e confiantes na preparação do seu futuro colectivo. Porque sentem a sua responsabilidade pelo que acontece. Imagine-se os efeitos desse espírito activo na prevenção de fogos florestais, na redução de acidentes rodoviários ou na segurança das localidades em que vivem. Com tal interpretação do conceito de democracia, deixaria de haver tantos crimes contra os interesses das pessoas, como a corrupção, o desvio do dinheiro público, a violência, etc.

Mas, além dos perigos internos, há um perigo europeu que se está a desenvolver, desde há muito, mas que está a tornar-se mais visível com as actuais migrações. Já num artigo aqui publicado em 5-12-2017, referi o exemplo histórico da queda do Império Romano às mãos dos Godos que tinham entrado trinta anos antes no Império, como refugiados, depois de derrotados pelos Hunos. Mais recentemente, o Kosovo, que era uma província da Sérvia (com 84,5% de cristãos ortodoxos), foi infiltrado por albaneses (Albânia com 61,9% muçulmanos) e a chegada de grandes massas de gente com religião, tradições e costumes antagónicos, trouxe problemas sociais e de integração entre duas culturas diferentes. Os sérvios iam saindo da sua terra, fugindo ao caos que se foi instalando. O Kosovo, em 17 de Fevereiro de 2008, fez a segunda declaração de independência (a primeira, em 1990, fora reconhecida apenas pela Albânia). E, assim, a Albânia muçulmana conseguiu mais um Estado aliado.

A história mostra a repetição de situações que muitos esquecem, mas a queda do Império Romano e a islamização do Kosovo devem ser meditadas para melhor se interpretar o que está a acontecer na Europa. Uma conquista muçulmana não militar. Inicialmente, de supostos refugiados de guerras no Médio Oriente, que evoluiu para uma invasão organizada, premeditada, planeada e promovida pelos Estados super-ricos do Médio Oriente e, agora, de povos africanos, especialmente sub-saharianos, com vista à islamização da Europa.

As confrontações, violações, raptos e outros crimes praticados por imigrantes, têm criado muita insegurança em vários Estados europeus. A Europa está em perigo. ■

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terça-feira, 18 de setembro de 2018

QUEM ESPERA DESESPERA

Esperar até quando?
(Publicada no Semanário O DIABO em 18 de Setembro de 12018)

 Segundo o que se vê, ouve e lê, há inúmeras deficiências em serviços públicos que tornam difícil a vida dos cidadãos vulgares, isto é, não ligados directamente aos detentores do Poder. É certo que se conhecem muitas promessas, algumas com prazos muito prolongados, e, de uma maneira geral, sem garantia que gere optimismo no cidadão contribuinte quanto à sua concretização e previsão de quando se verão resolvidas as deficiências mais preocupantes.

De uma maneira geral, algumas pessoas nem alimentam esperança de viver até verem cumpridas as promessas que, nesta data, vêm todas revestidas do “optimismo” político da desejada obtenção de bom resultado eleitoral.

Há quem se sinta movido a fazer um esforço para confiar que haverá concretização das promessas do PM quanto a serviços de saúde impecáveis, educação esmerada, salário mínimo igual ao europeu, creches espalhadas por todo o país, comboios pontuais e com horários bem cumpridos para benefício dos utentes, o desaparecimento da corrupção, etc. E quanto aos desvios do dinheiro oferecido, voluntariamente um e outro do erário, para reconstrução de casas de primeira ou única habitação, queimadas pelos incêndios do ano passado em Pedrógão grande, parece dependente de investigações tão lentas e adiadas que já parecem ter caído para o poço das imunidades e impunidades dos afilhados do regime.

As circunstâncias, no regime de partidocracia em que vivemos, podem levar pessoas, ocupando cargos de grande responsabilidade de, a cometer erros de difusão de promessas que “garantem” e “asseguram” mas que não são mais do que impulsos, caprichos, intenções, talvez porque a isso são levadas pela ansiedade de transmitir esperança, afecto, apoio espiritual e para colher melhor posição em sondagens ou actos eleitorais. Mas, como referi em artigo publicado em 18 de Outubro de 2016, não deve sair, precocemente, a público uma afirmação que prometa, assegure e garanta uma coisa que ainda não foi devidamente analisada e preparada para decisão, segundo metodologia semelhante à exposta em artigo de 27 de Setembro do mesmo ano. Sem tais cuidados de precaução e bom senso, pode criar-se uma aragem de descrédito que invalida posteriores intenções de informação considerada útil mas em que já ninguém acredita.

Convém evitar erros do timoneiro para a nau não ir dar à Costa, onde poderá encontrar-se com as confusões do Cabrito, as desordens dos leões, a águia a ser minada pela toupeira e a turba imensa, apática devido aos soníferos nela injectados, mas que espera despertar para o restabelecimento da rota desejada e a utilização de potente detergente para higiene social e eliminação de corruptos e outros males. Há quem consiga fazer grandes viagens com calhambeque que sabe conduzir com prudência sem desvios perniciosos, economizando combustível para as subidas que se aproximam e sem se distrair com tentações de sonhos inadequados às realidades, tentações de que gente sensata já se desviou e que causam estragos nos maduros que ainda as adoptam. Há países como a Rússia, a China e Cuba que se afastaram de sonhos que consideraram pesadelos e há países na Europa que já definiram o perigo que preocupa e ameaça a sobrevivência da cultura e civilização do continente. Ainda há bom senso.

Há que saber aproveitá-lo. Há que abrir os olhos para defender a boa rota a fim de não esperamos indefinidamente por um futuro agradável. A espera desespera e pode originar reacção de desespero. ■

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terça-feira, 11 de setembro de 2018

ACÇÕES INDISPENSÁVEIS E INADIÁVEIS

Acções indispensáveis e inadiáveis
(Publicada no Semanário O DIABO em 11 de Setembro de 12018)

Em vez da propaganda onírica que idiotiza o povo e lhe cria, quando despertar para as realidades, vontade de defender os interesses colectivos e agir de forma violenta contra quem o enganou, será conveniente informar lealmente e incitar à convergência em direcção ao desenvolvimento nacional de que todos beneficiem.

A propaganda e a oferta de ilusões irreais, fantasistas, não melhora a situação de idosos e reformados; não aumenta o rendimento médio das famílias, que se tem afastado negativamente da média europeia; não melhora o desenvolvimento económico; não evita que se caia numa crise semelhante às que estão a massacrar as populações venezuelanas ou sul-africanas. Porque será que a economia tem estagnado há vinte anos? Porque será que nos últimos 44 anos não se construiu nada que se pareça com o que aconteceu nos 44 anos anteriores ao 25 de Abril – escolas primárias em quase todas as aldeias, liceus, palácios da Justiça, hospitais, quartéis para as Forças Armadas e para as Forças e Segurança, etc. – e não se criou dívida pública, antes pelo contrário, foi deixada uma reserva volumosa?

Sem análises profundas e sérias dos factores que levaram à estagnação da economia e da sociedade nacional, e sem serem definidos objectivos de crescimento e elaborados os consequentes planos estratégicos para os atingir, de nada vale a propaganda nem as “verdades politicamente correctas”.

Antes pelo contrário, pois, quando o povo despertar da sonolência induzida pelas fantasias com que é sedado e se consciencializar das realidades, acabará por reagir de forma espontânea, descoordenada, o que pode ter resultados dramáticos principalmente contra os que considera culpados do seu mal-estar. Entretanto, os jovens, isto é, a geração melhor preparada, emigrará em massa, o que representará uma grave perda nacional, por tornar mais difícil a recuperação da economia que é indispensável para o desenvolvimento global do País, principalmente nos sectores mais significativos.

A análise cuidadosa e honesta, sem preconceitos, dos erros ocorridos na vida nacional nas décadas mais recentes, com a intenção de não voltarem a acontecer e de deles serem tiradas as melhores lições para os evitar, desenvolvendo estratégias eficientes de desenvolvimento e recuperação, é uma medida sensata para construir um futuro liberto do pântano actual.

Em democracia, as decisões devem se tomadas com o povo e em seu nome, que é mandante dos agentes do poder político que devem considerar-se seus servidores. O povo, sendo informado com verdade, de forma clara, com frontalidade e sem fantasias oníricas, dará a sua colaboração, se lhe forem criadas condições que o levem a compreender e a ter confiança nos seus mandatários.

Destas considerações ressalta a necessidade de definir tarefas indispensáveis e inadiáveis para preparar o futuro imediato e, depois, o prolongar persistentemente com a necessária adaptação aos condicionalismos que forem surgindo, sempre de forma sensata e inteligente.

Devem ser evitadas saídas infelizes como as do PM e do MAI relativamente aos incêndios de Monchique: «será a excepção que confirma a regra do sucesso», o fogo de Monchique não é como «a vela de um bolo de aniversário (que) todos apagamos com um sopro», «(...) Notável (...) Notável (...) Notável (...)» «notável» a actuação da Protecção Civil em Monchique)…

A propaganda deve evitar cedências a pretensos “intelectuais” que vestem a capa de fascistas leninistas estalinistas que se esforçam por seguir uma táctica já posta de lado pela Rússia, a China, Cuba e alguns estados do leste europeu, a qual está a causar sofrimentos dramáticos na Venezuela e na África do Sul.

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terça-feira, 4 de setembro de 2018

PERSPECTIVAS PARA AMANHÃ

Perspectivas para amanhã?
(Publicado no semanário O DIABO em 4 de Setembro de 2018)

Em democracia é curial haver liberdade de opinião e as decisões serem tomadas em nome do povo com o suposto consentimento da maioria, o que por vezes exige referendos mas, no mínimo, consultas informais aos sentimentos e vontade popular, por forma a que a decisão seja apoiada por maioria e corresponda aos desejos de serem o atingidos objectivos que contribuam para o desenvolvimento do país e a melhoria das condições de vida dos eleitores.

Isto concretiza opiniões que dizem que, em democracia, a governação, para tomar decisões, inspira-se nas pessoas e não lhes impõe nada que elas rejeitem. O poder é representante das pessoas e seu mandatário.

No artigo aqui publicado em 27 de Setembro de 2016, ao referir as fases da preparação da decisão dizia, a certa altura, que há necessidade de listar todas as possíveis soluções para o problema a fim de atingir a finalidade ou o objectivo pretendido, tendo o cuidado de incluir mesmo as que pareçam pouco adequadas ou aparentemente absurdas, sem preconceitos. Nesta fase não deve ser preterida nenhuma, por menos adequada que pareça.

A seguir, foca-se a atenção em cada modalidade listada e analisa-se à luz dos factores previamente considerados, para ponderar as respectivas vantagens e inconvenientes com intenção de prever como a acção iria decorrer se essa modalidade fosse a escolhida. Após essa análise faz-se a comparação entre elas, das suas vantagens e inconvenientes, com vista a escolher a melhor. Na escolha há modalidades rejeitadas de início por serem pouco adequadas e dedica-se a máxima atenção às melhores até se decidir pela que tiver uma boa cotação no balanço de vantagens e inconvenientes.

Recordo isto para salientar a conveniência de olhar para um problema por todos os lados e com todas as ópticas, independentemente de interesses particulares ou ideológicos. Portanto, a bronca de “desconvidar” uma oradora para a Web Summit, uma ‘cimeira’ tecnológica e empresarial que este ano se reunirá em Lisboa, parece que não se coaduna com a democracia nem com a metodologia de analisar problemas e procurar resolvê-los correctamente. Essa pessoa daria uma ideia que seria ouvida, sem imposição, e ampliaria a análise de assuntos. A opinião é livre e deve ser respeitada sem ter de ser colocada em prática, nem ser forçada a sua aceitação.

Mas este caso é uma aberração em democracia e tem sido alvo de comentários dizendo que se trata de um pequeno grupo de exóticos intelectuais inspirados em teorias fascistas-comunistas-estalinistas, que já foram rejeitadas pela Rússia, pela China e por Cuba e que, actualmente, estão a causar terrível crise social e económica na Venezuela. E tais comentários alertam para perigo nacional por o Governo não reagir e lhes tolerar tais aventuras arriscadas.

O nosso amanhã, com este afastamento da democracia, corre graves riscos de ficar caoticamente condicionado por aventureiros radicais extremistas que não respeitam os outros.

Curiosamente, a referida oradora que foi “desconvidado”, recebeu, em eleições livres na França, os votos de um terço dos eleitores. O caso de o seu convite ter sido rejeitado pela organização da cimeira internacional não vai deixar bem visto o nosso país na opinião pública europeia.

E assim se perde um evento com oradores diversificados que permitiria troca de ideias e mundividências com interesse para assistentes de qualquer parte do leque político-partidário. O bom senso e o respeito pelos outros, sem a troca aberta de ideias saem muito diminuídos desta gaffe. A troca de ideias, em conformidade com a metodologia para a preparação da decisão, atrás recordada, só traz vantagens para o momento seguinte, o da aplicação prática da decisão, do plano ou do programa a desenvolver.

António João Soares
28 de Agosto de 2018

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terça-feira, 28 de agosto de 2018

O FUTURO É UMA INCÓGNITA

O futuro é uma incógnita
(Publicado no semanário O DIABO em 28 de Agosto de 2018)

Na vida tudo muda e nem a Natureza nem o clima se mantêm imutáveis, mas a democracia surpreende-nos a cada passo. E o que não é agradável é que há grandes males que as mudanças não curam, parece que cada mudança é apenas um gesto enganador para que tudo continue na mesma.

Agora aparece um artista a usar a marca de um industrial de vinhos, Aliança, que, antes de criar o partido, já está a plagiar o programa de outro criado recentemente, Iniciativa Liberal. O seu objectivo parece ser o desejo de liderar um partido, e não ser propriamente melhorar a situação interna e externa do País. Pois, no partido a que pertencia e de que saiu voluntariamente, podia colaborar com o seu amigo Rio que está no topo, por forma a ser escolhida uma estratégia bem definida para avançar num rumo seguro para uma boa gestão dos interesses nacionais e criar uma melhor qualidade de vida para os portugueses, que tão abandonados têm sido.

A criação de mais um partido à direita do PS pode acabar por reforçar a vantagem eleitoral deste. Mesmo admitindo que todos os abstencionistas se convençam a ir às urnas e que a maioria deles vote na área da direita, se com dois partidos já era difícil um deles ter a maioria, quando houver divisão dos votos pelos quatro, dá a cada um uma fatia que pode ser menor do que a do PS. E lá vai continuar o País a viver num clima de soporífera realidade, numa atmosfera de sucesso ficcional, num marcar passo sem as decisões necessárias. Mas, nisso, pode surgir alternativa à actual geringonça em que haja um encosto à direita aproveitando a simpatia de Rio. Esta poderá ser uma consequência do aparecimento de mais um partido na área da social-democracia. E Portugal ganhará muito com isso? Serão dois indecisos a marcar passo mais ou menos juntos.

Será que veremos o pântano referido por Guterres, agora ficar a ser agitado por dois indecisos, em quem alguns portugueses depositaram esperança, a marcar passo sem avançar, e soprando palavras bem sonantes, com esperanças enganadoras, mas sem concretização real? Curiosamente, perante a opinião generalizada de que a pior doença de Portugal é a corrupção epidémica criadora de novos milionários à custa do Estado e da desvirtuação da função pública, não se vê intenções claras de a combater activamente, dando à Justiça legislação que permita aos tribunais julgar rápida e correctamente os casos mais gritantes, todos relacionados com os mais altos cargos do Serviço Público e que passam ao abrigo de imunidade a beneficiar de impunidade. Quem rouba uma carcaça para matar a fome é preso, mas quem se apodera de milhões fica em liberdade, como se vê em nomes bem conhecidos.

Atrás foram alinhavadas hipóteses possíveis, dentro das hipóteses permitidas pelos mistérios do futuro. Mas, com elas, perpassou o desejo de que os nossos eleitos, governantes e de outros altos cargos, se concentrem com alta prioridade, nos essenciais interesses nacionais, para melhorar a imagem de Portugal e a qualidade de vida dos cidadãos.

Os políticos não são apreciados pelos cidadãos mais atentos, não inspiram confiança e não geram esperança em melhor futuro. “Os actuais partidos na AR defendem mais o Estado a meter-se nas nossas vidas do que as nossas vidas a serem facilitadas pelo Estado”. Se a democracia é o poder do povo, as decisões devem partir das vontades e das necessidades dos cidadãos e não da política autoritariamente imposta aos cidadãos.

É desejável que o sistema político-partidário e o sistema eleitoral sejam revistos por forma a que o País entre numa rota de desenvolvimento com uma convergência de vontades obtida por consultas populares, para felicidade de todos e para que extremistas e radicais sejam contidos na proporção e na lógica que lhes é adequada.

António João soares
21 de Agosto de 2018

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terça-feira, 21 de agosto de 2018

APRENDER COM OS ERROS

Aprender com os erros
(Publicado no semanário O DIABO em 21 de Agosto de 2018)

Para viver a vida não é necessário conhecer grandes teorias e filosofias, bastando a simples sensatez de ir aprendendo com os pequenos erros e acidentes do dia-a-dia. Em criança aprendemos a andar, com os ensinamentos obtidos em cada queda. De cada erro devemos retirar lições para evitar a repetição de acidentes. A sensatez, a perspicácia e a persistência na procura de melhores soluções, constituem uma ferramenta essencial para a vida.

O que se tem aprendido com os grandes fogos florestais? Parece que foi aprendida alguma coisa, mas muito pouco. É gritante o caso do «plano de intervenção florestal por aprovar há sete meses» apresentado pela Associação dos Produtores Florestais do Barlavento Algarvio (Aspaflobal), com um projecto estruturante para a Zona de Intervenção Florestal de Perna Negra, em Monchique, onde começou precisamente o incêndio que durou vários dias com a destruição de grande área de floresta e o abandono das residências por muitas centenas de moradores.

Tal demora demonstra grande desleixo, inconsciência e ausência de sentido de responsabilidades de meninos burocratas do Instituto de Conservação da Natureza (ICNF) que não fazem ideia dos perigos que uma demora mesmo que pequena pode causar. Houve enorme falta de respeito pelos direitos da população que espera dos Poderes protecção e prevenção de grandes males. É grave uma organização como o ICNF, um pilar da Protecção Civil, sem ter capacidade de actuar na supervisão das medidas de prevenção e incêndios nas florestas do território nacional.

Antes que incêndio deflagre deve ter sido aplicada uma prevenção que deve ir do ordenamento do território ao tipo de árvores plantadas, passando por outros pormenores como a criação de faixas de descontinuidade ou asseiros (caminhos entre o arvoredo com largura adequada ao efeito desejado) que sirvam de corta-fogo, impedindo o seu alastramento por grandes áreas e facilitando o deslocamento dos meios motorizados de ataque. Principalmente, quando se trata de território de orografia complicada, deve ser evitada a todo o custo a continuidade de vegetação na serra, sendo indispensáveis as faixas de descontinuidade de largura adequada. Após um incêndio em Tavira em 2012, um técnico categorizado concluiu que, dos 120 quilómetros que deviam existir destas faixas de descontinuidade, apenas existiam 30 quilómetros. É um aspecto que deve ser corrigido com eficiência em todo o território nacional.

Quanto ao tipo de árvores, os eucaliptos têm sido alvos de muitas acusações. É certo que esta árvore, originária de climas muito diferentes tem tido bom comportamento quando plantada de forma muito regular pelas empresas de celulose, em condições que evitam incêndios graves. Mas tornou-se uma praga, expandida por forma completamente descontrolada, plantada sem os cuidados que lhe devem se inerentes. Para controlar e reduzir tal praga, é indispensável uma cuidadosa gestão do Estado com supervisão efectiva em todo o espaço rural nacional. A área de eucalipto deve sofrer uma diminuição acentuada e haver substituição por outras espécies como carvalhos, castanheiros, sobreiros, nogueiras, etc.

Quanto à necessidade da limpeza das matas que, pelos vistos, foi muito negligenciada e há pormenores que não podem ser deixados a desmaselos de pessoas sem preparação a fim de não contribuírem para que Portugal seja um deserto dentro de poucos anos, por não haver novas árvores que substituam as actuais quando a idade as derrubar. Sobre isto, já disse o que penso, no artigo «sem ponderação, a limpeza pode destruir o pinhal» publicado no semanário O DIABO em 3 de Abril.

Convém reflectir sobre esta assunto, com profundidade, a fim de se evitarem erros semelhantes aos anteriores.

António João Soares
14 de Agosto de 2018

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terça-feira, 14 de agosto de 2018

COMO VAI O MUNDO?

Como vai o Mundo!
(Publicado no semanário O DIABO em 14 de Agosto de 2018)

Há muito que venho criando a convicção de que a maior parte das palavras proferidas por políticos são para esquecer, pelo menos quando fazem propaganda que pretende iludir os ouvintes com promessas que asseguram, que garantem, que vão ser cumpridas mas que, na realidade, eles esquecem de imediato. Pretendem criar esperança e optimismo que não passa de ilusão. Com isso, esperam melhorar os resultados de sondagens e colher mais votos em eleições posteriores.

Mas agora aparece o conceito de “jogo de loucos” que, a princípio, considerei uma invenção desrespeitosa, mas que aparece demonstrada para ex-Presidentes americanos e com continuidade no presente. Trata-se de ameaças altamente belicosas feitas com divulgação pública, destinadas a amedrontar o rival, por forma a ele se dispor a aceitar negociação em condições que lhe sejam pouco convenientes.

Isso está sendo visível na situação actual entre EUA e Irão, com fanfarronices de ambos os lados. A pequena Coreia do Norte levou o jogo ao ponto de ameaçar com arma nuclear o gigante EUA e Trump prontificou-se a sentar-se à mesa com Kim Jong-un para o levar a desistir de tal acto insensato. Não desistiu de tomar a sua parte no jogo e, poucas horas antes da hora marcada, disse que a reunião não teria lugar. Mas não demorou a parar o jogo e a sentar-se à mesa.

Com o Irão, o jogo deve ser muito ponderado, para evitar que a guerra que foi iniciada no Iraque por um jogo mal jogado gerando uma guerra que ainda fere o Médio Oriente, não vá agora alargar-se ao centro da Ásia ou a todo o mundo. Outra partida deste jogo foi o lançamento da bomba “mãe de todas as bombas” (MOAB), em 12-04-2017 no Afeganistão, com a finalidade de calar o Estado Islâmico, mas que não resultou, pois os ataques e outros atentados terroristas continuaram.

Mas se o jogo de loucos pode gerar um conflito mundial, como Trump referiu a propósito de Montenegro, há o jogo nacional de procurar controlar a afectividade das pessoas através de promessas de projectos desejáveis e ilusórios impossíveis de realizar dadas as carências financeiras do Estado. É o caso, entre outros, da notícia acerca de obras de intervenções na rede ferroviária “Ministério anuncia 58 quilómetros de obra quando na verdade são apenas 16”, apenas 27% do prometido, e mesmo isso pode falhar. Mas há casos em que o prometido tem sido muito superior a 3,6 vezes do realizado. E assim, vemos o Ensino em carência, o Serviço Nacional de Saúde com muitas dificuldades, a Justiça sem condições para parar a epidemia da corrupção generalizada em todos os sectores, as forças de Defesa e de Segurança a perderem credibilidade e sem capacidade de obterem a eficiência que merecem e de que precisam com urgência.

E, perante estes jogos “habilidosos” praticados por políticos, das potências mundiais e dos Estados de qualquer dimensão, seria bom que os que se consideram líderes de regimes democráticos, reflitam serena e profundamente sobre a moralidade dos seus actos, em respeito pelos seus cidadãos, e revejam os valores éticos a que devem obedecer. Só com uma maior honestidade perante os que dependem das suas decisões, o Mundo em que vivemos será mais civilizado.

Mas, infelizmente, no nosso caso, as condições estão a ser melhores para imigrantes do que para quem trabalha seriamente, como se vê nas notícias “Mais de 14 mil enfermeiros pediram para emigrar nos últimos sete anos” e “Mais de 17 mil médicos e enfermeiros emigraram nos últimos oito anos”. “Emergências. Central 112 com menos de metade do número ideal de operadores”.

E o ensino deve ser melhorado por forma a deixar de haver razão para notícias como “gente que trabalha bem: uma espécie em extinção” em que é defendida a afirmação de que “vivemos na era do pacto da mediocridade”.

António João Soares
7 de Agosto de 2018

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terça-feira, 7 de agosto de 2018

ESTRATÉGIAS DIFERENTES

Estratégias diferentes
(Publicado no Semanário O DIABO em 7 de Agosto de 2018)

A Natureza, com as suas diferentes e variadas nuances, oferece beleza. Mas a Humanidade apresenta extremismos e radicalismos preocupantes e chocantes, muitas vezes, em consequência de caprichos, de desrespeito pelos direitos dos outros e de arrogâncias e autoritarismos indesejáveis.

Dois casos merecem a atenção dos poderosos. A China, sendo o maior país da Ásia Oriental e o mais populoso do mundo, com quase um quinto da população da Terra, desde os tempos históricos do «Império do Meio», tem usado de pacifismo e de respeito pelos outros povos. Com a intenção de impedir a invasão dos mongóis, iniciou antes de 221 a.C. a construção de uma forte muralha com 3.000 Km de extensão mas, mesmo assim, não evitou ser invadida pelos mongóis no início do séc. XIII, apenas os expulsando em meados do séc. XIV. Depois disso, sofreu a guerra do ópio e, mais recentemente, a invasão japonesa, durante a II Guerra mundial.

Nos tempos mais recentes, evidenciou de forma bem visível o seu pacifismo, no restabelecimento de relações amigáveis entre as duas Coreias, na desnuclearização da Coreia do Norte, no relacionamento desta com os EUA e no apaziguamento dos atritos no mar meridional.

Há dias, o Presidente chinês, Xi Jinping, fez uma visita de Estado ao Senegal para assinar dez acordos de cooperação e afirmou que o continente africano "promete um futuro radioso" pelo "grande dinamismo" que demonstra. Já antes tinha afirmado que a China está a preparar apoios ao desenvolvimento dos Estados africanos, respeitando as suas culturas e tradições. Pelos vistos, a promessa foi baseada em intenções devidamente ponderadas, como agora ficou claro.

No outro extremo, encontra-se Trump, a querer mostrar que é dono do mundo e, em cujas palavras, se encontra ódio e agressividade. Não respeita os acordos e tratados assinados pelo seu Estado, como o acordo de Paris, as posições do Grupo dos Sete, o acordo com o Irão. Usa modos pouco corteses com os seus dois vizinhos, México e Canadá e até já disse que a União Europeia, a Rússia e a China são inimigos da América.

Ao referir-se ao Montenegro, pequeno Estado europeu com apenas 640.000 habitantes disse que é um país pequeno com pessoas muito agressivas que podem iniciar a Terceira Guerra Mundial! «Diz coisas» que, por vezes, desmente de forma infantil. Quando do encontro com o Presidente da Coreia do Norte, desmentiu o local e a data poucas horas antes de o realizar como inicialmente tinha decidido.

A ameaça de empregar a força militar é quase constante e, por vezes, concretizada, como na explosão da «mãe de todas as bombas» no Afeganistão e o bombardeamento na Síria com um pretexto não comprovado. A «mãe de todas as bombas» lançada no Afeganistão em 13 de Abril era destinada a exterminar o EI, foi considerada muito eficaz pela propaganda americana, mas o seu efeito foi o oposto. Com efeito, 7 dias depois, militantes talibãs mataram 30 soldados afegãos e capturaram uma base militar, um atentado suicida causou 31 mortos e 54 feridos, 8 dias depois duas explosões na capital causaram 25 mortos e 45 feridos. Ainda não se convenceu de que a violência pode gerar mais violência, numa escalada incontrolável.

Não tem prudência, nem diplomacia, para negociar com frontalidade e franqueza qualquer ligeiro conflito. Além do caso de Montenegro, merece ser referido o modo como está a enfrentar o Irão com quem os EUA tinham um acordo sobre a energia nuclear que decidiu romper em desrespeito pelo compromisso aceite pelo seu País, fixou sanções económicas e ameaçou que reagiria com a máxima força a qualquer atitude hostil. Só conhece a força não gosta de diálogo.

António João Soares
31 de Julho de12018

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domingo, 5 de agosto de 2018

CHINA ASPIRA A PRIMEIRA POTÊNCIA...

A China está a aproveitar para comprar países europeus inteiros e, nalguns casos, a preço de saldo. Portugal é um bom exemplo desse tipo de investimento
Transcrição de entrevista de Pedro Baños, espanhol, Coronel, na reserva, especialista em Geopolítica e Terrorismo publicada na VISÃO de 2 de Agosto de 2018

Entre 2001 e 2004, foi chefe de Contrainteligência e Segurança do Eurocorps, em Estrasburgo. Recentemente, durante a formação do Governo de Pedro Sánchez, o nome do espanhol Pedro Baños, 58 anos, chegou a ser dado como certo para diretor da Segurança Nacional. No entanto, a oposição protestou, atribuindo a este militar simpatias pró-Putin. A editora Clube do Autor acaba de lançar, em Portugal, o seu livro Os Donos do Mundo.

Em Espanha, o Partido Popular e o Ciudadanos acusaram-no de simpatias pró-Rússia. A que atribui essa suspeita?

Tenho defendido, e continuo a defender, que a União Europeia (UE) deve fazer o possível por manter muito boas relações com a Rússia. Esta tem tudo o que nos falta, a nós, na UE: recursos, energia e minerais estratégicos. Acho um erro o atual clima de confronto que pode até desembocar, nem que seja por acidente, num conflito armado. Há que evitar isso a todo o custo. Devemos ter relações económicas e comerciais mais fluidas com a Rússia. É importante para a segurança europeia, do ponto de vista não só militar, mas também da prosperidade de que necessitamos.

Entre 2001 e 2004, foi chefe da Contrainteligência e Segurança do Eurocorps. Os problemas de segurança que se punham à Europa eram muito diferentes dos de hoje?

Estamos a viver situações muito complicadas, entre outras razões, porque dá a ideia de que os EUA estão, de certa forma, a abandonar a segurança europeia, que até aqui garantiam. Donald Trump enviou recentemente aos presidentes ou aos primeiros-ministros de vários países da UE uma carta, na qual dizia que terão de aumentar, no caso de Espanha mais do que duplicar, o orçamento da Defesa, se querem que os EUA continuem a defender a sua segurança. É uma mudança de paradigma muito importante.
A Europa devia estar a fazer um esforço para desenvolver a sua própria segurança. No entanto, os países têm perceções muito diferentes das ameaças, o que impede um exército único. Hoje pensa-se em criar uma Europa a duas velocidades em termos de Defesa, um sistema em que um conjunto de países aceite as regras do jogo, dotando-se de Forças Armadas comuns. Só que isso implicará que outro grupo de países fique à margem dessa defesa, o que também mostra a debilidade da UE atual.

Quais seriam as consequências dessa Europa a duas velocidades?

Há um risco evidente, porque incluiria os países mais poderosos, como se vê pelos que assinaram o acordo de princípio, mas deixaria à margem países importantes, que também terão o seu peso na UE. Quando se fala em exércitos, não se pode avaliar só a parte do PIB destinada à Defesa; tem de se ter em conta também a vontade política, as missões. E nisto há uma profunda disparidade dentro da UE.

Escreve, no livro, que a Europa já manda pouco e tenderá a mandar cada vez menos. Isso sente-se em quê?

Estamos a retroceder na capacidade de influenciar o contexto mundial. Em contrapartida, outros países afirmam-se, muito centrados na Ásia, sobretudo a China, mas não devemos esquecer a Índia, com os seus 1 300 milhões de habitantes, muito boa tecnologia, e onde as elites falam inglês, o que permite maior penetração nos mercados internacionais. Estamos numa guerra económica claríssima, em que a Europa perde competitividade. Até há pouco tempo representava 25% do PIB mundial, hoje anda pelos 17% e, por volta de 2030, prevê-se que não seja mais de 7% ou 8%. Se não formos capazes de reinventar a UE, teremos um futuro realmente incerto.

Até que ponto a vinda de refugiados levanta problemas reais de segurança à Europa?

Quando se fala em segurança, há novamente que ter em conta a nossa diversidade. A principal preocupação dos países do Leste ou do Centro da Europa é com a Rússia. Já na faixa mediterrânica, Itália, Malta, Espanha ou Grécia, o problema são os movimentos migratórios em massa descontrolados, até pelo perigo de terrorismo de recorte salafita e jihadista. Esta diversidade faz com que também não sejamos capazes de chegar a acordo quanto a políticas comuns para combater os riscos de segurança. É uma grande debilidade.

O declínio da Idade do Petróleo que consequências geoestratégicas trará?

Na Europa, somos absolutamente dependentes do exterior em energia, seja em gás ou em petróleo. Isto não vai mudar assim. Ainda que amanhã todos os automóveis particulares passassem a ser elétricos, o petróleo continuaria a ter muita importância, pois grande parte do que nos rodeia provém de derivados do petróleo. No Médio Oriente, coexistem vários fatores, mas um importante é obviamente o domínio dos poços de petróleo, porque na Arábia Saudita, no Kuwait ou no Iraque estão os poços mais rentáveis do mundo, tanto pela qualidade do crude como pela facilidade de extração.

Portanto, não influirá muito na evolução do Médio Oriente?

Todos os problemas do Médio Oriente se repercutem no conjunto da UE. O mesmo sucede com o Magrebe, os países do Sahel e, cada vez mais, com a África Ocidental. A intervenção na Líbia, absolutamente errada, trouxe grande desestabilização. Voltando ao Médio Oriente, travam-se ali guerras sobrepostas, como no caso da Síria, onde há uma guerra civil, uma guerra regional e uma guerra de política mundial, a do confronto entre a Rússia e os EUA.

Como perito em contrainteligência, de que forma prevê que evolua o terrorismo jihadista?

Continuará a existir, porque não se eliminaram as suas raízes. Porém, preocupa-me muito mais o fundamentalismo salafita que está a instalar-se na Europa, ao qual se presta menos atenção.

Surpreendeu-o o encontro entre Trump e Kim Jong-un?

Sim. Creio que se insere um pouco na política de Trump que chamo “a estratégia do louco”, para nos manter numa incerteza permanente. De repente, Jong-un passa de ser o mais monstruoso do planeta a quase candidato ao Nobel da Paz, por chegar a acordo com Trump. Falta saber muito do entendimento que terá realmente existido. Provavelmente, um dos fatores por detrás do secretismo será a quantidade de dinheiro que os EUA darão à Coreia do Norte para a contentar e para que abandone, ainda que só parcialmente, o projeto nuclear. Não estou nada otimista, pois creio que se tratou mais de um gesto do que de algo que vá frutificar. O resultado passará pela relação entre os EUA e a China. Esta não pode permitir que a Coreia do Norte passe a ser um país, não digo aliado, mas, ao menos, não inimigo dos EUA.

No livro, diz que a “estratégia do louco” se aplica também a Kim Jong-un.

É verdade. Porém, ele acabou por demonstrar que a arma nuclear funciona. Um país pequeno, e dos mais pobres da Terra, conseguiu sentar-se à mesa de negociações, pelo menos teoricamente, com o país mais poderoso do planeta. Ele bem dizia que os países não se invadem por terem armas de destruição massiva, como alegadamente o Iraque em 2003, mas por não terem. A Coreia do Norte conseguiu um grande êxito, sobretudo em termos de política interna.

Como vê a fase atual das relações entre os EUA e a Rússia?

Desde o desaparecimento da URSS, os EUA tornaram-se o país mais poderoso. A sua Marinha é maior do que todas as outras juntas, designadamente em número de submarinos nucleares. Mas desde 2000, quando Putin chegou ao poder, a Rússia quer recuperar, se não todo, pelo menos parte do peso político que tinha nos tempos da URSS. E os EUA não estão interessados, no mínimo, nessa partilha de poder.

No entanto, diz que Trump e Putin têm muita afinidade ideológica. É possível isso existir entre um magnata e um ex-quadro do KGB?

Tanto um como outro querem instaurar um novo conservadorismo, o regresso aos valores tradicionais que eles achavam corretos e que estariam a perder-se. Putin, que era tenente-coronel do KGB, é muito astuto e dá muita importância à economia, pois sabe que sem isso não é possível ter umas boas Forças Armadas, um bom serviço de Inteligência ou um bom serviço diplomático. E Trump, que vem do mundo dos negócios, quer recuperar a capacidade económica dos EUA, o domínio que estava a perder. Isto não significa que tenham o mesmo entendimento político. No entanto, como decisores têm grande afinidade ideológica.

Como vê a China na sua relação com os EUA e com a Europa?

A China, de forma mais astuta e a longo prazo, quer também dominar o mundo, e igualmente através da economia. Isto não é novo, pois, já em finais dos anos de 1970, Deng Xiaoping reinventara o país deixado por Mao, para poder reforçar a sua capacidade económica.
E a China está a aproveitar para comprar países europeus inteiros e, nalguns casos, a preços de saldo. Portugal é um bom exemplo do investimento chinês, seja no porto de Sines, nos transportes aéreos, na Banca ou na eletricidade estatal, seja através dos Vistos Gold, quase todos adquiridos por chineses.
A penetração da China em setores estratégicos do continente europeu é um dado relevante.

O embaixador norte-americano em Portugal disse recentemente que os EUA estão preocupados, sobretudo por os negócios envolverem empresas estatais chinesas. Assim, tratar-se-ia de uma parceria política e não económica.

É perfeitamente compreensível essa preocupação do embaixador. E poderíamos falar também de África ou da América Latina. Há alguns confrontos, como na Venezuela, a que não é alheia essa disputa política entre EUA e China. Quase toda a dívida externa da Venezuela está nas mãos da China, que não quer um governo que deixe de lhe pagar. Os EUA estão muito preocupados, veem a China cada vez mais como o principal inimigo. Claro que, quando esta se tiver consolidado do ponto de vista económico, o próximo passo será dotar-se de um exército mais poderoso, não só em número de efectivos mas também qualitativamente.

Dedica parte do livro à guerra pelo Espaço. Em que ponto estamos?

O domínio do Espaço é um novo campo de confronto entre as grandes potências. Não só porque, se a população continuar a crescer ao ritmo atual, serão necessários novos destinos para a Humanidade mas também pelos recursos naturais, a energia, os materiais que existem em asteroides e planetas. A China e a Índia também estão nesta corrida. Em janeiro, Trump deu ordens à NASA para tratar do regresso de seres humanos à Lua, seguindo depois dali pelo menos para Marte. E crê-se que se têm instalado armas a laser em alguns satélites.
O Espaço está de novo a ser militarizado.

Quais são as grandes evoluções geoestratégicas previsíveis para os próximos tempos?

Preocupam-me vários temas que são transversais. Os países, sobretudo os pequenos, devem estar atentos às tentativas de controlo económico por parte de grandes grupos investidores, de grupos de capital de risco ou de fundos soberanos de outros países. Senão, estaremos a vender os nossos países a preços muitos baixos, o que terá consequências no futuro.
Outro problema é a degradação do meio ambiente, incluindo as alterações climáticas. Recursos naturais como a água vão adquirir um valor enorme. Grandes multinacionais já estão a investir em água, o que se relaciona com outro desafio estratégico que é a demografia. Nalguns países, o problema será a baixa natalidade, como já acontece na Europa. Ao contrário, em África a população vai duplicar (até 2050). Outra ameaça importante é a disputa que se trava no ciberespaço, na internet e nas redes sociais, com toda a manipulação e todo o controlo dos meios de informação. Lamentavelmente, creio que os políticos não prestam a devida atenção a isto, que será uma grande vulnerabilidade para toda a Europa.

Mas há maneiras de conseguir realmente mais segurança no ciberespaço?

Muito mais. Um ataque importante no ciberespaço pode bloquear um país inteiro. Tudo é controlado pela informática, seja o fornecimento de água e de eletricidade seja o funcionamento dos bancos. Os grandes países têm verdadeiros exércitos neste tipo de tarefas.
Os EUA elevaram o seu comando de ciberguerra, já nem lhe chamam ciberdefesa, ao nível de comando estratégico, tal é a importância disto para a segurança dos cidadãos. Há que prestar toda a atenção a este tipo de risco.
visao@visao.pt

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terça-feira, 31 de julho de 2018

DECISÕES COERENTES COM ESTRATÉGIAS

Decisões coerentes com estratégias
(Publicado no Semanário O DIABO em 31 de Julho de 2018)

As decisões devem ser sempre integradas em estratégias gerais, abrangentes, globais, para não serem marginais e lesivas de prioridades correctas. A coerência deve ser sempre uma preocupação em qualquer decisão e, mesmo que pequena, deve ser bem preparada para não gerar desperdícios de tempo, de energia e de recursos. Há que evitar o desprestígio de anular uma decisão tomada e depois substituída por outra com diferente orientação.

Têm sido criticadas muitas promessas, ornadas de palavras como “garanto”, “asseguro”, mas que depois não são realizadas. Convém não abusar de tais erros. E antes de exteriorizar uma tendência deve-se fazer a listagem das possíveis modalidades de acção, com base na opinião de pessoas sérias, independentes e intimamente ligadas ao assunto.

Há alguns dias, o PM anunciou, num estaleiro do Norte, que nos próximos seis a oito anos irão ser construídos sete novos navios para a Marinha portuguesa, uma promessa que seria agradável para os marinheiros, se viesse a ser concretizada, se os problemas financeiros que o País atravessa não viessem a agravar-se. Será que isto se integra num estudo abrangente do desenvolvimento para Portugal? Será que o grupo que preparou a estratégia em que se insere esta decisão foi formado por pessoas competentes, apartidárias, com experiência que permita confiar na sua noção global dos interesses nacionais?

Ou foi uma promessa fantasiosa para iniciar a propaganda eleitoral das próximas eleições? Tal investimento e a possível estratégia nacional em que se integra, irá preocupar as pessoas dependentes do SNS, ao ponto de se recear a emotividade sentida pelos utentes, pelos médicos e pelos enfermeiros. Também não será muito positiva a reacção de pessoas ligadas ao ensino, para além de professores e de quem estuda as necessidades de reforma do ensino, para formar cidadãos válidos e produtivos na economia das próximas décadas. É que, para estes sectores, a austeridade, o défice e a dívida pública são o argumento usado para justificar as restrições e os apertos do cinto.

Mas os próprios marinheiros devem estar duvidosos de tal presente, até porque foi baptizado o Navio-Patrulha Oceânico Sines, o primeiro de dois em construção nos estaleiros de Viana e que apenas pode dispor de lanchas semi-rígidas temporárias para missões de busca e salvamento e não se prevê o tempo que irá demorar até que ele possa dispor do armamento adequado e do equipamento electrónico indispensável para cumprir as missões verdadeiramente militares para que foi concebido.

Mas além de muitas promessas, eventualmente justificadas por motivos políticos, tem havido muitas decisões tomadas levianamente e que foram engolidas em seco, como por exemplo a que impunha a limpeza de matas à beira das estradas e povoações até dia 1 de Março e que teve de ser alterada para uma data muito posterior. Também o problema da mudança do Infarmed parece ter sido estudado por um grupo de trabalho formado por iniciativa do Governo sem devida apreciação do método e isenção dos seus elementos. Mas estes erros vêm de longe. Quando Sócrates foi pressionado a mudar o aeroporto de Lisboa para a Ota, pediu pareceres confirmativos a amigos, gastando muitas centenas de milhar de euros e, quando o problema veio a público, foi tal a discussão, que em vez da Ota foi decidido mudar para Alcochete. Mas há poderes a que os políticos não conseguem resistir e esse aeroporto passará para Montijo, embora haja outra sugestão mais fácil, já com ligações internacionais e com melhores transportes para Lisboa, em Tires.

António João Soares
24 de Julho de 2018

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